Economia

Em dez anos, preço da energia sobe acima da inflação

Levantamento mostra que, entre 2004 e 2014, o preço da energia chegou a subir até 167,7%


	Conta de luz: os reajustes foram pressionados pela falta de chuvas
 (Marcos Santos/USP Imagens)

Conta de luz: os reajustes foram pressionados pela falta de chuvas (Marcos Santos/USP Imagens)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de outubro de 2014 às 07h59.

São Paulo - O preço da energia subiu acima da inflação para os clientes de quatro em cada cinco distribuidoras brasileiras na última década, aponta estudo do Instituto Brasileiro de Economia e Finanças (Ibecon).

O levantamento mostra que, entre 2004 e 2014, o preço da energia chegou a subir até 167,7%, o equivalente a duas vezes e meia a variação da inflação no período.

A tendência de elevação dos preços se intensificou em 2014, quando os reajustes foram pressionados pela falta de chuvas e consequente acionamento das usinas térmicas.

As tarifas de algumas das principais distribuidoras do País chegaram a subir mais de 30% neste ano, caso da Elektro, com reajuste de 37,8% anunciado em agosto.

Os clientes da distribuidora, que atende 2,4 milhões de unidades consumidoras em 223 municípios no interior dos estados de São Paulo e do Mato Grosso do Sul, tiveram reajuste efetivo de 104,7% desde 2004, segundo o Ibecon.

Neste mesmo intervalo, o preço da CPFL Paulista atingiu variação de 167,7%, a maior do País, equivalente a mais de duas vezes a variação do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M).

O estudo, explica o diretor-presidente do Ibecon, Jenner Ferreira, considera o reajuste efetivo aplicado pelas grandes distribuidoras fora do horário de ponta aos clientes da categoria A-4, composta basicamente por consumidores de alta tensão de médio porte.

A escolha desse grupo, formado por shopping centers, supermercados, indústrias de cerâmica e tintas, entre outros clientes, foi definida em função de ser um perfil de atendidos por todas as distribuidoras analisadas.

Já a escolha do preço fora do horário de ponta, ou seja, excluindo o período de três horas diárias no qual a tarifa é mais cara, é explicada porque é nesse horário em que as empresas de médio porte ficam mais dependentes das distribuidoras.

No horário de ponta, quando o preço é mais alto, muitas dessas empresas recorrem à compra de energia de outras empresas ou à autogeração.

Os dados, considerando 31 distribuidoras que atendem mercados com mais de 1 TWh/ano (um tera-watt-hora por ano), deixam evidente a mudança de cenário nos preços a partir de 2014.

Se até o ano passado 21 das 31 (67,7%) principais distribuidoras do País apresentavam variação de preços abaixo da inflação, situação explicada principalmente pela redução das tarifas promovidas pelo governo federal em 2013, a partir dos reajustes deste ano, a situação se inverteu.

Ao considerar aumentos anunciados até o mês passado, 21 das 26 distribuidoras (80,8%) reajustaram os preços acima da inflação acumulada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:EletricidadeInflaçãoPreços

Mais de Economia

Análise: Inflação preocupa e mercado já espera IPCA de 5% em 2025

Salário mínimo 2025: por que o valor será menor com a mudança de regra

Salário mínimo de R$ 1.518 em 2025 depende de sanção de nova regra e de decreto de Lula

COP29 em Baku: Um mapa do caminho para o financiamento da transição energética global