Economia

Em ano de copa, PIB do país fica na retranca

Se a previsão do Boletim Focus se confirmar, PIB só deve crescer 1,16% no ano da Copa


	O otimismo que poderia ter sido gerado pelo Mundial foi ofuscado por ruídos internos
 (Paulo Whitaker/Reuters)

O otimismo que poderia ter sido gerado pelo Mundial foi ofuscado por ruídos internos (Paulo Whitaker/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 28 de junho de 2014 às 09h50.

Rio - Se confirmada a previsão do mercado no último boletim Focus do Banco Central, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro fechará o ano na retranca: crescerá apenas 1,16% no ano da Copa do Mundo. É um desempenho mais fraco que o de 2013, quando o País cresceu 2,5%.

Entre os países-sede dos últimos nove mundiais apenas México (1986), Itália (1990) e Japão (2002) fecharam o ano do evento com a atividade em ritmo menor que no ano anterior. Apesar de estar realizando em campo a "Copa das Copas", o Brasil caminha para engrossar essa estatística.

Dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) compilados pelo economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, mostram que o PIB mexicano teve queda de 3,1% em 1986, após crescer 2,2% no ano anterior. Na Itália de 1990, o crescimento econômico foi de 2,1%, uma desaceleração frente aos 3,4% da véspera do Mundial. A economia japonesa também não foi impulsionada pelo evento: o PIB do país cresceu 0,3% em 2002, ante 0,4% um ano antes.

A seleção dos países-sede em que a atividade acelerou no ano da Copa do Mundo é formada por Espanha (1982), EUA (1994), França (1998), Coreia do Sul (2002), Alemanha (2006) e África do Sul (2010). Os três primeiros cresceram acima da média mundial naqueles anos.

Perfeito levantou esses e outros números para fazer uma análise do efeito da Copa sobre a economia desses países, mas diz que o estudo foi inconclusivo. "As economias locais reagiram de modo heterogêneo no ano da Copa por conta de eventos externos", ressalva. O espaço de quatro anos entre cada Mundial significa cenários macroeconômicos díspares, o que dificulta uma comparação.

No caso do Brasil, avalia, o otimismo que poderia ter sido gerado pelo Mundial teve seu brilho ofuscado por ruídos internos: maior desconfiança em relação ao governo, ameaça de apagão, inflação em alta, o rebaixamento da nota de risco de crédito do País pela agência de classificação Standard & Poor’s, o processo eleitoral.

"A Copa deveria abrir espaço para mais investimentos e novos negócios, mas o espírito animal do empresariado ficou enjaulado", brinca.

Do lado positivo, Perfeito aponta algum legado de infraestrutura e o fato de que o evento vem se realizando de forma mais tranquila que o esperado: sem protestos violentos ou caos aeroportuário.

Diante disso, alguns setores, como serviços, podem ser beneficiados pelo evento, mesmo com feriados. Já a indústria tende a continuar seu processo de desaceleração em função do aperto monetário iniciado em 2013. "É difícil isolar o que é efeito da Copa."

Embora não seja possível mensurar, economistas dizem que já é possível perceber alguns impactos do Mundial: uma eventual expectativa negativa sobre a economia tende a perder força e pode permitir um crescimento melhor que o esperado da atividade no 2º trimestre.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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