Eleição argentina é risco para Mercosul e economia, diz ministro
As perspectivas para o Mercosul nunca foram tão positivas como quando o bloco fechou um acordo com a União Europeia no fim de junho
Ligia Tuon
Publicado em 3 de setembro de 2019 às 15h38.
Última atualização em 4 de setembro de 2019 às 17h06.
O Brasil vê risco de danos à sua economia caso a oposição vença a eleição presidencial argentina em outubro, disse o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo .
Em entrevista em Brasília, o ministro disse que a chapa amplamente favorita na Argentina - Alberto Fernández, e sua vice, a ex-presidente Cristina Kirchner - é formada pelas mesmas pessoas que durante anos impuseram barreiras e atrasaram as negociações do bloco formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
"Seria muito frustrante, no melhor momento que o Mercosul vive nos últimos 30 anos, a gente ter um governo argentino que possa trazer retrocesso ao Mercosul", disse Araújo.
"Isso nos preocupa muito porque o Mercosul é peça central da nossa política comercial, que é uma das peças fundamentais da nossa política econômica. O Mercosul não é uma brincadeira, um exercício de retórica."
O porta-voz de Alberto Fernández não quis comentar.
As perspectivas para o Mercosul nunca foram tão positivas como quando o bloco fechou um acordo com a União Europeia no fim de junho, após 20 anos de negociações.
Menos de três meses depois, no entanto, a própria existência do Mercosul foi questionada quando Fernández emergiu como claro favorito para vencer a corrida presidencial, e depois que o presidente Jair Bolsonaro disse que o Brasil poderia deixar o bloco caso a Argentina desse um giro à esquerda após as eleições.
Questionado sobre uma possível saída do Mercosul, Araújo respondeu em tom cauteloso.
"Talvez tenhamos que pensar em sair", disse, acrescentando que o governo teria que pesar pontos de vista políticos mais amplos para decidir o que fazer. "O Mercosul é uma realidade que faz parte do nosso projeto de país, da nossa recuperação econômica."