Economia

Economista teme efeito de crise argentina sobre o Brasil

Segundo o economista-chefe do banco árabe ABC Brasil, o impacto é direto e rápido no país porque envolve a indústria


	Peso argentino: a crise argentina preocupa menos do que a desaceleração mais acentuada da economia chinesa
 (AFP / Juan Mabromata)

Peso argentino: a crise argentina preocupa menos do que a desaceleração mais acentuada da economia chinesa (AFP / Juan Mabromata)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de janeiro de 2014 às 13h37.

São Paulo - Preocupa mais a crise na Argentina, no que tange aos impactos negativos sobre a economia brasileira, do que uma desaceleração mais acentuada da economia chinesa, mesmo sendo a China o maior demandador mundial de commodities e o Brasil um dos maiores ofertantes.

A avaliação é do economista-chefe do banco árabe ABC Brasil, Luís Otávio de Souza Leal, tendo em conta a revisão para baixo na projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da China no primeiro trimestre de 2014 pelo Banco Credit Suisse, de 7,4% para 6%.

De acordo com Souza Leal, o impacto da desaceleração da China se dará no médio prazo ao passo que a partir de uma crise na Argentina o impacto é direto e rápido porque envolve a indústria, que há muito tempo já não anda bem no Brasil.

"Além disso, esse não é um jogo jogado porque ninguém sabe ao certo o que acontece na China tanto do ponto de vista econômico quanto do financeiro", disse o economista, acrescentando que está mais propenso a acreditar na palavra dos chineses do que nas projeções sobre o país.

"Quando o governo chinês diz que vai entregar uma coisa, você pode ter certeza que ele entrega. Disse que entregaria um crescimento de 7,5% no ano passado e entregou 7,3%", disse o economista, lembrando que o mercado é sempre cíclico com a China. Em todo começo de ano, na avaliação do economista, o mercado começa nervoso com a China.

"Depois os chineses mexem seus pauzinhos e todo mundo fica satisfeito com o crescimento deles". Ainda de acordo com Souza Leal, pelo tamanho que a China adquiriu, para crescer 7%, 6%, 5%, hoje ela precisará da mesma quantidade de commodities que consumia há 10 anos, quando crescia a taxas de em torno de 12% ao ano.


"A China desacelerou o ritmo de crescimento de 12% para 7,5% nos últimos dez anos e nem por isso o mundo acabou", disse Leal. Para ele, a China crescer 7% em 2014 "é bastante razoável" e nesse contexto ele manterá a sua previsão de crescimento do PIB brasileiro para este ano em 2%.

Curto e médio prazos

Quando chamado a comentar os possíveis impactos dos movimentos contrários demonstrados pelas economias chinesa e norte-americana para o Brasil - a primeira desacelerando e a segunda começando a crescer -, Souza Leal avalia que no curto prazo uma não substitui a outra.

"No médio prazo, os EUA poderão substituir a China como maior demandador de commodity, mas no curto prazo, não", explica.

Isso porque neste momento a composição das duas economias são diferentes, com a China mais voltada para os investimentos e os EUA focados no consumo. Ou seja, no curto prazo, a China continuará demando mais commodities e os EUA mais produtos acabados.

Mais à frente, no entanto, quando a China concluir sua transição de economia exportadora para uma economia baseada no consumo interno, os Estados Unidos poderão vir a substituir a China na pauta de exportações brasileira.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaArgentinaCrises em empresaseconomia-brasileira

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto