O comportamento do comércio também decepcionou, apesar do aumento de 0,6% em relação ao quarto trimestre do ano passado e de 1,2% na comparação com o primeiro trimestre de 2012 (REUTERS/Sergio Moraes)
Da Redação
Publicado em 29 de maio de 2013 às 18h34.
Rio de Janeiro - Para o economista Fabio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o crescimento de 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre deste ano, em comparação aos últimos três meses de 2012, ficou abaixo do esperado, que era em torno de 1%. Na avaliação de Bentes, “0,6% é um resultado ruim”, disse em entrevista à Agência Brasil. Os dados do PIB foram divulgados hoje (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O comportamento do comércio também decepcionou, apesar do aumento de 0,6% em relação ao quarto trimestre do ano passado e de 1,2% na comparação com o primeiro trimestre de 2012. O economista assegurou, entretanto, que não houve surpresa, considerando o resultado das vendas do comércio, que mostra expansão de 3,5% entre janeiro e março deste ano, contra 8,9% no mesmo período do ano passado. “Então, não é surpreendente esse resultado ruim”.
A CNC está trabalhando, porém, com a perspectiva de recuperação do comércio. A projeção é que as vendas do setor fechem este ano com um crescimento de 4,5% a 5%. “A aposta é que esta recuperação só vá acontecer no segundo semestre”. Isto se deve, segundo o economista, a dois fatores. Os preços estão demorando a recuar, “principalmente os preços de hiper e supermercados, que ainda estão acima de 1%”.
O segundo empecilho é a inadimplência, ainda alta, que precisa baixar mais para que haja uma retomada de crédito mais forte. “Ela [inadimplência] está hoje em 7,6% e a gente aposta que o teto para uma inadimplência menos preocupante é algo em torno de 7,3% ou 7,4%, no máximo. Precisa ceder um pouquinho mais”, disse.
De qualquer modo, Fabio Bentes avaliou que dificilmente as vendas do comércio alcançarão este ano o número registrado em 2012, aumento de 8,4%. “Até porque tinha o IPI [Imposto sobre Produto Industrializado] para ajudar”, declarou ao se referir sobre a desoneração do IPI, determinada pelo governo federal, que elevou as vendas de automóveis e de eletrodomésticos no ano passado, entre outros itens.
Para isso ocorrer, o economista avaliou que o comércio teria que crescer 10% em uma comparação anual, de abril até dezembro. “Isto não vai acontecer. Cresceu 4,4% em março, caiu 0,4% em fevereiro. Foi um resultado muito ruim, não acontecia há dez anos no comércio. E em janeiro, também, o resultado não foi grande coisa”. Ele acredita que haverá recuperação, mas ela não será suficiente para atingir o patamar de 2012. “Sem IPI e com a inflação de alimentos atrapalhando, fica difícil”, completou.
Embora não faça uma previsão específica para o PIB global brasileiro, a CNC acompanha os dados de expectativa do boletim Focus do Banco Central que, em sua mais recente edição, aponta para um crescimento do PIB este ano entre 2,8% e 2,9%. Bentes arriscou, contudo, que é possível que essa estimativa seja revista para baixo, em função do resultado de hoje, inferior ao esperado.