Economia

Economia da zona do euro perde gás em meio ao Brexit

Além do estancamento da França, analistas também apontam inverno inusualmente muito cedo como uma das causas do resultado frouxo


	Zona do Euro: o dado coincide com as projeções dos analistas consultados pela firma de informações financeiras Factset
 (Philippe Huguen/AFP)

Zona do Euro: o dado coincide com as projeções dos analistas consultados pela firma de informações financeiras Factset (Philippe Huguen/AFP)

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Da Redação

Publicado em 29 de julho de 2016 às 10h49.

O ritmo de crescimento da zona do euro perdeu gás no segundo trimestre, segundo dados divulgados nesta sexta-feira, em meio a preocupações com o impacto do Brexit sobre a economia do bloco.

Segundo a agência de estatísticas europeias Eurostat, o Produto Interno Bruto (PIB) dos 19 países da zona euro registrou um aumento de 0,3% no período abril-junho em relação ao trimestre anterior, quando cresceu 0,6%.

O dado coincide com as projeções dos analistas consultados pela firma de informações financeiras Factset.

A desaceleração é explicada em grande parte pelo estancamento da França. Os analistas mencionam igualmente o inverno inusualmente muito cedo como uma das causas do resultado frouxo.

Em termos interanuais (em relação ao mesmo período de 2015), o aumento do PIB no segundo trimestre foi de 1,6%.

Antes do Brexit

Os dados divulgados nesta sexta dizem respeito a um período que só no final pode acusar algum impacto do referendo de 23 de junho, quando os britânicos se pronunciaram a favor da saída da União Europeia, o Brexit.

Essa decisão abre um processo de incertezas que, segundo o Banco Central Europeu (BCE), poderá ter impacto negativo durante vários anos na economia regional.

A instituição emissora se disse, na semana passada, decidida a atuar para contra-atacar essas repercussões.

Até agora, os países europeus deram sinais de resiliência, exceptuando-se as sacudidas dos mercados financeiros depois do anúncio da vitória do Brexit.

"A boa notícia é que a economia continua com certo dinamismo, apesar de não se poder esperar uma grande aceleração enquanto o Brexit continuar criando incertezas", afirmou Peter Vanden Houte, economista-chefe do ING Bank em Bruxelas.

"O terceiro trimestre arrancou bem, mas não pode ser descartado o potencial negativo do Brexit no crescimento da zona euro", acrescentou.

A Espanha manteve no segundo trimestre um sólido crescimento de 0,7%, apenas um décimo a menos que no período anterior, apesar de estar há sete meses sem poder formar o governo.

A França, segunda economia da zona euro, teve, em compensação, um crescimento nulo no período abril-junho, depois de ter crescido 0,7% no primeiro trimestre.

Inflação em alta

A Eurostat anunciou, por outro lado, que a inflação de julho foi de 0,2%, em alta em relação ao 0,1% de junho, um dado que afasta os riscos de deflação.

"O dado da inflação pode marcar um arranque dos preços", disse Jack Allen, da consultora Capital Economics.

O BCE calcula que o nível ideal de inflação para conjugar crescimento e estabilidade de preços deve ser "próximo, mas inferior a 2%".

O índice de desemprego se manteve, por sua vez, estável em junho, em 10,1%, seu nível mínimo desde julho de 2011.

Mas mesmo assim, continua sendo muito superior ao dos anos prévios à crise que em 2008 afundou a economia global.

"De 1997 a 2007, o índice médio de desemprego [na zona euro] foi de 8,8%", recordou jack Allen.

A média encobre fortes disparidades.

Os índices de desemprego mais baixo são registrados em Malta (4%) e Alemanha (4,2%).

Os mais elevados estão na Grécia (23,3% em maio, o último dado disponível) e na Espanha (19,9%).

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