Economia

Economia da China perde fôlego no segundo semestre

China registra indicadores desapontadores de comércio e de preços ao produtor em julho, em um momento de demanda modesta no país e no exterior


	China: PIB do país cresceu 7% no segundo trimestre, bem abaixo dos níveis dos últimos anos
 (Medioimages/Photodisc)

China: PIB do país cresceu 7% no segundo trimestre, bem abaixo dos níveis dos últimos anos (Medioimages/Photodisc)

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Da Redação

Publicado em 9 de agosto de 2015 às 15h37.

Pequim - A economia chinesa começou o segundo semestre em ritmo fraco, registrando indicadores desapontadores de comércio e de preços ao produtor em julho, em um momento de demanda modesta no país e no exterior.

As exportações recuaram 8,3% em julho, na comparação com igual período do ano anterior, revertendo um ganho de 2,8% registrado em junho, segundo dados oficiais divulgados no sábado. As importações caíram pelo nono mês consecutivo, em baixa de 8,1%, depois de um declínio de 6,1% em junho.

E no domingo, o governo anunciou que o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) ampliou seus mais de três anos de quedas, registrando em julho a maior queda anual em quase seis anos.

Ainda que existam alguns focos positivos nos dados de comércio, como as importações de algumas commodities em termos de volume, os números em geral vieram piores que o esperado e apontavam para problemas mais adiante nas exportações, que já enfrentam um enfraquecimento.

"Nós podemos ver pressão relativamente forte de baixa sobre as exportações no terceiro trimestre", afirmou o escritório comercial do país no comunicado com os dados sobre comércio.

As exportações chinesas vinham sendo um importante componente do crescimento econômico nos últimos anos. Mas esse não é mais o caso, o que trava o avanço.

O Produto Interno Bruto (PIB) chinês cresceu 7% no segundo trimestre, na comparação com igual período do ano passado, melhor que o esperado pelos analistas, mas bem abaixo dos níveis dos últimos anos.

O governo espera manter um crescimento de 7% para todo o ano, mas esse ainda seria o pior desempenho em mais de duas décadas, graças a uma combinação de demanda menor que a capacidade das indústrias tradicionais, um setor imobiliário fraco e pouca ajuda das exportações.

O Conselho Estatal, principal órgão do governo, disse no mês passado que daria prioridade ao setor comercial, com isenções tributárias e menor burocracia, enquanto se reduziam impostos de importação.

O governo acelera vários projetos de infraestrutura para impulsionar a demanda interna. O banco central cortou a taxa de juros quatro vezes desde novembro, para ajudar companhias em dificuldade a obter crédito mais barato.

As exportações nos primeiros sete meses do ano estavam em queda de 0,8%, em termos de dólares, na comparação com igual período de 2014, enquanto as importações caíram 14,6% no mesmo período.

"Não há uma rápida reação à vista", disse Liu Yaxin, analista da China Merchants Securities. Ela disse que as exportações serão prejudicadas pela demanda fraca, saindo-se mal nas comparações com números anteriores mais fortes. Outro problema para os exportadores é a moeda chinesa relativamente valorizada ante o euro - o yuan tem se mantido estável ante um dólar que tem se valorizado. Isso levou a moeda chinesa a avançar mais de 10% ante o euro.

"A força do yuan [ante o euro] tem sido uma trava para o crescimento estável das exportações no mercado europeu", disse Chen Jie, gerente-geral da Weida International Shoe Trade Company, sediada em Wenzhou, no leste chinês, um centro de indústrias como a de vestuário e calçados.

"Nós buscaremos expandir nosso negócio doméstico se as coisas não melhorarem logo, mas isso também não será fácil", avaliou.

As exportações para a União Europeia recuaram 12% em julho, na comparação anual, enquanto aquelas para o Japão caíram 13% e as exportações para os EUA tiveram baixa de 1,35%.

Por ora, o Banco do Povo da China não dá sinais de que afrouxará seu controle sobre a moeda e deixará o yuan desvalorizar, apesar da pressão dos exportadores. O economista Tim Condon, do ING, afirma que de fato há uma pressão sobre o BC chinês, mas na avaliação dele a instituição não deve ceder nesse caso por enquanto.

A combinação de exportações fracas e importações ainda mais fracas deixou o país com um superávit primário de US$ 43 bilhões em julho, abaixo dos US$ 47 bilhões de junho.

As importações fracas refletem também a queda nos preços de matérias-primas em mercados globais, além da demanda interna mais fraca. Mas, em termos de volume, houve sinais encorajadores para as importações, com as compras de cobre e aço avançando no mês e as importações de soja e petróleo crescendo ainda com mais força.

Os preços fracos das commodities globais tiveram um papel para levar o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) da China a cair mais em julho. O PPI recuou 5,4% em julho, na comparação anual, acelerando a queda de 4,8% de junho.

O índice de preços ao consumidor (CPI) avançou 1,6% em julho na comparação anual, acelerando ante o 1,4% de junho, ainda que bem abaixo da meta do governo de 3% para o ano. Analistas disseram que veem mais sinais de esperança para a economia, com Pequim acelerando projetos de infraestrutura para manter a meta de crescer 7% em todo o ano de 2014. Fonte: Dow Jones Newswires.

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