Economia

Economia deve crescer mais de 6% se vacinação acelerar, diz Itaú

A projeção do banco de expansão de 5,5% do PIB considera a retomada dos serviços no último trimestre, o que pode ser antecipado caso a aceleração da imunização se concretize, afirma economista-chefe

Mário Mesquisa, economista-chefe do Itaú-Unibanco: "Aumento do ritmo de vacinação permitiria uma normalização do setor de serviços, que é a peça que está faltando no quebra-cabeças" (Sarah Pabst/Bloomberg)

Mário Mesquisa, economista-chefe do Itaú-Unibanco: "Aumento do ritmo de vacinação permitiria uma normalização do setor de serviços, que é a peça que está faltando no quebra-cabeças" (Sarah Pabst/Bloomberg)

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Bloomberg

Publicado em 21 de junho de 2021 às 18h05.

A economia brasileira deverá crescer 6% ou mais este ano, caso se confirme uma aceleração da vacinação que antecipe a retomada do setor de serviços em dois ou três meses, diz Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco.

“O aumento do ritmo de vacinação permitiria uma normalização do setor de serviços, que é a peça que está faltando no quebra-cabeças”, disse Mesquita, que foi diretor do Banco Central entre 2006 e 2010, em entrevista.

A projeção atual do banco, de uma expansão de 5,5% do PIB neste ano, considera uma normalização apenas no último trimestre do setor de serviços – o mais atingido pela pandemia e que ainda não se recuperou totalmente.

O Brasil aplicou 86,5 milhões de doses da vacina contra a covid-19 e a média diária subiu de 663 mil aplicações em maio para 1 milhão em junho, até o dia 18.

O número de vacinados pode ganhar velocidade após a decisão do governador de São Paulo, João Doria, de antecipar o calendário de imunização estadual. “A notícia é relevante, porque o estado tem peso grande na população”, disse Mesquita.

Uma vacinação acelerada, que contivesse a covid-19 num país onde o número de mortes já supera 500.000, também poderia gerar um efeito estatístico positivo para o PIB de 2022.

Riscos no horizonte

O maior risco para a consolidação do crescimento do país, após queda de 4,1% do PIB com a pandemia em 2020, seria o Brasil abandonar o ajuste fiscal. Isso significaria regressar a um ambiente de juros mais elevados e voltar a “viver de emprestar dinheiro ao governo”, disse o economista do Itaú.

A escassez de chuvas, por ora, representa mais pressão para a inflação, porém o risco sobre a atividade “não é zero”. Se a estiagem continuar no período úmido, a partir de outubro, a situação pode se complicar.

Para o ex-diretor do BC, a recorrência do risco energético no país significa que o preço da energia está errado. “Deveríamos ter talvez preço maior, considerando que a energia hídrica é mais escassa.”

Dentro do cenário básico, até o momento, o Itaú projeta um crescimento menor no próximo ano, de 1,8%, abaixo da projeção mediana do mercado, de 2,2%, em meio à alta dos juros e a redução do estímulo fiscal.

O país também tende a retomar seu ritmo de PIB potencial normal em 2022, após a recuperação cíclica mais forte deste ano. “O Brasil, infelizmente, não é um campeão de PIB potencial. A gente crescer entre 1,5% e 2% é baixo, mas é voltar para nossa tendência”, disse o ex-diretor do BC.

Olhar do investidor

Os investidores estrangeiros aproveitam a janela atual dos preços atrativos dos ativos brasileiros em dólar, o que torna o Brasil um destino para a diversificação em renda variável, em meio aos juros baixos, diz Mesquita.

“O estrangeiro quer participar desse movimento, mas isso não dura para sempre. Uma vez que tenha se concluído, em um ano ou dois, vamos depender mais do crescimento para atrair capital.”

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