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Draghi coloca os pingos nos "is" antes de reunião do BCE

No texto, divulgado com antecedência pela revista Die Zeit, Draghi defende a intenção do BCE de reativar o programa de compra da dívida pública dos países em dificuldades

Mario Draghi: no início de agosto, Draghi havia anunciado que o BCE ia se manter preparado para interferir novamente no mercado secundário da dívida pública (©AFP / Daniel Roland)
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Da Redação

Publicado em 29 de agosto de 2012 às 15h10.

Frankfurt - O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, afirmou nesta quarta-feira que a política monetária "precisa às vezes de medidas excepcionais", mas lembrou que a instituição "sempre atuará dentro de seu mandato", em um artigo que será publicado na quinta-feira na Alemanha.

No texto, divulgado com antecedência pela revista Die Zeit, Draghi defende a intenção do BCE de reativar o programa de compra da dívida pública dos países em dificuldades para reduzir as tensões na Eurozona, lembrando mais uma vez que o BCE "permanecerá independente" e manterá em mente o seu objetivo prioritário de estabilidade dos preços.

A política monetária "necessita às vezes de medidas excepcionais", principalmente "quando os mercados estão fragmentados ou influenciados por temores irracionais", explicou. Mas o BCE "atuará sempre dentro dos limites de seu mandato", alertou.

No início de agosto, Draghi havia anunciado que o BCE ia se manter preparado para interferir novamente no mercado secundário da dívida pública, com o objetivo de reduzir a pressão sobre as taxas de empréstimos a países em dificuldade, como Itália e Espanha.

Entretanto, ele alertou que essa intervenção será feita apenas em conjunto com os fundos de ajuda europeus, com o FESF e com seu sucessor, o MES, para obrigar os Estados da zona euro que pedem socorro a realizar reformas profundas em sua política econômica, já havia ressaltado.

Mas isso não foi suficiente para acalmar o Bundesbank, o Banco Central Alemão, cujo presidente, Jens Weidmann, não perde uma chance de criticar o programa de compras de obrigações do BCE.

Weidmann se mostrou particularmente crítico em seu último ataque, na segunda-feira, comparando este programa a uma "droga" que pode viciar os Estados.


Se a posição de Weidmann parece ser minoritária no BCE, ela é muito popular na Alemanha. O tabloide Bild vê assim no banqueiro central alemão o último "baluarte à frente do contribuinte alemão", potencialmente ameaçado pelas iniciativas de Draghi.

A mensagem desse tipo na imprensa, incomum para Draghi, que prefere geralmente fazer declarações durante a entrevista coletiva à imprensa de sua instituição de todas as primeiras quintas-feiras do mês, é multifacetada, segundo Marie Diron, economista da consultoria Ernst & Young.

"Falar dos limites de seu mandato é um sinal para lembrar aos países periféricos que não haverá compras de obrigações soberanas ilimitadas e sem condições", declarou ela à AFP.

Mas é também, "talvez, um sinal ao Bundesbank para dizer que ele é o presidente e que é ele que dá a última palavra", acrescentou.

A próxima reunião do BCE está prevista para o dia 6 de setembro.

De forma diplomática, Draghi também lembra em seu texto que a Alemanha, que se preocupa em ter que pagar sempre mais aos seus parceiros em dificuldades, tem todo o interesse em não se isolar e em facilitar o processo de integração da região que foi iniciado.

"A origem do sucesso da Alemanha é sua profunda integração nas economias europeias e mundiais. Para seguir prosperando, a Alemanha deve continuar sendo a âncora de uma moeda forte, no centro de uma zona de estabilidade monetária e em uma economia da Eurozona dinâmica e competitiva", afirmou.

"Não ouvimos com frequência esses discursos positivos sobre a zona euro, de que ela beneficia a todos, incluindo a Alemanha" comentou também Diron. "A única forma de fazer passar para o plano político (as transferências entre oa países) é justamente apresentar as vantagens".

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Frankfurt - O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, afirmou nesta quarta-feira que a política monetária "precisa às vezes de medidas excepcionais", mas lembrou que a instituição "sempre atuará dentro de seu mandato", em um artigo que será publicado na quinta-feira na Alemanha.

No texto, divulgado com antecedência pela revista Die Zeit, Draghi defende a intenção do BCE de reativar o programa de compra da dívida pública dos países em dificuldades para reduzir as tensões na Eurozona, lembrando mais uma vez que o BCE "permanecerá independente" e manterá em mente o seu objetivo prioritário de estabilidade dos preços.

A política monetária "necessita às vezes de medidas excepcionais", principalmente "quando os mercados estão fragmentados ou influenciados por temores irracionais", explicou. Mas o BCE "atuará sempre dentro dos limites de seu mandato", alertou.

No início de agosto, Draghi havia anunciado que o BCE ia se manter preparado para interferir novamente no mercado secundário da dívida pública, com o objetivo de reduzir a pressão sobre as taxas de empréstimos a países em dificuldade, como Itália e Espanha.

Entretanto, ele alertou que essa intervenção será feita apenas em conjunto com os fundos de ajuda europeus, com o FESF e com seu sucessor, o MES, para obrigar os Estados da zona euro que pedem socorro a realizar reformas profundas em sua política econômica, já havia ressaltado.

Mas isso não foi suficiente para acalmar o Bundesbank, o Banco Central Alemão, cujo presidente, Jens Weidmann, não perde uma chance de criticar o programa de compras de obrigações do BCE.

Weidmann se mostrou particularmente crítico em seu último ataque, na segunda-feira, comparando este programa a uma "droga" que pode viciar os Estados.


Se a posição de Weidmann parece ser minoritária no BCE, ela é muito popular na Alemanha. O tabloide Bild vê assim no banqueiro central alemão o último "baluarte à frente do contribuinte alemão", potencialmente ameaçado pelas iniciativas de Draghi.

A mensagem desse tipo na imprensa, incomum para Draghi, que prefere geralmente fazer declarações durante a entrevista coletiva à imprensa de sua instituição de todas as primeiras quintas-feiras do mês, é multifacetada, segundo Marie Diron, economista da consultoria Ernst & Young.

"Falar dos limites de seu mandato é um sinal para lembrar aos países periféricos que não haverá compras de obrigações soberanas ilimitadas e sem condições", declarou ela à AFP.

Mas é também, "talvez, um sinal ao Bundesbank para dizer que ele é o presidente e que é ele que dá a última palavra", acrescentou.

A próxima reunião do BCE está prevista para o dia 6 de setembro.

De forma diplomática, Draghi também lembra em seu texto que a Alemanha, que se preocupa em ter que pagar sempre mais aos seus parceiros em dificuldades, tem todo o interesse em não se isolar e em facilitar o processo de integração da região que foi iniciado.

"A origem do sucesso da Alemanha é sua profunda integração nas economias europeias e mundiais. Para seguir prosperando, a Alemanha deve continuar sendo a âncora de uma moeda forte, no centro de uma zona de estabilidade monetária e em uma economia da Eurozona dinâmica e competitiva", afirmou.

"Não ouvimos com frequência esses discursos positivos sobre a zona euro, de que ela beneficia a todos, incluindo a Alemanha" comentou também Diron. "A única forma de fazer passar para o plano político (as transferências entre oa países) é justamente apresentar as vantagens".

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