Dono da Avianca é alvo de inquérito policial por inadimplência de R$ 10 mi
A concessionária Vinci Airport denunciou que a companhia aérea não repassa as taxas de embarque dos passageiros de Salvador desde julho do ano passado
Estadão Conteúdo
Publicado em 30 de março de 2019 às 09h24.
Última atualização em 30 de março de 2019 às 09h25.
São Paulo — O dono da Avianca , José Efromovich, e os executivos Jorge Vianna e Frederico Pedreira serão investigados por das taxas de embarque cobrada dos passageiros no Aeroporto Luís Eduardo Magalhães, em Salvador.
O Ministério Público do Estado de São Paulo determinou a abertura de inquérito policial para apurar a inadimplência da empresa com a concessionária Vinci Airport.
Segundo a denúncia da empresa francesa, que administra o aeroporto, a companhia aérea não repassa as taxas de embarque cobradas dos passageiros desde julho do ano passado.
No documento, assinado pelo advogado Leonardo Avelar, do escritório Cascione Pulino Boulos, a concessionária destaca que os pagamentos atrasados estão próximos de R$ 10 milhões.
A Avianca também não está pagando outras tarifas, como a de pouso, conexões e permanência em pátio. Essas taxas somam mais R$ 2,3 milhões em atraso, de acordo com a queixa da Vinci Airport.
Além da denúncia de crime de apropriação indébita, surgiu mais uma dificuldade para a companhia ontem, data marcada para ocorrer a assembleia de credores. Por falta de quórum, a reunião na qual o plano de recuperação judicial seria votado teve de ser adiada para a próxima sexta-feira.
O problema é que, conforme o tempo corre, a Avianca gasta os recursos que recebeu da Azul como adiantamento de uma possível venda dos ativos. A Azul já pagou R$ 50 milhões, de um total de R$ 412 milhões oferecidos por uma Unidade Produtiva Isolada (UPI) da Avianca, que deverá incluir 28 aviões e 70 slots (autorizações de pouso e decolagem).
"Há uma preocupação grande com o tempo. Quanto mais tempo leva o processo, menos dinheiro sobra para distribuir entre os credores", disse o advogado Giuliano Colombo, do escritório Pinheiro Neto, que representa a Azul.
Para facilitar a aprovação do plano na semana que vem, a Avianca pretende modificar a proposta de pagamento dos credores, apurou o Estadão/Broadcast. A alteração será feita após a Swissport, empresa de serviços aeroportuários, contestar na Justiça a lista de credores.
Na semana passada, a Avianca assumiu uma dívida de R$ 2 bilhões com a gestora americana Elliott. O valor equivale a quase 75% dos débitos da aérea e é quatro vezes superior ao que a Azul pagará pela UPI. Como o Elliott é credor com garantia real, tem preferência para receber.
O temor de credores menores, como Swissport e UBS, é acabar não recebendo os valores devidos, pois eles seriam pagos apenas após o Elliott.
Mesmo sem aprovação do plano em assembleia, a Azul já vai encaminhar, na segunda-feira, o pedido de transferência da UPI ao Conselho de Administração de Defesa Econômica (Cade), afirmou uma fonte.
Procurada a Avianca não quis se pronunciar.