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Dólar perto de R$ 4,00 põe BC e Tesouro em ’modo crise’

Com o dólar perto de atingir R$ 4,00 e os juros disparando no mercado de futuros, parece restar pouco à equipe econômica além de reduzir danos

Dólar: recentes intervenções do Banco Central e Tesouro parecem visar apenas impedir que se consolide a ideia de que o mercado está fora de controle (Gary Cameron/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 21 de setembro de 2015 às 20h56.

Com o dólar perto de atingir R$ 4,00, superando seu recorde histórico de alta, e os juros disparando no mercado de futuros, parece restar pouco à equipe econômica além de reduzir danos.

Recentes intervenções do Banco Central e Tesouro parecem visar apenas impedir que se consolide a ideia de que o mercado está fora de controle. Reverter o nervosismo de forma consistente, porém, depende da presidente Dilma Rousseff e do Congresso.

O Tesouro anunciou hoje recompra de título prefixado NTN-F após as taxas de juros futuras dispararem, acompanhando a alta do dólar. Em contratos mais longos, as taxas chegaram a superar 16%, quase dois pontos acima da Selic, de 14,25%.

As taxas saíram das máximas após o anúncio do Tesouro, mas seguem pressionadas.

O Tesouro também anunciou leilão de compra e venda de NTN-B para amanhã. Só o de venda estava previsto.

Os futuros já precificam alta de quase 200 pontos-base da Selic, apesar de o BC, reiteradamente, ter sinalizado que o juro ficará estável por período prolongado.

A percepção é de que o mercado está ”sem defesa” diante do agravamento da crise político-econômica, diz Italo Abucater, chefe da mesa de câmbio da Icap do Brasil. Para ele, tornou-se ”óbvio” que o dólar chegará a R$ 4,00.

Na verdade, ele prevê que, diferentemente do que ocorreu antes da eleição de Lula em 2002, desta vez o dólar vai superar o recorde e não voltará a cair. Ajustado pela inflação, o dólar de R$ 4,00 em 2002 hoje deveria valer de R$ 5,50 a R$ 6,00.

Um dos motivos de o real estar perdendo fôlego é que o mercado considera que o BC não vai vender dólar das reservas. Seria preocupante o BC começar a queimar as reservas, um dos poucos, se não o único, fundamento econômico que não se deteriorou nos últimos anos.

Enquanto Joaquim Levy, um defensor da livre flutuação do câmbio, estiver na Fazenda, o BC não deve usar as reservas para segurar o dólar, diz Abucater.

Carlos Kawall, economista do banco Safra, considera que o BC poderá vender reservas, o que poderia ajudar a reduzir a dívida bruta do País, mas apenas quando o cenário político ficar menos incerto.

Enquanto isso não ocorre, tanto o Tesouro quanto o BC devem continuar com medidas tópicas, como a recompra de títulos e leilões de linha e swap cambial.

São atuações no ”modo crise”, que ajudam a amenizar o receio de perda de controle dos mercados, mas sem resolver os problemas de fundo, que estão relacionados ao quadro político.

A disparada do dólar e dos juros futuros nos últimos dias é atribuída sobretudo à crise política, que impede medidas consistentes de corte de gastos e mesmo de aumento de impostos necessários para reverter o déficit fiscal e impedir o País de sofrer um novo corte de rating.

Kawall observa que a eventual derrubada dos vetos de Dilma a propostas que aumentam os gastos mostraria a total inviabilidade do ajuste fiscal.

O impeachment, embora seja bem visto por alguns participantes do mercado que torcem para ver Dilma e o PT fora do governo, poderia trazer mais instabilidade, diz Abucater, da Icap.

”Seria muito ruim para imagem do País ter o segundo afastamento de um presidente em 30 anos de democracia’’.

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Com o dólar perto de atingir R$ 4,00, superando seu recorde histórico de alta, e os juros disparando no mercado de futuros, parece restar pouco à equipe econômica além de reduzir danos.

Recentes intervenções do Banco Central e Tesouro parecem visar apenas impedir que se consolide a ideia de que o mercado está fora de controle. Reverter o nervosismo de forma consistente, porém, depende da presidente Dilma Rousseff e do Congresso.

O Tesouro anunciou hoje recompra de título prefixado NTN-F após as taxas de juros futuras dispararem, acompanhando a alta do dólar. Em contratos mais longos, as taxas chegaram a superar 16%, quase dois pontos acima da Selic, de 14,25%.

As taxas saíram das máximas após o anúncio do Tesouro, mas seguem pressionadas.

O Tesouro também anunciou leilão de compra e venda de NTN-B para amanhã. Só o de venda estava previsto.

Os futuros já precificam alta de quase 200 pontos-base da Selic, apesar de o BC, reiteradamente, ter sinalizado que o juro ficará estável por período prolongado.

A percepção é de que o mercado está ”sem defesa” diante do agravamento da crise político-econômica, diz Italo Abucater, chefe da mesa de câmbio da Icap do Brasil. Para ele, tornou-se ”óbvio” que o dólar chegará a R$ 4,00.

Na verdade, ele prevê que, diferentemente do que ocorreu antes da eleição de Lula em 2002, desta vez o dólar vai superar o recorde e não voltará a cair. Ajustado pela inflação, o dólar de R$ 4,00 em 2002 hoje deveria valer de R$ 5,50 a R$ 6,00.

Um dos motivos de o real estar perdendo fôlego é que o mercado considera que o BC não vai vender dólar das reservas. Seria preocupante o BC começar a queimar as reservas, um dos poucos, se não o único, fundamento econômico que não se deteriorou nos últimos anos.

Enquanto Joaquim Levy, um defensor da livre flutuação do câmbio, estiver na Fazenda, o BC não deve usar as reservas para segurar o dólar, diz Abucater.

Carlos Kawall, economista do banco Safra, considera que o BC poderá vender reservas, o que poderia ajudar a reduzir a dívida bruta do País, mas apenas quando o cenário político ficar menos incerto.

Enquanto isso não ocorre, tanto o Tesouro quanto o BC devem continuar com medidas tópicas, como a recompra de títulos e leilões de linha e swap cambial.

São atuações no ”modo crise”, que ajudam a amenizar o receio de perda de controle dos mercados, mas sem resolver os problemas de fundo, que estão relacionados ao quadro político.

A disparada do dólar e dos juros futuros nos últimos dias é atribuída sobretudo à crise política, que impede medidas consistentes de corte de gastos e mesmo de aumento de impostos necessários para reverter o déficit fiscal e impedir o País de sofrer um novo corte de rating.

Kawall observa que a eventual derrubada dos vetos de Dilma a propostas que aumentam os gastos mostraria a total inviabilidade do ajuste fiscal.

O impeachment, embora seja bem visto por alguns participantes do mercado que torcem para ver Dilma e o PT fora do governo, poderia trazer mais instabilidade, diz Abucater, da Icap.

”Seria muito ruim para imagem do País ter o segundo afastamento de um presidente em 30 anos de democracia’’.

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