(Bloomberg / Colaborador/Getty Images)
AFP
Publicado em 7 de março de 2022 às 16h04.
Rússia e Ucrânia desempenham um papel fundamental no fornecimento global de matérias-primas estratégicas para uso industrial e alimentar. Desde o início da invasão russa, os preços de muitas dessas commodities alcançaram níveis nunca antes vistos.
A Rússia é um dos maiores produtores de petróleo e gás do mundo e os investidores se preocupam com possíveis interrupções da oferta.
Por enquanto, as sanções econômicas evitam cuidadosamente o setor de energia, mas os Estados Unidos, mais independentes que a Europa graças à sua produção interna, agora falam em proibir as importações de petróleo russo.
Os preços do petróleo do tipo Brent do Mar do Norte e o WTI dos EUA atingiram recordes nesta segunda-feira, superando brevemente US$ 130 por barril pela primeira vez desde 2008.
No mesmo dia, o preço do gás atingiu o seu máximo histórico na Europa, com 345 euros por megawatt hora. A União Europeia importa 40% do seu gás da Rússia.
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A Rússia, que se tornou o maior exportador de trigo do mundo em 2018, é “crucial” para alimentar o planeta, mas a capacidade de exportação da Ucrânia também preocupa. Os dois países são um "celeiro" para o resto do mundo.
Na Europa, o preço do trigo disparou desde o início do conflito, atingindo um nível sem precedentes de 450 euros por tonelada nesta segunda-feira.
A Ucrânia também é o quarto maior exportador mundial de milho e está a caminho de se tornar o terceiro maior exportador de trigo, atrás da Rússia e dos Estados Unidos.
Agora, para tirar o grão do país, “o operador ferroviário quer exportar trigo, milho e girassol através da rede ferroviária para os países vizinhos (Roménia, Hungria, Eslováquia e Polónia)”, segundo a corretora Inter-Courtage.
Outros países, como a Bulgária, estão tomando medidas para limitar as exportações. Já a Hungria chegou ao ponto de proibir as exportações de grãos na sexta-feira.
O fornecimento de cereais a países como Egito, Argélia, Oriente Médio e inclusive África, cada vez mais dependentes do trigo russo e ucraniano, "pode ser um problema se os navios que transportam trigo do Mar Negro forem parados", alerta o economista francês Philippe Chotteau.
Segundo o gabinete especializado da Agritel, “o óleo de girassol é o que mais corre perigo”.
Famosa por seus intermináveis campos de girassol, a Ucrânia é o maior produtor mundial desta oleaginosa e o maior exportador de seu óleo.
Mas "a situação é muito tensa no mercado mundial de óleos. Há poucos estoques de óleo de soja na América Latina e de óleo de palma na Indonésia e na Malásia, enquanto a demanda é muito forte", analisa Sébastien Poncelet, especialista da Agritel.
Os metais industriais "mais expostos" a sanções contra a Rússia pela comunidade internacional seriam alumínio, níquel e paládio, segundo a Capital Economics.
O grupo russo Rusal é o segundo maior produtor industrial de alumínio do mundo. Este metal atingiu um novo recorde histórico na London Metal Exchange (LME) nesta segunda-feira, a 4.073,50 dólares por tonelada
Quanto ao níquel, há a Nornickel Norilsk, liderada pelo oligarca Vladimir Potanin. Em 2019, a Rússia foi o terceiro maior produtor de minério de níquel, atrás da Indonésia e das Filipinas, mas é o segundo em níquel refinado depois da China.
Após a invasão da Ucrânia, a Capital Economics estima que 7% do mercado global de níquel refinado "poderia ser afetado" por possíveis sanções.
O metal, que também está batendo recordes nos mercados, é um dos mais cobiçados do planeta para uso em fábricas de baterias elétricas, que devem permitir que a indústria automobilística se afaste do petróleo.
No caso do paládio, que também está atingindo um recorde histórico de US$ 3.442,47 a onça, e do qual a Rússia controla 50% do mercado mundial, a indústria automobilística também está na vanguarda. É usado na fabricação de catalisadores.
O titânio, metal valorizado pelos fabricantes de aeronaves por sua leveza e alta resistência, também é afetado indiretamente pelo conflito. A empresa russa VSMPO-Avisma, fundada em 1941 nos Urais, é o principal fornecedor mundial da indústria aeroespacial, segundo Olivier Andriès, CEO da fabricante de motores aeronáuticos Safran, que afirma ter "alguns meses de estoque".