Economia

Disparada no preço spot inviabiliza migração para mercado livre

Neste ano, o PLD do Sudeste saltou 132% desde uma mínima registrada na segunda semana de janeiro, enquanto o PLD do Nordeste subiu 208%

Preços: o preço spot é utilizado para negociações de curto prazo, mas influencia as cotações de contratos de maior duração no mercado livre (Kostas Tsironis/Bloomberg/Bloomberg)

Preços: o preço spot é utilizado para negociações de curto prazo, mas influencia as cotações de contratos de maior duração no mercado livre (Kostas Tsironis/Bloomberg/Bloomberg)

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Reuters

Publicado em 24 de março de 2017 às 19h17.

São Paulo - Uma disparada neste ano nos preços spot de energia elétrica, ou Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), já tem inviabilizado a migração de alguns consumidores para o mercado livre de energia, onde grandes consumidores podem negociar contratos de suprimento diretamente com geradores ou comercializadoras.

O preço spot é utilizado para negociações de curto prazo, mas influencia as cotações de contratos de maior duração no mercado livre.

Neste ano, o PLD do Sudeste saltou 132 por cento desde uma mínima registrada na segunda semana de janeiro, enquanto o PLD do Nordeste subiu 208 por cento na mesma comparação.

Com isso, empresas que se preparavam para migrar para o mercado livre mas ainda não tinham garantido a contratação de energia estão voltando atrás, disse à Reuters o diretor da comercializadora de eletricidade Energética, Laudenir Pegorini.

"Cerca de 20 por cento desses consumidores estão pedindo às distribuidoras para postergar a migração porque o preço está muito alto", disse.

Como alternativa, segundo Pegorini, a Energética tem tentado convencer os clientes a entrar no mercado livre com contratos mais longos, de até cinco anos, que são menos sujeitos a subir por influência do PLD.

O presidente da comercializadora Comerc, Cristopher Vlavianos, também avalia que não está valendo a pena migrar neste momento.

"Se você pegar um preço desse de energia (patamares atuais) não vale a pena migrar. Começa a valer a pena migrar ano que vem, aí o preço vai dando uma reduzida. Você não faria uma migração para começar em 2017 com esses preços de energia que estão no mercado", disse Vlavianos.

O executivo disse que em 2016, quando o consumo de eletricidade estava em queda, os preços no mercado livre chegaram a cair tanto que a migração proporcionava descontos de 30 a 40 por cento em relação ao custo da eletricidade na distribuidora.

"É um mercado cíclico... aquele foi o momento ideal de migração...algumas empresas que estão entrando agora no mercado já fizeram a contratação de energia, mas hoje você não tem mais a mesma condição de preço, tem uma diferença muito grande", afirmou Vlavianos.

Bandeira vermelha

Os preços spot da eletricidade também influenciam o custo para os consumidores cativos, atendidos pelas distribuidoras, uma vez que PLDs elevados levam ao acionamento de bandeiras tarifárias amarela ou vermelha, que elevam o custo das contas de luz.

Atualmente, a bandeira está amarela, mas ela poderá ficar vermelha se a projeção ao final desse mês for de PLD acima de 422 reais por megawatt-hora em qualquer região do Brasil.

Os preços spot do Nordeste já estão há duas semanas em quase 427 reais por megawatt-hora para os patamares de carga médio e pesado.

"A gente acredita fortemente que vai ter pelo menos bandeira amarela nos próximos três meses, podendo ter bandeira vermelha já em abril", disse Pegorini.

O diretor de Regulação da comercializadora Safira, Fabio Cuberos, avalia que o cenário de chuvas fraco no período úmido, que termina no final de março, vai pressionar as bandeiras.

"Está bem no limiar... não me espantaria se saíssemos de amarela e fôssemos para vermelha já em abril. Em maio, sim, aí realmente já é esperado que haja bandeira vermelha, a não ser que abril venha muita chuva, o que não é a expectativa".

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