Alta de juros pode estimular investimentos estrangeiros no Brasil (.)
Da Redação
Publicado em 28 de abril de 2010 às 14h18.
Brasília - O mercado financeiro espera amplamente uma elevação da taxa básica de juros brasileira nesta quarta-feira (28). O Banco Central deve atender aos recados dos economistas, que já enxergam a inflação acima do centro da meta de 4,5% ao ano para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor-Amplo) traçada para 2010.
O último boletim Focus, elaborado pelo Banco Central, mostrou que os analistas elevaram as projeções para a inflação deste ano pela 14ª semana consecutiva, chegando a 5,41%. Há menos consenso sobre o percentual de aumento da Selic. O mercado está dividido entre 0,5 ponto percentual e 0,75 p.p., mas há até os que esperam um aumento de um ponto.
Segundo o economista sênior da consultoria da agência de rating Moody's Alfredo Coutiño, para reduzir o excesso de demanda no país nos dois primeiros trimestres de 2010, a taxa Selic deve acabar este ano entre 10% e 11%. "Quanto mais apertada estiver a política monetária, mais o câmbio brasileiro estará atrativo para os investidores estrangeiros", diz Coutiño. Com o mercado aberto a investimentos de fora, há possibilidade de aumento de importações e desgaste do balanço externo do país, diz ele.
Para o professor de Ciências Contábeis e Atuariais da Universidade de Brasília Roberto Piscitelli, não há uma razão clara para que o Brasil precise tanto dessa alta da Selic. "Isso pode representar um freio, um desestímulo aos investimentos. O crédito vai ficar mais caro e pode ser que fique mais escasso", posiciona-se.
Segundo Piscitelli, a alta pode tornar o crédito para aquisição de bens e consumos mais difícil. Já Paulo Francini, diretor-titular do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), acredita que o aumento da Selic não deve ter efeito imediato. A Fiesp se posiciona contra o aumento da taxa de juros.
A ata desta reunião será publicada na quinta-feira (6) da semana que vem.