Economia

Diretora do FMI foi executiva da Vale e consultora do Bird

Nas eleições do ano passado, Carla Grasso assessorou o candidato tucano à Presidência, Aécio Neves, na formulação de seu programa de governo


	FMI: Carla Grasso estará no terceiro nível, junto com dois diretores-gerentes adjuntos
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FMI: Carla Grasso estará no terceiro nível, junto com dois diretores-gerentes adjuntos (Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 14 de janeiro de 2015 às 18h20.

São Paulo e Nova York - Escolhida pela diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, para o novo cargo de diretora administrativa, a economista brasileira Carla Grasso conquistou a confiança de Lagarde em razão da "liderança excepcional, pensamento estratégico e forte experiência de gerenciamento operacional", de acordo com palavras da própria diretora-gerente.

Na hierarquia do Fundo, Lagarde é a número um, seguida pelo número dois, David Lipton, que oficialmente tem o cargo de primeiro diretor-gerente adjunto.

Carla estará no terceiro nível, junto com dois diretores-gerentes adjuntos.

Assumirá os cargos de diretora-geral adjunta e diretora administrativa no FMI no dia 2 de fevereiro - seu nome ainda precisa ser aprovado pela diretoria-executiva da instituição.

Nas eleições do ano passado, Carla assessorou o candidato tucano à Presidência, Aécio Neves, na formulação de seu programa de governo.

Próxima ao senador eleito Antonio Anastasia (PSDB), coube-lhe finalizar a parte econômica do programa tucano, que continha pontos como a defesa de autonomia operacional do Banco Central.

O plano foi coordenado pelo ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga.

O economista Mansueto Almeida, que trabalhou com Carla na equipe que assessorava o tucano no ano passado, diz que ela tem como ponto forte a organização.

"Ela é uma gestora muito boa, sabe lidar com as pessoas, é muito organizada", afirmou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

"Durante a campanha, resolvia qualquer problema. Ela é ótima para coordenar reuniões, estabelecer e cumprir prazos. É muito eficiente."

A ligação da executiva com os tucanos é antiga.

Ex-mulher de Paulo Renato - ministro da Educação do governo de Fernando Henrique Cardoso -, foi secretária de Previdência Complementar na gestão do presidente tucano.

Em Brasília, atuou também em funções nos ministérios da Fazenda e do Planejamento, além de trabalhar para o gabinete da Presidência.

A escolha de Carla para o cargo, segundo o FMI, levou em conta sua ampla experiência tanto no setor privado como público.

Ela trabalhou por 14 anos na Vale, onde de 2001 a 2011 foi vice-presidente de Recursos Humanos e Serviços Corporativos. Em sua passagem pelo cargo, teria coordenado, segundo fontes, um programa de demissão de 1,2 mil funcionários.

A executiva entrou na mineradora em 1997, logo após a privatização da empresa. Durante muito tempo, foi considerada uma espécie de braço direito do então presidente da Vale, Roger Agnelli. Foi com a chegada de Agnelli ao comando da companhia que ela acumulou poderes e assumiu a diretoria de Recursos Humanos.

Pouco antes de deixar a Vale, Agnelli defendeu a executiva, que tem cidadania italiana e é apontada por executivos como alguém de difícil trato. Agnelli a classificou como "dura, mas eficiente e exigente".

"Há esse desgaste, mas diretora de recursos humanos é sempre complicado, não é?", disse, na época, em entrevista, sobre a reclamação de ex-diretores de que "antes de demitir ela os fritava".

Carla também fez alterações no plano de previdência da Vale que desagradaram aos funcionários, mas foram bem recebidas pelo mercado por terem como foco "tornar a corporação mais eficiente".

A economista foi consultora do Banco Mundial (Bird), onde, de acordo com a nota do FMI, ganhou experiência com gastos públicos em países de baixa renda.

Carla possui mestrado em Política Econômica pela Universidade de Brasília e ministrou aulas na Pontifícia Universidade Católica de Brasília, no Centro Universitário do Distrito Federal e no Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), em São Paulo.

Em nota, o FMI informou que realizou um extenso processo seletivo mundial até escolher Carla.

"Tenho plena confiança de que encontramos uma gestora e líder formidável para integrar nossa equipe", disse Lagarde.

Carla vai cuidar de toda as funções administrativas da instituição, que tem sede em Washington e 188 países membros.

Vai coordenar o orçamento, recursos humanos, serviços gerais, tecnologia e auditoria interna.

A executiva ainda vai supervisionar as operações do FMI nas áreas de desenvolvimento de capacidade e treinamento.

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