Dilma e Lula: ela disse que não é possível fazer mudanças apenas pela vontade do presidente (Ricardo Stuckert/ Instituto Lula)
Da Redação
Publicado em 2 de setembro de 2014 às 15h47.
São Bernardo do Campo, São Paulo - A presidente Dilma Rousseff, que tenta à reeleição pelo PT, deu sequência à sua estratégia de ataque à candidata do PSB, Marina Silva, e acusou a adversária nesta terça-feira de propor o fim da política industrial do país, o que geraria desemprego.
"Fiquei muito preocupada com o programa (de governo) da candidata Marina, porque ela reduz a pó a política industrial", disse Dilma a jornalistas, pouco antes de fazer uma caminhada em São Bernardo do Campo (SP).
Segundo Dilma, a candidata do PSB está propondo tirar "o poder dos bancos públicos de participar do financiamento da indústria e da agricultura" e também é "contra a política de conteúdo local", que determina um percentual mínimo de produtos produzidos em território nacional para setores como o automobilístico e a indústria naval.
Na semana passada, Marina apresentou o programa de governo em que defende o fortalecimento do tripé macroeconômico (meta de inflação, câmbio flutuante e responsabilidade fiscal) e uma menor presença do Estado na economia.
"Fico muito preocupada quando querem acabar com o papel do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Sabe por que a indústria e a agricultura procuram o BNDES e não a um banco privado? Porque ele oferece prazos mais longos e taxas (de juros) menores e uma política específica de apoio aqueles setores que são importantes para a economia brasileira porque gera emprego", argumentou a presidente, que está tentando conter o crescimento de Marina entre o eleitorado.
Pesquisa Datafolha mostrou na última sexta-feira Dilma e Marina empatadas em primeiro lugar nas intenções de voto para o primeiro turno, mas a presidente perde para a candidata do PSB numa simulação de segundo turno.
"Nós temos uma métrica: é o que gera emprego. Gerou emprego é fundamental e é bom para o país. Desempregou, é ruim para o país", acrescentou Dilma.
"Essa é a métrica mais simples possível para aqueles que são comprometidos com o crescimento do país e o futuro do país", disse.
REFORMA POLÍTICA
Dilma voltou a defender a reforma política e anunciou que pretende votar na iniciativa de plebiscito popular que está sendo proposta pelos movimentos sociais e entidades como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sobre o tema.
"Eu acho que esse movimento liderado pela CNBB, pela CUT, pelos sindicatos, pelos movimentos ligados ao campo... ele vai até 7 de setembro. Eu pretendo inclusive nesse dia receber as propostas e votar no plebiscito", disse Dilma.
Numa tentativa de se contrapor à Marina, que também tem defendido a reforma política mas é apontada pelo PT como uma candidata que menospreza a democracia representativa e os partidos, Dilma disse que não é possível fazer mudanças apenas pela vontade do presidente.
"Não acredito que a vontade de uma pessoa, do presidente da República, por exemplo, mudam as estruturas políticas. Muda a estrutura política um movimento que combine toda a participação das pessoas pelo empoderamento dessa reforma, dos itens dela por um plebiscito e aí sim a presença das autoridades e das lideranças tanto do Executivo quanto do Parlamento", explicou a presidente.
A própria Dilma chegou a propor no ano passado, após as manifestações de junho, um plebiscito para fazer a reforma política, mas os congressistas não aprovaram sua proposta.
HOMOFOBIA
Dilma passou a defender ainda a aprovação de uma lei que criminalize a homofobia, tema que ela evitou defender na campanha de 2010.
A decisão da presidente de defender publicamente essa mudança legal, que é discutida há anos no Congresso, ocorreu depois que Marina divulgou uma nova versão do seu programa de governo recuando da posição de também defender a criminalização da homofobia.
Dilma viu aí mais uma oportunidade de conquistar eleitores que Marina pode ter perdido após a alteração no texto do programa.
A petista disse que o tema não é "uma questão religiosa" ou "partidária" e, sim, "de Estado".
"Não é admissível para nós que nós tenhamos as maiores taxas tanto de violência quanto de homicídio contra homossexuais, ser contra homofobia é uma questão de civilidade nesse país", argumentou.