Dilma deve receber salário de pelo menos R$ 290 mil na presidência do Banco dos Brics
Atual carteira da instituição financeira é de US$ 32 bilhões, e meta é investir mais US$ 30 bilhões até 2026 em obras de infraestrutura de economias emergentes
Agência de notícias
Publicado em 10 de fevereiro de 2023 às 19h40.
Última atualização em 24 de março de 2023 às 11h53.
A ex-presidente Dilma Rousseff deve receber um salário de pelo menos R$ 290 mil por mês caso seja confirmada a indicação do nome dela para a presidência do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), conhecido como o “ Banco do Brics ”. Dilma será a primeira mulher brasileira a dirigir um banco multilateral.
Segundo o último balanço anual divulgado pelo NBD, o total pago em salários e benefícios aos seis postos de chefia do banco — formados pela presidência e cinco vice-presidências — é de US$4 milhões por ano. O relatório contábil não discrimina o valor pago a cada um e informa somente o gasto global.
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Em um cenário hipotético, em que o valor fosse dividido igualmente entre os seis cargos, cada um receberia US$ 55,5 mil por mês — equivalente a R$ 290 mil mensais. O GLOBO questionou o banco sobre o valor exato, mas ainda não teve resposta.
Atualmente a instituição financeira tem uma carteira que soma US$ 32,8 bilhões financiados em 96 projetos pelo mundo. A meta, segundo relatório divulgado banco, é investir mais cerca de US$ 30 bilhões até 2026.
Brasil já recebeu US$ 5 bilhões
O NDB é um dos oito grandes bancos de desenvolvimento mundiais, ao lado de órgãos como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco Europeu de Investimento, Banco Africano de Desenvolvimento, Banco Asiático de Desenvolvimento, Banco Mundial, entre outros.
À frente do NDB, Dilma terá como missão mobilizar recursos para projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável nos Brics e em outras economias emergentes e países em desenvolvimento. No total, o Brasil já recebeu mais de US$ 5 bilhões do NBD desde sua fundação.
A China lidera esse ranking com mais de US$ 8 bilhões. Segundo um interlocutor da ex-presidente, sua indicação para presidir o banco seria também uma forma de reaproximar o Brasil da China, já que Dilma mantém boas relações com o presidente chinês Xi Jinping, que já estava no poder durante seu mandato.
O foco do banco é o financiamento de projetos de energia limpa e eficiência energética, infraestrutura de transportes, saneamento básico, proteção ambiental, infraestrutura social e digital. Tanto empresas privadas quanto órgãos públicos podem ter empréstimos aprovados pelo Banco dos Brics.
Obras financiadas
Entre alguns dos grandes projetos aprovados em 2022 estão a construção de uma linha de metrô na Índia e uma ponte rodoviária na China. No Brasil, foram aprovados no ano passado ações como um empréstimo para a prefeitura de Aracaju investir um valor de US$105 milhões para obras de saneamento básico, drenagem, pavimentação e recuperação de vias.
O NDB também aprovou um investimento de US$ 300 milhões para a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) realizar obras. Outro recurso destinado ao Brasil foi um valor de US$ 100,15 milhões para a Companhia Energética de Brasília (CEB) investir em lâmpadas de LED da iluminação pública da capital federal e construir uma usina solar fotovoltaica.
A instituição financeira foi fundada em 2014 e tem como sócios principais seus países fundadores: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Porém, o banco só passou a operar em 2016.
Combinados, os países sócios-fundadores somam 26% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial e concentram 42% da população. Recentemente a instituição que fica sediada em Xangai também admitiu como novos membros Bangladesh, Emirados Árabes Unidos, Egito e Uruguai.
Segundo publicou o jornal Valor Econômico, o NBD é o banco multilateral em que o Brasil tem a maior quantidade de ações (20%). No BID, por exemplo, sua fatia é de 11,35%, e no Banco Mundial de 2,21%. Dono de um quinto da participação no banco, o país é sócio paritário ao lado de algumas das maiores economias mundiais como China e Índia.