Economia

Dificuldade para acordo;é;clara em encontro com;representantes;da UE

Segundo o cônsul da Áustria, a União Européia fez concessões importantes em agricultura e não recebeu um tratamento equivalente do Brasil

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h56.

Não será fácil destravar as negociações entre Mercosul e União Européia (UE). É o que se pode deduzir de encontro promovido pela Fundação Armando Alvares Penteado (Faap) nesta quarta-feira (2/3). O I Fórum Brasil-União Européia reuniu cônsules da Áustria, França, Holanda, Alemanha e Polônia, entre outros. Também estiveram presentes como debatedores Rubens Ricupero, secretário-geral da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), Maurice Costin, diretor na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e Eduardo Correia de Matos, presidente da Portugal Telecom.

O cônsul da Áustria, Peter Athanasiadis, afirmou que tem dúvidas sobre a real intenção brasileira de fechar um acordo com a UE. "O Brasil insiste demais em agricultura. Pascal Lamy [ex-comissário europeu de comércio] fez concessões, foi duramente criticado por seus pares, e o Brasil não fez nada. Não tem acordo", disse o cônsul. Athanasiadis mencionou também dificuldades de investidores austríacos com a burocracia no país. "Há um caso de um investidor que teve de esperar dois anos para obter visto de trabalho no Brasil." Segundo o cônsul, muitos investimentos que poderiam vir para o Brasil seguem para a Índia e a China porque a economia brasileira ainda tem muitas travas.

"Essa franqueza nada diplomática é importante", afirmou Jan Eichbaum, cônsul geral de Luxemburgo, país que assumiu a presidência rotativa da Comissão Européia, braço executivo do bloco europeu. "Grande parte do custo Brasil é, na verdade, custo Brasília." Para exemplificar o peso das barreiras burocráticas, Eichbaum citou a proibição de os aviões da Cargo Lux saírem do Brasil carregados. A empresa luxemburguesa de transporte aéreo de cargas tem quatro vôos semanais para o aeroporto de Viracopos, no interior de São Paulo. "Mesmo que sejam peças da Embraer, somos proibidos de transportá-las."

Conselhos

A desoneração do setor privado proporciona bons resultados para a economia -- e para o próprio governo. Essa foi a mensagem do conselheiro comercial da Polônia, Piotr Maj. Segundo ele, a drástica redução da carga tributária sobre pessoas jurídicas realizada pelo governo polonês no ano passado, de 27,5% do faturamento bruto das empresas para 19%, duplicou a arrecadação fiscal em apenas três meses.

Para Maurice Costin, diretor do departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, um acordo UE-Mercosul seria importante porque os custos de produção agrícola do Brasil são infinitamente inferiores. "Evidente que é difícil convencer nossos parceiros europeus para que mudem de produção, deixando para nós o fornecimento de açúcar e carne, por exemplo." Já no que diz respeito à área industrial, Costin inverteu o tom: "A indústria brasileira precisa de tempo, porque os europeus já têm uma longa história de consolidação das capacidades industriais".

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