Indústria: na média do Brasil, perspectiva para emprego no momento atual caiu 1,2% (Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 23 de maio de 2014 às 16h11.
Rio - As dificuldades enfrentadas pelo setor industrial brasileiro atingiram em cheio a confiança do consumidor em termos de emprego no mês de maio.
Na capital São Paulo, rodeada pelo principal parque fabril do país, a perspectiva sobre o emprego local na situação atual piorou 2,4%.
"O pessimismo com mercado de trabalho em São Paulo ocorre justamente por conta da indústria", explicou a economista Viviane Seda, coordenadora da Sondagem do Consumidor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).
Na média do Brasil, a perspectiva para o emprego no momento atual caiu 1,2%.
"Mas ainda é favorável no trimestre", ponderou Viviane. O Rio de Janeiro é a única cidade que fugiu à tendência e apresentou queda menos intensa, de 0,9%.
"O Rio curiosamente faz um movimento diferente da média. Mas pode ser porque aqui não tem muita indústria, é mais serviços", explicou a economista.
Segundo Viviane, o Rio de Janeiro convive com as mesmas dificuldades macroeconômicas de juros, preços e endividamento das famílias, mas a concentração do mercado de trabalho no setor de serviços ainda garante algum alento.
"Os serviços ainda estão em momento favorável em questão de emprego, pelo menos mais favorável do que na indústria. Provavelmente estão sentindo menos pressão do mercado de trabalho (no Rio)", disse.
No acumulado do trimestre até maio, a percepção sobre o emprego atual subiu 10,8% no Rio, contra avanço de 1,5% em São Paulo.
Futuro
Em relação ao emprego nos próximos três meses, o consumidor parece ter reavaliado sua visão para algo bem menos otimista. Neste mês, o quesito apresentou retração de 9,1%.
Em São Paulo, a queda foi de 13,4%. Por faixas de renda, os que ganham até R$ 2,1 mil e os que têm salário familiar superior a R$ 9,6 mil são os mais pessimistas.
Segundo a pesquisa da FGV, a proporção dos que acham que será mais difícil arranjar emprego no futuro passou de 22,7% para 26,9%. Por outro lado, a fatia dos que preveem mais facilidade passou de 28,7% para 22,7%.
Compra de bens duráveis
Depois de ter apresentado alta mesmo com deterioração na confiança dos consumidores em abril, a intenção de compra de bens duráveis cedeu 3,7% em maio, em linha com a piora da percepção das famílias sobre a economia e as finanças.
Mas o setor de eletroeletrônicos ainda pode contar com o lucro trazido pelo aquecimento na venda de televisores, diante da proximidade com a Copa do Mundo.
Dos consumidores que pretendem adquirir um bem durável (sem contar veículos) nos próximos seis meses, 29,2% têm como primeira opção um eletroeletrônico, o maior porcentual desde agosto de 2012. Essa fatia era de 21,7% no mês passado.
Quem perdeu foram os eletrodomésticos (34,8% para 33,4%, o menor nível de toda a série), os computadores (10% para 5,7%) e os móveis (21,8% para 17,8%).
"Ainda que o índice tenha caído, a venda de eletroeletrônicos continua melhorando. Isso quer dizer que, para os outros itens, o cenário piorou muito", afirmou Viviane.