Dia nervoso pode prejudicar troca de títulos da dívida brasileira
Não foi um bom dia para a operação de troca de títulos (swap) soberanos do Brasil. O país está substituindo bradies (Par-Bonds, Discount-bonds e C-Bonds) por títulos Globals, com vencimentos em 2011 e 2024. Os títulos do tesouro americano (que balizam o preço dos papéis de países emergentes) vinham em alta nos últimos dias e […]
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h23.
Não foi um bom dia para a operação de troca de títulos (swap) soberanos do Brasil. O país está substituindo bradies (Par-Bonds, Discount-bonds e C-Bonds) por títulos Globals, com vencimentos em 2011 e 2024.
Os títulos do tesouro americano (que balizam o preço dos papéis de países emergentes) vinham em alta nos últimos dias e registraram forte elevação nesta terça-feira (29/7). Quando o rendimento do título americano sobe, força para baixo o preço do título dos países emergentes e empurra para cima o prêmio de risco (um valor a mais que deve ser pago para compensar os riscos que países de economias instáveis oferecerem aos investidores).
Os títulos americanos com dez anos, por exemplo, abriram o dia com rendimento de 4,28% e encerraram oferecendo 4,44%. O efeito sobre os mercados emergentes foi grande. O risco Brasil teve forte alta, de 3,44%, e fechou em 781 pontos base. O C-Bond registrou desvalorização de 1,78%, fechando com 87,46% do seu valor de face - abaixo do preço mínimo fixado no swap.
Segundo fontes do mercado, o Brasil ofereceu 88,75% pelo C-Bond na troca por globals. Quem acompanhou o dia diz que após a formação do preço de recompra, os investidores aproveitaram para realizar lucros. Para contrabalançar o movimento e viabilizar a troca de C-Bonds, o mercado acredita que será preciso elevar o prêmio de risco do papel.
Para complicar, os investidores demonstraram interesse por papéis de prazos menores, e o Brasil tenta justamente fazer o movimento oposto: trocar papéis de prazos mais curtos por outros com prazos mais longos. A tendência dificulta principalmente a troca dos C-Bonds.
Na avaliação dos analistas, o Brasil deu azar ao fazer a operação de troca neste clima. Não acredito que a operação ficará dentro das expectativas do governo , disse um operador. O esperado é que a operação faça uma troca de 1 bilhão de dólares a 1,5 bilhão, principalmente de Par-Bonds e Discouts-Bonds. Apenas uma pequena parcela deverá ser de C-Bonds. Os resultados do swap serão anunciados nesta quarta-feira (30/7).