Carro solitário anda nas ruas da cidade de Detroit: cidade apresentou falência de US$ 18 bilhões em 18 de julho (J.D. Pooley/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 6 de agosto de 2013 às 17h36.
Columbus - No Museu Histórico de Detroit, a carcaça de um Cadillac é reduzida novamente a um chassi. Manequins representam os trabalhadores. Murais mostram paisagens urbanas movimentadas que há muito tempo desapareceram.
Entre a coleção de cerca de 65 carros clássicos da instituição estão um Roadster Hupmobile 1924, um Packard Deluxe Eight, de 1950, e uma pré-produção do Ford Mustang, de 1963. Mas o futuro deste passado está em dúvida. Eles estão entre os ativos que podem ser vendidos para pagar os credores na maior falência municipal dos Estados Unidos.
Assim como Detroit pode não ser capaz de manter os símbolos do seu passado orgulhoso, também tem que superar seu legado. O negócio de automóveis, que em 1950 fez de Detroit a quarta maior cidade dos EUA, também permitiu sua destruição e despovoamento. Isso criou um lugar maior do que San Francisco, Boston e Manhattan juntos que hoje é impossível de ser mantido. O carro permitiu que os empregos migrassem para fora da própria cidade, e até mesmo desanimou a criação de um sistema de transporte regional.
"A cidade proporcionou tanto para nós e ainda hoje é uma parte profunda do que somos", disse Dan Kinkead, diretor executivo do Detroit Future City, um projeto de recuperação sem fins lucrativos, em uma entrevista por telefone. "Por outro lado, tem contribuído para alguns dos maiores desafios que enfrentamos agora".
Amor pelas rodas
Detroit apresentou falência de US$ 18 bilhões em 18 de julho e pode vender ativos, incluindo seus estacionamentos, e arrendar sua Belle Isle Park para o Estado. Embora o Gerente de Emergências, Kevyn Orr, tenha dito que não tem planos para descartar os ativos, como a coleção de carros e as pinturas do Instituto de Artes de Detroit, não há garantias de que um juiz vá protegê-los, disse Mike Smith, um ex-curador do Museu Histórico de Detroit.
A coleção de carros, avaliada em até US$ 15 milhões, deve ser preservada por causa da história, disse Smith, agora arquivista na Biblioteca Walter P. Reuther, na Wayne State University. "Esta é a Motor City", disse Smith. "Nós seguimos os carros, amamos nossos carros, vivemos em nossos carros, e podemos dirigir em todas partes".
Atingindo tijolos
Quase 24 por cento das famílias de Detroit não têm, agora, nenhum veículo disponível, o oitavo maior nível entre as cidades que têm pelo menos 200.000 famílias e atrás de cidades como Nova York, Washington e Boston com sistemas robustos de trânsito, de acordo com dados do Censo.
Centenas de milhões de dólares do governo federal disponíveis, sob as gestões dos ex-presidentes Gerald Ford e Jimmy Carter, não foram aproveitadas porque a cidade e os subúrbios não chegaram a acordo sobre qual sistema construir, disse Paul Hillegonds, um ex-orador da Câmara de Deputados de Michigan.
"Acho que a incapacidade de uma região espalhada de se unir em alguns projetos regionais como o trânsito, tem sido um desafio de longas décadas", disse Hillegonds, um republicano.
Cidade Vilarejo
Isso pode finalmente estar mudando. O legislativo votou no ano passado a criação de uma Autoridade Regional de Trânsito para o sudeste de Michigan, para estudar e implementar um sistema de trânsito. O governador republicano Rick Snyder nomeou, em janeiro, Hillegonds como presidente da entidade.
O Detroit Future City produziu um plano que inclui um sistema de transporte integrado público regional para 2030, com uma população da cidade estabilizada entre 600.000 e 800.000.
O grupo prevê um "programa de demolição/desconstrução maciça" e reaproveitamento de terrenos baldios, inclusive com fazendas urbanas. Os serviços seriam reconfigurados, com redução do número de luzes de rua pela metade e uso de energia solar para as lâmpadas em áreas desocupadas. Os bairros seriam agrupados dentro de meia milha das escolas, como nos vilarejos.
Não importa o quanto a região evolua, os automóveis lhe deram forma, é por isso que a coleção de carros deve ser preservada, disse Bob Sadler, diretor de marketing na Sociedade Histórica.
Passeando pela mostra com sua neta de 8 anos, Matthew Scott, de 59 anos, trabalhador de manutenção em Detroit, disse que espera que a cidade não venda os veículos porque ele quer que a nova geração de Detroit conheça seu patrimônio. "Por que pegar algo que é positivo e transformá-lo em negativo?", disse Scott.