Economia

Desemprego no Brasil atinge 14 milhões, o maior desde começo da pandemia

Com mais trabalhadores voltando a buscar emprego diante da flexibilização do isolamento, o desemprego oficial pode continuar crescendo nos próximos meses

Desemprego: 14 milhões de pessoas desocupadas no Brasil e outros 70 milhões desalentados (Amanda Perobelli/Reuters)

Desemprego: 14 milhões de pessoas desocupadas no Brasil e outros 70 milhões desalentados (Amanda Perobelli/Reuters)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 16 de outubro de 2020 às 09h55.

Última atualização em 23 de outubro de 2020 às 09h05.

O desemprego no Brasil chegou a taxa de 14,4% na quarta semana de setembro, leve crescimento em relação aos 13,7% da semana anterior.

Os números, referentes ao período entre 20 e 26 de setembro, são da Pnad Covid do IBGE, divulgados nesta sexta-feira, 16. O IBGE tem feito a pesquisa semanalmente para identificar os números de emprego no país.

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Já são 14 milhões de desempregados, cerca de 700.000 pessoas a mais do que na semana anterior. A coordenadora da pesquisa, Maria Lucia Vieira, afirmou em nota publicada pelo IBGE que há uma tendência de que as pessoas passem a buscar mais trabalho a partir de agora, acentuando a ausência de vagas.

A taxa da semana é a maior desde o começo das pesquisas semanais do IBGE, em maio, e maior do que as taxas divulgadas nas pesquisas trimestrais do instituto. O nível de desemprego no Brasil está nos piores patamares desde 2012, começo da série histórica consolidada do IBGE.

“Embora as informações sobre a desocupação tenham ficado estáveis na comparação semanal, elas sugerem que mais pessoas estejam pressionando o mercado em busca de trabalho, em meio à flexibilização das medidas de distanciamento social e à retomada das atividades econômicas”, disse em nota do IBGE.

Taxa de desocupação no Brasil na pandemia: setembro trouxe a maior alta da série (IBGE/Divulgação)

O IBGE só classifica como desocupado o trabalhador que está em busca de uma vaga. Há ainda na semana pesquisada outras 73,4 milhões de pessoas que não estavam trabalhando e não estão procurando trabalho.

Cerca de 21% desses trabalhadores afirmaram que não procuraram trabalho em virtude da pandemia ou por falta de trabalho na localidade. Segundo outros dados do IBGE, de agosto, esse grupo tem uma maior fatia de trabalhadores pretos e pardos do que brancos.

A pandemia levou o Brasil a ter mais da metade da mão de obra fora da força de trabalho.

Na outra ponta, são 83 milhões de brasileiros ocupados, número que pouco se alterou em relação à semana anterior. Segundo o IBGE, tem havido pouca variação no montante de pessoas empregadas.

Os brasileiros em home office

Ao todo, a semana até 26 de setembro teve 7,9 milhões de pessoas trabalhando remotamente no Brasil, o equivalente a menos de 10% dos trabalhadores ocupados.

Há ainda outras 2,7 milhões de pessoas empregadas mas que estão afastadas do trabalho devido à covid-19, por doença ou funções que não podem ser exercidas remotamente. Um percentual dessas pessoas perdeu parte da renda devido ao afastamento.

Segundo o IBGE, a maior proporção de pessoas trabalhando em casa está no grupo que tem Ensino Superior ou Pós-Graduação. 

Não tem havido uma grande modificação no contingente de pessoas em home office desde maio, quando o IBGE começou a divulgar os dados semanais.

O auge foi em algumas semanas de junho e julho (com cerca de 8,9 milhões de trabalhadores em home office, mas ainda assim sem passar de 12% dos trabalhadores em casa).

Isolamento diminui no Brasil

O isolamento também diminui na semana pesquisada pelo IBGE. Os números mostram que um grupo maior de pessoas está flexibilizando o isolamento e voltando a sair mais de casa.

O grupo de pessoas rigorosamente isolado caiu, enquanto aumentou o número de pessoas que continuou saindo ou recebendo visitas, embora tentando reduzir o contato com outras pessoas.

  • Rigorosamente isolada (31,6 milhões): 14,9% do total (redução de 2,2 milhões)
  • Ficou em casa e só saiu em caso de necessidade (84,6 milhões): 40% do total (estável)
  • Reduziu o contato com outras pessoas, mas continuou saindo de casa ou recebendo visitas (86,7 milhões): 41% do total (aumento de 1 milhão)
  • Não tomou nenhuma medida de restrição para evitar o contágio (7,4 milhões): 3,5% do total (aumento de 937.000). 

 

 

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