Economia

Desemprego é obstáculo para a saída da recessão econômica

No terceiro trimestre, a Espanha registrou 5.904.700 desempregados, ou seja, 72.800 a menos que no trimestre anterior


	Fila de desempregados na Espanha: jovens de entre 16 e 24 anos continuam sendo os mais afetados, 54,39% da população ativa estão desempregados
 (AFP / Cesar Manso)

Fila de desempregados na Espanha: jovens de entre 16 e 24 anos continuam sendo os mais afetados, 54,39% da população ativa estão desempregados (AFP / Cesar Manso)

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Da Redação

Publicado em 24 de outubro de 2013 às 16h27.

A Espanha registrou uma taxa de desemprego menor, de 26%, no terceiro trimestre, mas que ainda se mantém como uma das mais elevadas da zona do euro depois da Grécia, sinal de uma crise social que persiste apesar de um pequeno crescimento no mesmo período.

No final de setembro, a taxa de desemprego na Espanha se situou em 25,98%, caindo pelo segundo trimestre consecutivo, anunciou nesta quinta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE), que destaca que a redução deste trimestre é a maior desde o começo da crise em 2008.

O desemprego continua sendo o ponto negro da economia espanhola, em um momento em que o Produto Interno Bruto (PIB) deve voltar a crescer após nove trimestres consecutivos em queda.

No terceiro trimestre, a Espanha registrou 5.904.700 desempregados, ou seja, 72.800 a menos que no trimestre anterior, quando a taxa de desemprego se situou em 26,26% e registrou sua primeira queda em dois anos.

Contudo, na comparação anual, a tendência se mantém em alta, com 126.700 desempregados a mais.

Os jovens de entre 16 e 24 anos continuam sendo os mais afetados, 54,39% da população ativa estão desempregados.

O número de lares cujos membros ativos estão todos desempregados também caiu entre julho e setembro a 1.807.700, mas aumentou na comparação anual (69.800 famílias a mais) em um país com um total de 17.391.900 lares.

A crise social continua sendo, portanto, profunda, apesar de o país, duplamente atingido em 2008 pelo estouro da bolha imobiliária e o começo da crise financeira internacional, começar a sair timidamente da recessão em que estava submersa desde meados de 2011.


Segundo as previsões do Banco de Espanha, que devem ser confirmadas pelas cifras oficiais esperadas para 30 de outubro, a Espanha cresceu, no terceiro trimestre, 0,1%. Esta recuperação deve, contudo, ser modesta com uma queda prevista do PIB para este ano de 1,3% e alta de 0,7% no próximo, segundo as previsões de governo.

Este retorno ao crescimento não será suficiente para reduzir o desemprego de forma significativa, que deve ser de 25,9% no final de 2014, segundo o governo. A Comissão Europeia prevê um desemprego de 26,4% no próximo ano, o Fundo Monetário Internacional (FMI), 27% e a OCDE, 28%.

O Banco de Espanha destacou também na quarta-feira que "as ainda desfavoráveis perspectivas do mercado de trabalho" impedirão uma recuperação do consumo interno a curto prazo.

Enquanto o governo afirma que o país voltará a criar emprego no segundo semestre de 2014, os analistas se mantêm céticos: "a criação líquida de emprego não chegará à Espanha antes de 2016", considerou recentemente a Moody's Analytics.

Por regiões, Andaluzia (sul), a mais povoada da Espanha, continua sendo a mais afetada, com uma taxa de desemprego de 36,37%. Esta região, tradicionalmente agrícola, onde a construção acabou se transformando em um fator primordial durante o boom imobiliário, viu sua economia desacelerar constantemente desde 2008.

A região com menos desemprego é o País Basco (norte), com um taxa de 15,84%, embora também enfrente dificuldades.


Recentemente, o fabricante de eletrodomésticos Fagor, marca emblemática da economia basca, que emprega 5.700 pessoas na Espanha e no exterior, anunciou um pré-concurso de credores diante de suas dificuldades de liquidez.

Neste contexto, o governo conservador mantém seu esforço buscando economizar 150 bilhões de euros entre 2012 e 2014, e se dispõe a votar no parlamento um novo orçamento caracterizado pela austeridade, que afeta especialmente funcionários públicos e aposentados.

As organizações humanitárias continuam preocupadas pelo impacto social da crise. A organização católica Cáritas alertou este mês sobre um "processo de empobrecimento da sociedade espanhola".

A Cáritas destacou que mais de três milhões de pessoas, neste país de 47 milhões de habitantes, vivem com menos de 307 euros por mês e que a taxa de pobreza, que inclui pessoas que ganham menos de 7.355 euros ao ano, alcançou 21,1%.

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