Economia

Denúncia contra Diniz não diz respeito ao governo Lula, afirma Dirceu

O envolvimento de um assessor de confiança do governo federal com cobranças de propina ao jogo do bicho no Rio de Janeiro, denunciado em reportagem da revista Época, não tem nenhuma relação com a administração Lula, já que ocorreram antes de o Partido dos Trabalhadores (PT) chagar ao Palácio do Planalto. O argumento em defesa […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h26.

O envolvimento de um assessor de confiança do governo federal com cobranças de propina ao jogo do bicho no Rio de Janeiro, denunciado em reportagem da revista Época, não tem nenhuma relação com a administração Lula, já que ocorreram antes de o Partido dos Trabalhadores (PT) chagar ao Palácio do Planalto. O argumento em defesa da cúpula petista foi um dos usados pelo ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, na primeira declaração pública desde que o caso foi divulgado.

"O governo agiu imediatamente, exonerando o subchefe de assuntos parlamentares e mandando a autoridade competente instaurar inquérito policial", disse o ministro. Ele afirmou que qualquer outra iniciativa cabe às autoridades do Ministério Público, às autoridades da polícia judiciária e ao parlamento brasileiro.

Waldomiro Diniz, antigo assessor de Dirceu, ocupava a subchefia parlamentar do Ministério da Articulação Política e foi exonerado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva após denúncia publicada pela revista Época. Segundo a reportagem, Diniz negociou dinheiro para campanhas eleitorais - além de pedir propina para ele mesmo - com o bicheiro Carlos Augusto Ramos. A revista troxe a transcrição de um vídeo no qual o ex-assessor aparece acertando o esquema de suborno com o bicheiro, em 2002. Na ocasião, Diniz presidia a Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj).

As declarações do ministro foram dadas hoje na abertura dos trabalhos do Congresso Nacional. Na cerimônia, deputados e senadores petistas fizeram uma defesa uníssona de Dirceu, do governo e do partido. Colaboraram na defesa da administração Lula o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP).

O presidente do PT, José Genoino, voltou a tentar esvaziar a denúncia contra Diniz, relacionando a revelação a interesses políticos do PSDB. Segundo Genoino, o promotor José Roberto Santoro, que detém a fita, trabalhava para o Ministério da Saúde em 2002, período em que o presidente do PSDB José Serra era o titular da pasta.

Os partidários do governo e a oposição no Senado contam as assinaturas para abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as denúncias contra Diniz. No PMDB, maior bancada no Senado, o líder Renan Calheiros (AL) conversou com os correligionários sobre o assunto. Ele é contra a instalação da comissão. O PT, que conta com 13 senadores, reúne-se amanhã (17/2) para decidir qual será a posição do partido diante da proposta de CPI. Os demais partidos do bloco de apoio ao governo (PSB/PTB/PL) aguardam a decisão.

Na oposição, só o PSDB definiu posição: dez dos 11 senadores concordam em assinar o requerimento proposto pelo colega Antero Paes de Barros (PSDB-MT). Apenas o senador Eduardo Siqueira Campos (TO) recusou-se a assinar o pedido de CPI.

Já no PFL, que conta com 17 senadores, a indefinição continua. O partido realizaria amanhã uma reunião extraordinária de sua Executiva Nacional para tratar da questão. O encontro foi cancelado no final da tarde. Pela manhã, o senador Antonio Carlos Magalhães (BA) afirmou que não assinaria o requerimento por julgar que não há qualquer indício de envolvimento de José Dirceu nas denúncias feitas contra Diniz.

Juntos, PSDB e PFL contam com 28 senadores, número que ultrapassaria os 27 mínimos exigidos para a abertura de uma CPI no Senado. No entanto, o PSDB dará dez assinaturas e o PFL, em princípio, 11. Dos 16 pefelistas, não devem assinar o requerimento, os três representantes da Bahia ACM, César Borges e Rodolpho Tourinho além da senadora Roseana Sarney (MA), Edison Lobão (MA) e o senador João Ribeiro (TO). Com isso, são 21 nomes pela abertura da CPI.

A diferença viria da adesão dos cinco senadores do PDT Almeida Lima (SE), Augusto Botelho (RR), Jefferson Pérez (AM), Juvêncio da Fonseca (MS) e Osmar Dias (PR) somados aos nomes de Heloísa Helena (sem partido/AL).

Paes de Barros, que atualmente preside a CPI mista que investiga irregularidades ocorridas no Banestado, espera conseguir as 27 assinaturas mínimas para a instalação da comissão até quarta-feira. Além da instalação da CPI, o senador quer o afastamento temporário do cargo do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, até que sejam concluídas as investigações da CPI e da Polícia Federal.

Por determinação do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, a Polícia Federal abriu inquérito, que correrá no Rio. As investigações serão comandadas pelo delegado Antônio César Fernandes Nunes, que atua na Superintendência da Polícia Federal do estado.

Com informações da Agência Brasil

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