Economia

Demanda é principal receio sobre inflação no 2o semestre

São Paulo - Após surpreender no primeiro semestre, a inflação deve desacelerar nos próximos meses, mas o ritmo tende a ser limitado pela força da demanda doméstica --forçando o Banco Central a manter o aperto monetário já em curso, pelo menos por ora. Analistas avaliam que, apesar de o governo já ter agido para limitar […]

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Da Redação

Publicado em 7 de julho de 2010 às 16h51.

São Paulo - Após surpreender no primeiro semestre, a inflação deve desacelerar nos próximos meses, mas o ritmo tende a ser limitado pela força da demanda doméstica --forçando o Banco Central a manter o aperto monetário já em curso, pelo menos por ora.

Analistas avaliam que, apesar de o governo já ter agido para limitar o crescimento, as medidas de desaquecimento ainda demoram um pouco para chegar à economia real.

"Deve ter uma desaceleração lenta porque ainda há alguns fatores de pressão, como o mercado de trabalho que ainda está aquecido, e isso vai pesar sobre os preços de serviços", avaliou Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schahin.

"A inflação acaba o ano bem acima do centro da meta, a 5,4 por cento, por conta muito do primeiro semestre, que ficou acima do esperado muito pelo choque de alimentação e também do reajuste das tarifas de transportes públicos, que se concentraram nesse período."

A média mensal da inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) na primeira metade do ano foi de 0,51 por cento, e a previsão de analistas consultados pela Reuters para o segundo semestre é de média entre 0,35 e 0,40 por cento.

Uma taxa mensal compatível com o centro da meta, de 4,5 por cento, teria sido de 0,37 por cento.

A inflação superou as previsões do mercado no início do ano, provocando revisões para cima nas estimativas de 2010 e contribuindo para que o ciclo de aperto monetário começasse em abril.

Os alimentos seguem como uma incógnita no segundo semestre, já que são normalmente produtos voláteis, mas a expectativa é de que a forte alta de 4,5 por cento do primeiro semestre não se repita na mesma escala.

No começo do ano, o clima quente e chuvoso prejudicou muitas colheitas. Em junho, os preços de alimentos tiveram o maior recuo em 11 anos, ajudando o IPCA a ficar estável.

Cautela

O principal fator de pressão previsto neste segundo semestre vem do impacto da demanda interna.

"O efeito da desaceleração da economia vai ficar mais claro no último trimestre deste ano, mas principalmente no primeiro trimestre de 2011", afirmou Newton Rosa, economista-chefe do SulAmerica Investimentos.

Assim, a política monetária tende a continuar sendo apertada, mas há a perspectiva de um abrandamento do ritmo desse ajuste, até que seja encerrado ainda neste ano.

"A inflação ainda vai mostrar necessidade de aperto monetário, mas cada vez menor... Prevemos nova alta de 0,75 ponto da Selic em julho e altas menores em setembro e outubro, com interrupção em outubro", estimou Jankiel Santos, economista-chefe do Bes Investimento.

O BC já promoveu dois aumentos de 0,75 ponto percentual no juro básico, levando a taxa para 10,25 por cento ao ano --a mais alta desde abril do ano passado.

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