Deficit das contas externas deve fechar 2016 em 1% do PIB
O resultado, que consta em levantamento divulgado pelo Ipea, está abaixo da média histórica do país, que é de 1,8% do PIB
Agência Brasil
Publicado em 3 de novembro de 2016 às 19h29.
Última atualização em 3 de novembro de 2016 às 19h51.
O deficit das contas externas do Brasil deve fechar 2016 em torno de 1% do produto interno bruto (PIB), que é soma de todas as riquezas produzidas pelo Brasil.
O resultado, que consta em levantamento divulgado hoje (3) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), está abaixo da média histórica do país, que é de 1,8% do PIB .
De acordo com a Carta de Conjuntura, documento produzido pelo Ipea que avalia dados econômicos divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as contas externas brasileiras "permanecem em uma trajetória de ajuste, com expressiva redução do deficit em transações correntes".
No acumulado do ano até setembro, o deficit ficou em US$ 13,6 bilhões, redução superior a 70% na comparação ao número do mesmo período de 2015 (US$ 49,214 bilhões).
"Na verdade, não é exagero afirmar que o país já 'completou' o ajuste de suas contas externas, no sentido em que o deficit em transações correntes já atingiu nível inferior à sua média histórica", diz o autor do estudo, o técnico de planejamento e pesquisa do Ipea Fernando Ribeiro.
Segundo Ribeiro, a queda do deficit pode ser explicada, principalmente, pelo aumento do superavit comercial. "Com efeito, a balança comercial brasileira vem registrando, desde o final de 2015, superavits comerciais bastante robustos, da ordem de US$ 3 bilhões a US$ 5 bilhões ao mês, e, no acumulado de janeiro a outubro, o superavit alcançou US$ 38,5 bilhões, três vezes mais que o número dos primeiros dez meses de 2015", diz trecho do levantamento
A queda "extraordinária" das importações, segundo o Ipea, é um dos fatores para a melhoria da balança comercial. "Os dados dessazonalizados mais recentes sugerem, contudo, que está havendo certa estabilização das importações e uma nova queda nas exportações, levando à redução dos saldos comerciais. Desta forma, em termos anualizados, o saldo dessazonalizado alcançou um pico histórico de cerca de US$ 60 bilhões em maio último, recuando nos últimos meses para valores mais próximos de US$ 40 bilhões", pondera Ribeiro no levantamento.
Fluxo de capital
De acordo com a Carta de Conjuntura, os fluxos líquidos de capitais do país tiveram uma redução de 68,8% no período de janeira a setembro na comparação com igual período de 2015, menor valor para o período nos últimos dez anos.
"Na prática, apenas duas rubricas registraram entradas significativas de capital: investimentos diretos, com US$ 46,3 bilhões, e empréstimos e títulos de curto prazo negociados no mercado externo, com saldo líquido de US$ 11,8 bilhões", diz o estudo.
No outro extremo, segundo o Ipea, o saldo negativo de US$ 11,4 bilhões dos investimentos em carteira, ocorreu, principalmente, em virtude do retorno líquido de US$ 15,6 bilhões de aplicações em títulos negociados no mercado externo.
"Em quase todos os meses deste ano as saídas de investidores estrangeiros desses títulos superou as novas aplicações. Tal fato está certamente associado ao elevado grau de incerteza política vivido pelo país e com a perda do "grau de investimento" por parte das principais agências internacionais de classificação de risco".