Economia

Defasagem do diesel no Brasil salta para 25% com alta do petróleo

O último aumento concedido para o diesel pela Petrobras foi no dia 11 de março, de 24,9%

O Brasil importou 25% de todo o diesel que consome em 2021 (Jim Wilson/The New York Times)

O Brasil importou 25% de todo o diesel que consome em 2021 (Jim Wilson/The New York Times)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de abril de 2022 às 10h36.

Última atualização em 27 de abril de 2022 às 10h38.

A defasagem média do preço do diesel no mercado interno aumentou de 18% para 25% entre a segunda-feira, 25, e a terça-feira, 26, informa a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), inviabilizando as importações do combustível pelas médias e pequenas empresas do setor.

Segundo a Abicom, além da alta do câmbio, que opera em patamar elevado, pressionando os preços domésticos dos produtos importados, a oferta apertada do produto segue pressionando os preços futuros. No momento, futuros do Brent são negociados em torno dos US$ 106 por barril.

O Brasil importou 25% de todo o diesel que consome em 2021 e as perspectivas são de repetir o volume este ano, devido à limitação do parque de refino.

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Segundo o sócio da Leggio Consultoria, Marcus D'Ellia, em live na noite de terça na agência epbr sobre o downstream brasileiro, existe uma grande preocupação em relação ao déficit de diesel no País, enquanto a gasolina segue com uma defasagem menor em relação ao mercado internacional, e não sofre risco de desabastecimento como o diesel.

"Quando se olha o ciclo diesel, essa é a grande preocupação. 25% da demanda é um gap importante e não se vê investimentos no País para suprir esse déficit. É muito difícil justificar investimentos de um combustível que tem data de validade", avaliou D'Ellia, referindo-se à transição energética que prevê a redução do consumo de petróleo nos próximos anos. "Quando a gente olha o Brasil, a demanda de gasolina começa a cair em 2038 mas o diesel tem um horizonte maior, e, 2040. Ou seja, você vai ter uma demanda crescente até 2040", informou.

Apesar do acordo entre a Petrobras e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para quebrar o monopólio do refino, em troca da suspensão de processos contra a estatal, apenas uma refinaria foi vendida, na Bahia, rebatizada de Refinaria de Mataripe, controlada pela Acelen, braço do fundo de investimentos árabe Mubadala.

A defasagem do preço dos combustíveis no mercado brasileiro é um dos fatores que têm impedido a venda das refinarias. O último aumento concedido para o diesel pela Petrobras foi no dia 11 de março, de 24,9%. No mesmo dia, a gasolina foi reajustada em 18 7%.

Desde que assumiu a refinaria baiana, a Acelen tem feito reajustes de preços quase semanais e a defasagem medida no porto de Aratu é menor do que a registrada na média do País.

Enquanto nos portos de referência da Petrobras a defasagem chega a 27% (Itaqui e Suape), na Bahia é de 17%. A empresa está investindo R$ 500 milhões para modernizar e ampliar a produção da unidade.

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