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Crise na Petrobras afeta grupos do Porto do Açu

O estremecimento das relações da Petrobras com as empreiteiras chegou ao consórcio Integra Offshore, instalado no Terminal 2 do Porto do Açu

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Da Redação

Publicado em 2 de fevereiro de 2015 às 11h26.

São João da Barra, RJ - O estremecimento das relações da Petrobras com as empreiteiras chegou ao consórcio Integra Offshore, instalado no Terminal 2 do Porto do Açu.

Formado por OSX e Mendes Junior , ele tem contrato para construir e integrar módulos de duas plataformas da estatal.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Campos, São João da Barra e Quissamã, desde o fim do ano passado, a Integra dispensou mais de 500 trabalhadores, mantendo apenas 150.

O presidente do sindicato, João Cunha, atribuiu as demissões a um ajuste imposto pela Petrobras aos estaleiros.

A estatal estaria fazendo um inventário para identificar pagamentos de funcionários, serviços executados e materiais disponíveis em suas encomendas. O objetivo seria segurar custos.

No Açu é possível ver o avanço das estruturas de uma das plataformas, mas o movimento de caminhões e pessoal no canteiro é fraco.

Segundo fontes, houve protestos. A Integra confirmou que, em dezembro, "foram desmobilizados 122 colaboradores e mantidos no seu efetivo aproximadamente 540 pessoas".

A Mendes Junior é uma das 23 empresas que tiveram contratos futuros com a Petrobras bloqueados por causa das denúncias da Operação Lava Jato e estaria na iminência de pedir socorro à Justiça.

A situação financeira de sua sócia na Integra, a empresa de construção naval OSX, não é melhor.

A companhia fundada por Eike Batista já está em recuperação judicial e tem uma dívida bilionária. Operários temem que as empresas desistam do projeto.

A Petrobras não recebeu um pedido de mudanças na composição do consórcio ou cessão do contrato. A estatal afirma que "não fez quaisquer solicitações para redução de gastos, paralisação de atividades ou dispensa de funcionários".

Segundo a empresa, os módulos da plataforma P-67 estão em estágio avançado, mas o prazo de entrega, previsto para 2016, será reavaliado após a rescisão do contrato de módulos de compressão. A Integra ainda poderia construir módulos para uma terceira plataforma, mas a opção não foi exercida pela Petrobras.

Esqueleto

O consórcio fica em uma área dentro dos 3,2 quilômetros quadrados alugados à OSX no Açu. No lugar do que seria o maior estaleiro do País, entretanto, há apenas um esqueleto metálico enferrujando. Negociar o aluguel do espaço para outras empresas é um dos desafios da Prumo em 2015.

A dona do Açu foi incumbida de realocar a área no plano de recuperação judicial da OSX, de quem tem a receber créditos de até R$ 600 milhões. A expectativa é que meia dúzia de empresas ocupem o espaço, pagando ao menos R$ 80 por metro quadrado.

Em 2015, também é esperado o avanço do projeto de construção de uma base offshore para a Petrobras pela americana Edison Chouest, considerada a porta de entrada da estatal no Açu.

A empresa era apontada como vencedora da licitação de seis berços para atender às bacias de Campos e do Espírito Santo, mas a prefeitura de Macaé obteve a suspensão da concorrência na Justiça.

Segundo a Petrobras, a licitação foi retomada em dezembro por decisão da 21ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio.

"A Petrobras está em fase final de discussão das condições comerciais do contrato com o Grupo Edison Chouest Offshore, detentor da melhor proposta recebida", informou ao jornal O Estado de S. Paulo.

Acesso

Entre os nós que a Prumo precisa desatar está ainda a melhora do acesso logístico ao porto, hoje restrito a caminhões que chegam pela BR-101 e outras três rodovias. A empresa tem um terminal multicargas prestes a entrar em operação e negocia criar um terminal destinado ao embarque de soja. O acesso ferroviário ao Açu daria maior eficiência e rentabilidade aos terminais.

A Prumo conta com a licitação de dois trechos de ferrovias previstos no Programa de Investimentos em Logística (PIL) do governo federal: a EF118, que ligará Vitória e Rio; e a ferrovia que vai conectar Anápolis (GO), passando por Minas Gerais, a Campos dos Goytacazes, cidade a 43 Km do Porto do Açu.

Em 2013, os governos do Rio de Janeiro e do Espírito Santo fizeram um convênio para desenvolver juntos o projeto de engenharia da EF118, já entregue ao governo federal. Segundo o secretário estadual de Transportes do Rio, Carlos Osorio, ainda não está definido se atores privados como o Porto Central, no Espírito Santo, e o Açu, no Rio, terão de arcar com custos como a construção de ramais ferroviários que farão sua ligação com a ferrovia.

"Os portos aumentam o volume potencial de carga transportada pela ferrovia, enquanto a ferrovia firmaria esses portos como entrepostos logísticos. O Açu já é uma realidade mas uma ferrovia seria um grande impulso", diz Osorio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

São Paulo - Depois de 16 meses de investigações, 36 pessoas que estavam na mira da Operação Lava Jato foram denunciadas pelo Ministério Público Federal. Este, contudo, seria apenas o começo, de acordo com Rodrigo Janot, procurador-geral da República e chefe do MPF. Ao todo, 23 pessoas ligadas às empresas Camargo Corrêa , Engevix, Galvão Engenharia , Mendes Júnior , OAS e UTC também foram denunciadas pela Procuradoria. O MPF estima que 286 milhões de reais tenham sido movimentados no esquema e espera um ressarcimento mínimo de 971,5 milhões de reais.

Se o juiz Sérgio Moro, responsável pelo caso, acatar a denúncia, os 35 envolvidos serão julgados por crime de organização criminosa, lavagem de dinheiro e crime de corrupção. Segundo o relatório divulgado pela Procuradoria, as penas podem chegar a 127 anos de detenção, caso o réu seja considerado culpado pelos crimes de organização criminosa, 3 atos de corrupção e 3 atos de lavagem de dinheiro. A Mendes Júnior, por exemplo, teria acumulado 53 atos de corrupção. Veja a lista de penas possíveis para cada crime:
CrimePena mínimaPena Máxima
Organização criminosa4 anos e 4 meses13 anos e 4 meses
Corrupção2 anos e 8 meses21 anos e 4 meses
Lavagem de dinheiro4 anos16 anos e 8 meses
Veja a lista dos 35 denunciados no esquema de corrupção da Petrobras.
  • 2. Mendes Junior + GFD

    2 /7(Divulgação)

  • Veja também

    Mendes Junior + GFD
    Denunciados16
    Corrupção da empresa (R$)71.602.688,48
    Ressarcimento buscado (R$)214.808.065,45
    Valor envolvido na lavagem (R$)8.028.000,00
    Número de atos de corrupção e lavagem53 corrupções e 11 lavagens + 30 lavagens
  • 3. Camargo Corrêa + UTC

    3 /7(Divulgação)

  • Camargo Corrêa + UTC
    Denunciados10
    Corrupção da empresa (R$)86.457.578,91
    Ressarcimento buscado (R$)343.033.978,68
    Valor envolvido na lavagem (R$)36.876.887,75
    Número de atos de corrupção e lavagem11 corrupções e 7 lavagens
    Veja o posicionamento da Camargo Corrêa e da UTC “A Construtora Camargo Corrêa esclarece que pela primeira vez seus executivos terão a oportunidade de conhecer todos os elementos do referido processo e apresentar sua defesa com a expectativa de um julgamento justo e equilibrado.”
    "Os advogados da UTC não tiveram acesso à denúncia e só se manifestarão depois de analisá-la."
  • 4. Engevix

    4 /7(Divulgação/ Engevix)

    Engevix
    Denunciados9
    Corrupção da empresa (R$)52.977.089,89
    Ressarcimento buscado (R$)158.931.269,69
    Valor envolvido na lavagem (R$)13.432.500,00
    Número de atos de corrupção e lavagem33 corrupções e 31 lavagens
    Veja o posicionamento da Engevix: "A Engevix, por meio dos seus advogados, prestará os esclarecimentos necessários à justiça."
  • 5. Galvão Engenharia

    5 /7(Divulgação/ Galvão Engenharia)

    Galvão Engenharia
    Denunciados7
    Corrupção da empresa (R$)46.063.344,24
    Ressarcimento buscado (R$)256.546.958,55
    Valor envolvido na lavagem (R$)5.512,430,00
    Número de atos de corrupção e lavagem37 corrupções e 12 lavagens
  • 6. OAS

    6 /7(REUTERS/Aly Song)

    OAS
    Denunciados9
    Corrupção da empresa (R$)29.321.227,22
    Ressarcimento buscado (R$)213.039.145,36
    Valor envolvido na lavagem (R$)10.300.038,93
    Número de atos de corrupção e lavagem20 corrupções e 14 lavagens
  • 7. Veja outras matérias sobre a corrupção na Petrobras

    7 /7(Vanderlei Almeida/AFP)

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