Economia

'Criador de consensos', Azevêdo assume direção da OMC

Principal desafio de Roberto Azevêdo será desbloquear as negociações da Rodada do Desenvolvimento de Doha, lançadas em 2001 e estagnadas desde meados de 2008


	O novo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o embaixador Roberto Carvalho de Azevêdo: desde 2008 ele foi embaixador do Brasil na OMC em Genebra
 (Antonio Cruz/ABr)

O novo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o embaixador Roberto Carvalho de Azevêdo: desde 2008 ele foi embaixador do Brasil na OMC em Genebra (Antonio Cruz/ABr)

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Da Redação

Publicado em 1 de setembro de 2013 às 15h58.

Genebra - O novo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o brasileiro Roberto Azevêdo, assume nesta segunda-feira, após uma bem-sucedida carreira diplomática, onde se especializou em comércio internacional.

Azevêdo, de 55 anos, foi desde 2008 embaixador do Brasil na OMC em Genebra. Ele tem experiência de mais duas décadas em assuntos econômicos e comerciais. Ao longo da carreira, ganhou a reputação de ser um negociador experiente e confiável, assim como um 'criador de consensos'.

Boa parte de seus argumentos de campanha se basearam em seu profundo conhecimento da organização, de seus mecanismos, potencialidades e de conhecer por dentro os delicados 'equilíbrios de poder' da OMC.

O principal desafio de Azevêdo será desbloquear as negociações da Rodada do Desenvolvimento de Doha, lançadas em 2001 e estagnadas desde meados de 2008, pouco após sua nomeação como representante brasileiro na OMC.

Ao longo de sua carreira, o diplomata participou de várias das mais importantes conferências ministeriais, o principal órgão de decisão da organização. Ele esteve a ponto de fechar na OMC um acordo essencial para aumentar o nível de liberalização do comércio internacional, mas divergências insolúveis entre os países mais influentes levaram a um fracasso das negociações.

Estados Unidos e União Europeia promoviam, com algumas concessões, a liberalização da agricultura e principalmente dos intercâmbios de bens industriais e, em menor medida, de serviços.

As bases desse acordo provocavam muito insatisfação em vários países em desenvolvimento, particularmente na Índia, que pedia que fossem incorporadas cláusulas que permitissem ignorar as regras em casos de emergência, o que não foi aceito pelos seus parceiros comerciais.

Durante sua campanha pelo cargo máximo da OMC, Azevêdo visitou mais de 50 de países para reunir apoios, suficientes para vencer na última rodada do processo de seleção o ex-ministro de Indústria e Comércio do México, Hermínio Blanco, um grande negociador de acordos bilaterais de comércio.


Seus críticos consideravam que os principais atrativos de Azevêdo para ser eleito diretor-geral eram juventude e carisma, mas faltava a ele experiência nos níveis mais altos da gestão pública.

Azevêdo tem uma sólida experiência profissional: entrou no Itamaraty em 1984 e trabalhou nas embaixadas de Washington e Montevidéu. Foi responsável adjunto para Assuntos Econômicos no Ministério das Relações Exteriores entre 1995 e 1997 e depois enviado a Genebra, onde assumiu diferentes responsabilidades nas missões diplomáticas na sede europeia da ONU e outros organismos internacionais, inclusive a OMC.

Em 2001, participou da criação da Coordenação-Geral de Contenciosos do Itamaraty, e a dirigiu durante quatro anos.

Nesse posto teve que lidar com disputas comerciais, como a entabulada pelo Brasil contra os Estados Unidos por causa dos subsídios ao algodão e contra a União Europeia pelos benefícios à exportação de açúcar.

Azevêdo é casado com a embaixadora do Brasil na ONU em Genebra, Maria Farani Azevêdo, tem três filhas e é fluente nos três idiomas oficiais da OMC: espanhol, inglês e francês. EFE

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