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Crescimento do PIB nunca esteve tão abaixo do seu potencial

"Há uma folga grande para a recuperação da economia mesmo sem uma imediata retomada mais intensa do crescimento potencial", diz Ronaldo de Castro Souza Júnior

peixe pequeno, crescimento, small cap (Thinkstock)

João Pedro Caleiro

Publicado em 10 de setembro de 2016 às 08h00.

São Paulo - O PIB brasileiro não ficava tão abaixo do seu potencial há pelo menos 24 anos, de acordo com cálculos feitos por José Ronaldo de Castro Souza Júnior.

Ele é coordenador do Grupo de Estudos de Conjuntura (Gecon) da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e publicou o resultado em revista do órgão.

"Em termos de capacidade instalada, há uma folga grande para a recuperação da economia mesmo sem uma imediata retomada mais intensa do crescimento potencial", diz ele no texto.

O PIB potencial é, a grosso modo, a capacidade produtiva instalada de uma economia. É quanto o PIB pode crescer sem gerar pressões inflacionárias, ou seja: o quanto ele é capaz de prover em termos de oferta.

Calcular isso não é fácil e o resultado depende muito da metodologia utilizada, que sempre vai escolher certos critérios em detrimento de outros.

Os números de José Ronaldo mostram que o PIB cresceu acima do seu potencial entre meados de 2012 e o início de 2014, mas que desde então vem ficando abaixo.

A janela que era de meros 0,07% negativos saltou para 6,39% no primeiro trimestre desse ano, número que só rivaliza com o início de 2009 (5,38% de hiato) e 1992 (quando flutuou entre 5% e 6%).

"Após quedas tão expressivas da produção e da renda, que resultaram na abertura de um grande hiato entre o PIB e o produto potencial (estimado em 6,4%), a grande questão que se coloca agora é o que fazer para restaurar a confiança dos agentes econômicos."

Ele sugere mudanças que aumentem a flexibilidade e eficiência na gestão dos gastos públicos, além de lembrar que o país está envelhecendo rapidamente e que isso faz disparar o gasto com Previdência Social.

Veja a seguir o hiato do produto calculado pelo Ipea entre 1992 e o primeiro trimestre de 2016:

TrimestreHiato de Produto
1992 T1-6,03%
1992 T2-5,64%
1992 T3-6,22%
1992 T4-5,10%
1993 T1-4,21%
1993 T2-3,95%
1993 T3-3,78%
1993 T4-3,42%
1994 T1-3,21%
1994 T2-3,87%
1994 T3-0,29%
1994 T43,81%
1995 T12,92%
1995 T21,14%
1995 T3-1,43%
1995 T4-1,03%
1996 T1-0,85%
1996 T2-1,14%
1996 T31,83%
1996 T40,10%
1997 T10,37%
1997 T20,37%
1997 T31,45%
1997 T41,77%
1998 T1-1,35%
1998 T20,15%
1998 T3-0,22%
1998 T4-1,83%
1999 T1-2,61%
1999 T2-2,13%
1999 T3-2,55%
1999 T4-1,31%
2000 T1-0,20%
2000 T2-0,18%
2000 T30,09%
2000 T40,91%
2001 T10,08%
2001 T2-0,95%
2001 T3-2,38%
2001 T4-2,78%
2002 T1-1,61%
2002 T2-2,04%
2002 T3-1,10%
2002 T4-0,69%
2003 T1-2,68%
2003 T2-3,59%
2003 T3-3,37%
2003 T4-3,10%
2004 T1-2,05%
2004 T2-0,92%
2004 T3-0,44%
2004 T4-0,66%
2005 T1-1,44%
2005 T2-0,83%
2005 T3-2,05%
2005 T4-2,33%
2006 T1-1,68%
2006 T2-1,97%
2006 T3-1,57%
2006 T4-1,60%
2007 T1-0,85%
2007 T20,05%
2007 T3-0,06%
2007 T40,61%
2008 T11,19%
2008 T21,55%
2008 T32,47%
2008 T4-2,46%
2009 T1-5,38%
2009 T2-3,92%
2009 T3-2,58%
2009 T4-1,15%
2010 T1-0,59%
2010 T20,37%
2010 T30,58%
2010 T40,86%
2011 T10,87%
2011 T21,46%
2011 T30,77%
2011 T40,28%
2012 T1-0,39%
2012 T2-0,27%
2012 T30,74%
2012 T40,64%
2013 T10,55%
2013 T21,66%
2013 T31,87%
2013 T41,37%
2014 T11,53%
2014 T2-0,07%
2014 T3-0,20%
2014 T4-0,12%
2015 T1-1,25%
2015 T2-3,21%
2015 T3-4,86%
2015 T4-6,10%
2016 T1-6,39%

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São Paulo - O PIB brasileiro não ficava tão abaixo do seu potencial há pelo menos 24 anos, de acordo com cálculos feitos por José Ronaldo de Castro Souza Júnior.

Ele é coordenador do Grupo de Estudos de Conjuntura (Gecon) da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e publicou o resultado em revista do órgão.

"Em termos de capacidade instalada, há uma folga grande para a recuperação da economia mesmo sem uma imediata retomada mais intensa do crescimento potencial", diz ele no texto.

O PIB potencial é, a grosso modo, a capacidade produtiva instalada de uma economia. É quanto o PIB pode crescer sem gerar pressões inflacionárias, ou seja: o quanto ele é capaz de prover em termos de oferta.

Calcular isso não é fácil e o resultado depende muito da metodologia utilizada, que sempre vai escolher certos critérios em detrimento de outros.

Os números de José Ronaldo mostram que o PIB cresceu acima do seu potencial entre meados de 2012 e o início de 2014, mas que desde então vem ficando abaixo.

A janela que era de meros 0,07% negativos saltou para 6,39% no primeiro trimestre desse ano, número que só rivaliza com o início de 2009 (5,38% de hiato) e 1992 (quando flutuou entre 5% e 6%).

"Após quedas tão expressivas da produção e da renda, que resultaram na abertura de um grande hiato entre o PIB e o produto potencial (estimado em 6,4%), a grande questão que se coloca agora é o que fazer para restaurar a confiança dos agentes econômicos."

Ele sugere mudanças que aumentem a flexibilidade e eficiência na gestão dos gastos públicos, além de lembrar que o país está envelhecendo rapidamente e que isso faz disparar o gasto com Previdência Social.

Veja a seguir o hiato do produto calculado pelo Ipea entre 1992 e o primeiro trimestre de 2016:

TrimestreHiato de Produto
1992 T1-6,03%
1992 T2-5,64%
1992 T3-6,22%
1992 T4-5,10%
1993 T1-4,21%
1993 T2-3,95%
1993 T3-3,78%
1993 T4-3,42%
1994 T1-3,21%
1994 T2-3,87%
1994 T3-0,29%
1994 T43,81%
1995 T12,92%
1995 T21,14%
1995 T3-1,43%
1995 T4-1,03%
1996 T1-0,85%
1996 T2-1,14%
1996 T31,83%
1996 T40,10%
1997 T10,37%
1997 T20,37%
1997 T31,45%
1997 T41,77%
1998 T1-1,35%
1998 T20,15%
1998 T3-0,22%
1998 T4-1,83%
1999 T1-2,61%
1999 T2-2,13%
1999 T3-2,55%
1999 T4-1,31%
2000 T1-0,20%
2000 T2-0,18%
2000 T30,09%
2000 T40,91%
2001 T10,08%
2001 T2-0,95%
2001 T3-2,38%
2001 T4-2,78%
2002 T1-1,61%
2002 T2-2,04%
2002 T3-1,10%
2002 T4-0,69%
2003 T1-2,68%
2003 T2-3,59%
2003 T3-3,37%
2003 T4-3,10%
2004 T1-2,05%
2004 T2-0,92%
2004 T3-0,44%
2004 T4-0,66%
2005 T1-1,44%
2005 T2-0,83%
2005 T3-2,05%
2005 T4-2,33%
2006 T1-1,68%
2006 T2-1,97%
2006 T3-1,57%
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2007 T1-0,85%
2007 T20,05%
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2007 T40,61%
2008 T11,19%
2008 T21,55%
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2009 T1-5,38%
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2009 T3-2,58%
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2011 T10,87%
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2013 T21,66%
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2014 T11,53%
2014 T2-0,07%
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2014 T4-0,12%
2015 T1-1,25%
2015 T2-3,21%
2015 T3-4,86%
2015 T4-6,10%
2016 T1-6,39%
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