Economia

Crescimento da renda do brasileiro pode estar ‘vazando’ para jogos e apostas, sugere Galípolo

Diretor de Política Monetária do BC apontou sinais de que parte dos recursos novos das famílias não estão indo para o consumo

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 13 de agosto de 2024 às 19h39.

Tudo sobreBanco Central
Saiba mais

O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou hoje que instituições financeiras brasileiras têm manifestado preocupação com o crescimento das transações em plataformas de criptoativos e com sites de apostas.

Ao participar hoje do evento Finance of Tomorrow, no Rio, ele observou que o aumento da renda no país não tem se traduzido em alta do consumo ou da poupança das famílias, o que poderia sugerir, na visão dele, que o direcionamento de recursos de consumidores para as plataformas de jogos on-line, como os sites de apostas esportivas, as bets.

— Parece anedótica a evolução das despesas com as chamadas bets. Mas os grandes bancos têm trazido essa análise de que o crescimento da renda talvez possa estar vazando para esse tipo de atividade. Os valores que têm sido apresentados têm demonstrado volume grande — comentou Galípolo no evento.

O diretor do BC, visto como provável sucessor do atual presidente Roberto Campos Neto, ainda destacou a "opacidade” do alto interesse por stablecoins no Brasil, que são criptoativos com valor vinculado a alguma moeda estável, como o dólar:

— Pode ser para as pessoas terem acesso a uma conta em dólar ou pode ser para especulação.

'Infraestrutura digital'
No mesmo painel, o diretor do BC destacou a importância da tecnologia para o sistema financeiro brasileiro. Ele deu como exemplo o fato de, mesmo com redução de quase 30% do quadro funcional por causa de aposentadorias, o Banco Central vem apresentando ganhos de produtividade, buscando ser um símbolo de inovação.

Nesse sentido, ele citou os resultados obtidos com a ampla adoção do Pix, usado pela maioria dos brasileiros:

— A sociedade brasileira tem essa coisa bem curiosa que a gente tem que resolver problemas de infraestrutura, como o saneamento, mobilidade, transporte, que são problemas quase do século XIX (...) Mas, simultaneamente, a gente consegue produzir casos mais exitosos em infraestrutura pública digital. Se tivesse, por algum motivo uma interrupção no serviço Pix, seria tão ruim ou pior do que as pessoas não terem água ou luz nas suas casas. Esse é o nível de dependência que foi gerado a partir do nível de qualidade do serviço — comparou.

Em sua visão, a digitalização do sistema financeiro e o lançamento de outros serviços virtuais podem produzir um enorme número de dados para o Banco Central, os quais poderão ser usados futuramente para tomadas de decisões, como as relacionadas à política monetária.

Acompanhe tudo sobre:Gabriel GalípoloBanco CentralRoberto Campos NetoPIX

Mais de Economia

“Não basta pacote estar na direção certa, tem de chegar ao destino de interromper alta da dívida”

Governo anuncia nova liberação de emendas e total é de R$ 7,7 bilhões até esta sexta

Câmara deve iniciar votação da Reforma Tributária na segunda-feira

China registra crescimento de 7,7% nos empréstimos e depósitos em moeda local até novembro de 2024