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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.
São Paulo - Vários economistas já preveem que o Comitê de Política Monetária (Copom) vai promover mais um aumento de 0,75 ponto porcentual na taxa Selic na próxima reunião, nos dias 8 e 9 de junho. O aperto monetário é necessário, segundo os analistas, para trazer as expectativas de inflação para 2011 de volta ao centro da meta, de 4,5%. "Em junho, o Copom vai, no mínimo, fazer uma nova alta de 0,75 ponto porcentual e a Selic encerrará o ano entre 12% e 13%", prevê o economista da Opus Gestão de Recursos, José Márcio Camargo.
Em 2010, a preocupação passa a ser um possível rompimento do teto da meta, de 6,5%. "Esse risco existe embora eu projete uma alta de 6% para o IPCA em 2010", diz Caio Megale, economista da Mauá Sekular Participações. O economista-sênior do BES Investimento, Flávio Serrano, vê um cenário mais benigno, "com uma alta de 5,5% neste ano".
Os especialistas divergem sobre um possível erro do Banco Central na reunião de março, quando os juros básicos foram mantidos em 8,75% ao ano. "O Copom errou em março e isso afetou a credibilidade do Banco Central, que tem o dever de formar as expectativas do mercado", diz Natan Blanche, sócio-diretor da Tendências Consultoria Integrada. Já o economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto, diz que "não é possível afirmar que foi um erro, pois havia incertezas sobre o cenário inflacionário".
Leia abaixo as entrevistas dos economistas que participam do 12º Seminário "Perspectivas da Economia Brasileira", promovido pela Tendências Consultoria Integrada, em São Paulo.
Exame: O Copom acertou ao elevar a taxa Selic em 0,75 ponto porcentual?
Blanche: Sim, foi uma medida correta.
Exame: O Banco Central vai repetir a dose em junho?
Blanche: Sim, e a Selic encerrará o ano em 11,75%.
Exame: O Copom errou ao não elevar os juros básicos na reunião anterior?
Blanche: Sim, deveria ter iniciado o aperto monetário em março. Isso afetou a credibilidade do Banco Central, que tem o dever de formar as expectativas do mercado.
Exame: Algum risco de inflação deste ano superar o teto da meta, de 6,5%?
Blanche: Não, o IPCA deve registrar alta de 4,9% em 2010.
Exame: A sinalização do Banco Central é suficiente para trazer as expectativas para 2011 de volta ao centro da meta, de 4,5%?
Blanche: Sim, se o Copom continuar o aperto monetário. A Selic deve encerrar o ano em 11,75%, ou seja, um aperto total de três pontos porcentuais.
Exame: O Copom acertou ao elevar a taxa Selic em 0,75 ponto porcentual?
Serrano: Sim, embora eu projetasse uma alta de 0,5 ponto porcentual.
Exame: O Banco Central vai repetir a dose em junho?
Serrano: Sim, e a Selic encerra o ano entre 11,25% e 11,75%.
Exame: O Copom errou ao não elevar os juros básicos na reunião anterior?
Serrano: Sim, deveria ter iniciado o aperto monetário em março.
Exame: Algum risco de inflação deste ano superar o teto da meta, de 6,5%?
Serrano: Não, o IPCA deve registrar alta de 5,5% em 2010.
Exame: A sinalização do Banco Central é suficiente para trazer as expectativas para 2011 de volta ao centro da meta, de 4,5%?
Serrano: Sim, mas o IGP-M elevado neste ano pode atrapalhar a inflação em 2011, pois é um indexador dos preços administrados.
Exame: O Copom acertou ao elevar a taxa Selic em 0,75 ponto porcentual?
Megale: Sim, está claro que a inflação está acelerada.
Exame: O Banco Central vai repetir a dose em junho?
Megale: Sim, e talvez suba até um ponto porcentual. A Selic deve encerrar o ano em 12%.
Exame: O Copom errou ao não elevar os juros básicos na reunião anterior?
Megale: Não, pois as informações disponíveis em março tornavam legítima a manutenção dos juros.
Exame: Algum risco de inflação deste ano superar o teto da meta, de 6,5%?
Megale: Sim, o risco existe embora eu projete que o IPCA tenha alta de 6% em 2010.
Exame: A sinalização do Banco Central é suficiente para trazer as expectativas para 2011 de volta ao centro da meta, de 4,5%?
Megale: Sim, foi o primeiro passo nessa direção.
Exame: O Copom acertou ao elevar a taxa Selic em 0,75 ponto porcentual?
Camargo: Sim, era o mínimo que se esperava dos diretores do Banco Central.
Exame: O Banco Central vai repetir a dose em junho?
Camargo: Sim, no mínimo fará uma nova alta de 0,75 ponto porcentual. A Selic encerrará o ano entre 12% e 13%.
Exame: O Copom errou ao não elevar os juros básicos na reunião anterior?
Camargo: Sim, não há dúvidas sobre isso.
Exame: Algum risco de inflação deste ano superar o teto da meta, de 6,5%?
Camargo: Não, basta o Banco Central mostrar sua força e elevar os juros. O IPCA deve registrar alta de 6% em 2010.
Exame: A sinalização do Banco Central é suficiente para trazer as expectativas para 2011 de volta ao centro da meta, de 4,5?
Camargo: É difícil, a não ser que o Copom intensifique muito o aperto monetário.
Exame: O Copom acertou ao elevar a taxa Selic em 0,75 ponto porcentual?
Neto: Sim, embora eu projetasse uma alta de 0,5 ponto porcentual.
Exame: O Banco Central vai repetir a dose em junho?
Neto: Sim, e a Selic encerrará o ano em 11,75%.
Exame: O Copom errou ao não elevar os juros básicos na reunião anterior?
Neto: Não podemos afirmar que o Banco Central errou, pois havia incertezas sobre o cenário inflacionário.
Exame: Algum risco de inflação deste ano superar o teto da meta, de 6,5%?
Neto: Não. Embora o choque de oferta dos alimentos tenha sido muito forte neste início de ano, o IPCA deve registrar alta de 5,2% em 2010.
Exame: A sinalização do Banco Central é suficiente para trazer as expectativas para 2011 de volta ao centro da meta, de 4,5%?
Neto: Sim, as expectativas devem ficar pelo menos próximas do centro da meta embora o IGP-M elevado neste ano possa atrapalhar a inflação de 2011.