Economia

Copa influenciou humor de consumidor, apura FGV

Com o Brasil jogando bem, confiança do consumidor mostrou sensível melhora, mas a derrota para a Alemanha esfriou o índice


	Torcedores lamentam a derrota do Brasil para a Alemanha, no Mineirão
 (REUTERS/Damir Sagolj)

Torcedores lamentam a derrota do Brasil para a Alemanha, no Mineirão (REUTERS/Damir Sagolj)

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Da Redação

Publicado em 25 de julho de 2014 às 13h36.

Rio - Enquanto o Brasil vencia em campo e avançava na Copa do Mundo, a confiança do consumidor mostrou sensível melhora neste mês.

Mas após o fatídico dia 8 de julho, quando a seleção brasileira foi derrotada pela Alemanha por 7 a 1, o índice de confiança começou a arrefecer, tendência que durou até o fim da apuração, no último dia 22.

"Isso mostra como um fator completamente exógeno pode influenciar a percepção dos consumidores sobre a economia", afirmou a economista Viviane Seda, responsável pela Sondagem do Consumidor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Foi a primeira vez em que os pesquisadores da FGV se dedicaram ao acompanhamento diário de uma sondagem.

A ideia era verificar se a realização do Mundial no País teria interferência nos resultados, até porque a pesquisa é realizada em sete capitais, todas cidades-sede.

E estavam certos. No saldo, a confiança do consumidor subiu 3,0% em julho, após alta de 1,0% em junho, e o impulso veio sobre uma sensível melhora na percepção da economia no momento atual, cujo indicador avançou 8,8%.

"Não mudou nada na economia para que tivesse melhora de 8,8% num indicador da economia atual. Teve desaceleração no preço dos alimentos, e isso tem influência sim, principalmente nas classes de renda mais baixas. Mas não existiu outro fator que fosse tão forte a ponto de provocar isso", ponderou Viviane.

Os efeitos foram ainda mais potentes no Rio de Janeiro (+16,7%), cidade que recebeu milhares de turistas durante o evento e ganhou um ambiente mais favorável para o emprego temporário.

Diante da constatação da influência da Copa, a economista observa que não se pode falar em recuperação da confiança, que vinha tendo recuos expressivos desde o início do ano.

As expectativas em relação à economia, por exemplo, continuam em um nível considerado de forte pessimismo.

"Como esse efeito ficou mais claro, temos de avaliar os próximos resultados para afirmar se a tendência de queda reverteu", disse Viviane.

Emprego

A Copa do Mundo ainda interferiu nas avaliações dos consumidores sobre o mercado de trabalho, inclusive com tendências completamente distintas nas capitais.

No geral, houve queda de 2,7% na percepção sobre o emprego atual, mas no Rio de Janeiro houve melhora de 10,2%, possivelmente na esteira da criação de vagas temporárias durante o evento, com destaque para o setor de serviços.

Em São Paulo, onde o setor industrial tem participação importante na economia, houve queda de 11,1% neste quesito.

Mas foi na capital paulista que as famílias se mostraram mais otimistas com o mercado de trabalho no futuro. O avanço foi de 8,7% em São Paulo. Apesar disso, o otimismo tem de ser relativizado, alerta Viviane.

A passagem do período de paralisações e feriados, bem como o maior número de dias úteis no segundo semestre, pode estar trazendo algum alento no sentido de frear o movimento de dispensas na indústria.

"O otimismo em relação a emprego futuro está muito focado em São Paulo. Como a indústria já reduziu muito o quadro de funcionários, os consumidores acham que não vai mais acontecer isso.

Acreditam que vão pelo menos parar de demitir", explicou a economista.

Nas outras regiões, a expectativa de aumento de emprego é bem menor. No total, o avanço do quesito em nível Brasil foi de 6,0% em julho. Diante do otimismo com o emprego, as famílias também apostam em uma folga no orçamento nos próximos meses.

Viviane pondera, contudo, que as expectativas para emprego nas sondagens empresariais seguem mostrando intenção de demitir funcionários.

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