Copa de 2014 pode entrar em campo para pressionar inflação
A Copa pode entrar na área como mais um fator de pressão para atrapalhar a convergência dos preços para o centro da meta do governo no próximo ano
Da Redação
Publicado em 2 de maio de 2013 às 16h53.
Num cenário de persistente resistência da inflação , a Copa do Mundo no Brasil, que começa em meados de 2014, pode entrar na área como mais um fator de pressão para atrapalhar a convergência dos preços para o centro da meta do governo no próximo ano.
Para analistas consultados pela Reuters, a pressão virá principalmente dos preços de serviços, como hotéis, transportes e alimentação fora do domicílio. E isso pode alimentar o clamor por mais agressividade do Banco Central na condução da política monetária.
"A Copa do mundo vai levar o indicador de inflação para cima, e gera preocupação sim. Haverá uma pressão mais alta nos preços de serviços, com forte ingresso de capital estrangeiro e aumento no consumo", avaliou o economista da Austin Rating Felipe Queiroz.
Ele projeta aceleração do IPCA de 5,2 % em 2013 para 5,5 % em 2014, com alta de 9,5 % na inflação de serviços, ante 9,0 % neste ano. Os números levam em consideração possível impacto de 0,4 a 0,9 ponto percentual da Copa na inflação de serviços.
Ao lado de alimentos, o setor de serviços é o que tem mais pressionando a inflação, favorecido pelo baixo nível de desemprego e renda em alta.
A inflação tem permanecido em patamares elevados e chegou a estourar o teto da meta do governo, de 6,5 % pelo IPCA, em 12 meses. Diante disso, o BC iniciou mais um ciclo de aperto monetário, elevando a Selic a 7,50 % ao ano e indicando que mais altas devem vir.
"Num quadro já ruim, um evento como a Copa certamente contribui no sentido negativo, e é algo que merece alerta. Um mês antes (do evento começar) já se deve observar tendência de preços (de serviços) maiores, o que fará sim diferença no fim do ano", destacou a economista da Tendências Alessandra Ribeiro.
Embora destaque que essa seja apenas uma análise qualitativa, Alessandra afirma que o efeito Copa imprime viés altista na previsão de aceleração da inflação a 5,8 % em 2014, ante 5,6 % em 2013. Para serviços, ela projeta alta de 8,0 % neste ano, mas ainda não fez a abertura para o próximo ano.
Vigilância
A força do impacto da Copa nos preços no fim do ano, entretanto, não é consenso, com alguns analistas destacando o caráter pontual e localizado do evento. Os jogos acontecerão entre 12 de junho a 13 de julho, em 12 cidades-sede.
"Tudo vai depender de como estará a situação da inflação no período. Mas o evento é muito localizado no tempo e no espaço, e não deveria ser essa a preocupação", avalia o professor de economia da Trevisan Escola de Negócios Alcides Leite.
Para ele, a situação inflacionária em 2014 deverá estar melhor do que agora, devido ao esperado aumento da oferta e menor ritmo de crescimento do consumo.
"Se a Copa fosse hoje, talvez houvesse preocupação maior. Mas, de modo geral, o panorama para o ano que vem é melhor, de modo que, mesmo que a Copa tenha algum impacto, não será suficiente para mudar a trajetória da inflação", completou Leite.
Na ata de sua última reunião, o BC deixou claro que a atual política monetária tem como alvo principal atacar a inflação em 2014, cuja projeção foi elevada, e que vai permanecer "especialmente vigilante".
Para o professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP) Antônio Carlos Manfredini, o possível efeito da Copa sobre a inflação é algo que "já veio no pacote" no momento em que o Brasil conquistou o direito de sediar o evento.
Assim, já está no radar do governo, principalmente porque 2014 também haverá eleição presidencial, e qualquer medida para compensar o impacto tende a ser tomada de maneira preventiva, antes da Copa.
"O momento de administrar (a inflação) por antecipação (à Copa) é o final deste ano, começo do próximo. Deixar para depois é má ideia por causa da campanha eleitoral", disse Manfredini.
"Agora temos uma geração de brasileiros que se acostumou com nível de inflação relativamente baixo. Sem dúvida, o ano que vem será de cuidados redobrados, em que a inflação não pode aumentar".
A única outra vez que o Brasil sediou uma Copa do Mundo foi em 1950 --mesmo ano em que Getúlio Vargas foi reeleito presidente. Os índices de inflação eram uma novidade naquela época, e a lembrança que ficou mesmo foi o "Maracanazo", a derrota por 2 a 1 para o Uruguai na final daquele Mundial.
Num cenário de persistente resistência da inflação , a Copa do Mundo no Brasil, que começa em meados de 2014, pode entrar na área como mais um fator de pressão para atrapalhar a convergência dos preços para o centro da meta do governo no próximo ano.
Para analistas consultados pela Reuters, a pressão virá principalmente dos preços de serviços, como hotéis, transportes e alimentação fora do domicílio. E isso pode alimentar o clamor por mais agressividade do Banco Central na condução da política monetária.
"A Copa do mundo vai levar o indicador de inflação para cima, e gera preocupação sim. Haverá uma pressão mais alta nos preços de serviços, com forte ingresso de capital estrangeiro e aumento no consumo", avaliou o economista da Austin Rating Felipe Queiroz.
Ele projeta aceleração do IPCA de 5,2 % em 2013 para 5,5 % em 2014, com alta de 9,5 % na inflação de serviços, ante 9,0 % neste ano. Os números levam em consideração possível impacto de 0,4 a 0,9 ponto percentual da Copa na inflação de serviços.
Ao lado de alimentos, o setor de serviços é o que tem mais pressionando a inflação, favorecido pelo baixo nível de desemprego e renda em alta.
A inflação tem permanecido em patamares elevados e chegou a estourar o teto da meta do governo, de 6,5 % pelo IPCA, em 12 meses. Diante disso, o BC iniciou mais um ciclo de aperto monetário, elevando a Selic a 7,50 % ao ano e indicando que mais altas devem vir.
"Num quadro já ruim, um evento como a Copa certamente contribui no sentido negativo, e é algo que merece alerta. Um mês antes (do evento começar) já se deve observar tendência de preços (de serviços) maiores, o que fará sim diferença no fim do ano", destacou a economista da Tendências Alessandra Ribeiro.
Embora destaque que essa seja apenas uma análise qualitativa, Alessandra afirma que o efeito Copa imprime viés altista na previsão de aceleração da inflação a 5,8 % em 2014, ante 5,6 % em 2013. Para serviços, ela projeta alta de 8,0 % neste ano, mas ainda não fez a abertura para o próximo ano.
Vigilância
A força do impacto da Copa nos preços no fim do ano, entretanto, não é consenso, com alguns analistas destacando o caráter pontual e localizado do evento. Os jogos acontecerão entre 12 de junho a 13 de julho, em 12 cidades-sede.
"Tudo vai depender de como estará a situação da inflação no período. Mas o evento é muito localizado no tempo e no espaço, e não deveria ser essa a preocupação", avalia o professor de economia da Trevisan Escola de Negócios Alcides Leite.
Para ele, a situação inflacionária em 2014 deverá estar melhor do que agora, devido ao esperado aumento da oferta e menor ritmo de crescimento do consumo.
"Se a Copa fosse hoje, talvez houvesse preocupação maior. Mas, de modo geral, o panorama para o ano que vem é melhor, de modo que, mesmo que a Copa tenha algum impacto, não será suficiente para mudar a trajetória da inflação", completou Leite.
Na ata de sua última reunião, o BC deixou claro que a atual política monetária tem como alvo principal atacar a inflação em 2014, cuja projeção foi elevada, e que vai permanecer "especialmente vigilante".
Para o professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP) Antônio Carlos Manfredini, o possível efeito da Copa sobre a inflação é algo que "já veio no pacote" no momento em que o Brasil conquistou o direito de sediar o evento.
Assim, já está no radar do governo, principalmente porque 2014 também haverá eleição presidencial, e qualquer medida para compensar o impacto tende a ser tomada de maneira preventiva, antes da Copa.
"O momento de administrar (a inflação) por antecipação (à Copa) é o final deste ano, começo do próximo. Deixar para depois é má ideia por causa da campanha eleitoral", disse Manfredini.
"Agora temos uma geração de brasileiros que se acostumou com nível de inflação relativamente baixo. Sem dúvida, o ano que vem será de cuidados redobrados, em que a inflação não pode aumentar".
A única outra vez que o Brasil sediou uma Copa do Mundo foi em 1950 --mesmo ano em que Getúlio Vargas foi reeleito presidente. Os índices de inflação eram uma novidade naquela época, e a lembrança que ficou mesmo foi o "Maracanazo", a derrota por 2 a 1 para o Uruguai na final daquele Mundial.