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Conta corrente registra primeiro déficit desde novembro de 2004

Déficit surpreende, mas economistas afirmam que ainda é cedo para afirmar que a tendência de superávits acabou

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h31.

O saldo das transações correntes pegou o mercado de surpresa ao apresentar um déficit de 452 milhões de dólares em janeiro - o primeiro desde novembro de 2004, quando o rombo foi de 223,5 milhões. Os economistas esperavam um superávit entre 170 e 300 milhões de dólares, mas não contavam com um forte aumento nas remessas de lucros e dividendos, nem com o saldo da balança comercial menor que a média dos últimos meses.

As remessas líquidas de renda para o exterior, por exemplo, somaram 3,2 bilhões de dólares em janeiro. A cifra é 133% superior à do mesmo período do ano passado. Nessa conta, estão computadas saídas líquidas de 977 milhões de dólares, relativas a lucros e dividendos. Segundo o economista-chefe da consultoria Austin Ratings, Alex Agostini, o mesmo movimento já havia sido detectado em dezembro, o que contribuiu para que o saldo em conta corrente, no mês retrasado, fosse de 569,8 milhões de dólares - contra 1,733 bilhão em novembro.

"As empresas estão aproveitando o momento de real valorizado para remeter mais dólares ao exterior, na forma de lucros e dividendos", diz Agostini. O cálculo é simples: 100 milhões de reais de lucros a ser remetidos à matriz, no exterior, podem significar tanto 42 milhões de dólares - com a cotação de 2,4 reais por dólar -, quanto 47 milhões de dólares - a uma cotação de 2,1 reais.

Tranqüilidade momentânea

Apesar do resultado negativo, os economistas afirmam que não há motivos para preocupação. "O resultado de janeiro não é tão preocupante e acredito que não seja uma tendência", diz Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos. A corretora esperava um saldo positivo de 170 milhões de dólares em conta corrente no mês passado. Agostini, da Austin Ratings, concorda. "O resultado é uma surpresa, porque é um déficit, mas não preocupa. Foi um movimento sazonal", diz.

Os economistas também não mudarão suas projeções para 2006, devido ao mau desempenho das transações correntes no último mês. Na Austin Ratings, a estimativa para fevereiro é de um superávit em conta corrente de 650 milhões de dólares. Já para o acumulado em 2006, a conta chega a 17,2 bilhões, puxado por um superávit comercial de 47,9 bilhões. Na Sul América, a expectativa para fevereiro é de saldo positivo entre 200 e 300 milhões de dólares, com superávit em conta corrente de 10 bilhões no acumulado do ano.

Para Rosa, da Sul América, um sinal de que os estrangeiros continuam apostando no país é o crescimento de 23,4% nos Investimentos Estrangeiros Diretos líquidos em janeiro, que somaram 1,5 bilhão de dólares. "A atração de capital de longo prazo mostra o interesse por desenvolver o parque produtivo e a melhora dos indicadores do país", afirma.

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