Economia

Conheça a economista nigeriana que será a primeira mulher à frente da OMC

Famosa pela disposição para solucionar problemas, Ngozi Okonjo-Iweala deve ser eleita nesta segunda para dirigir Organização Mundial do Comércio com apoio de Joe Biden

Ngozi Okonjo-Iweala deve ser eleita nesta segunda para dirigir OMC com apoio de Joe Biden (Riccardo Savi/Getty Images)

Ngozi Okonjo-Iweala deve ser eleita nesta segunda para dirigir OMC com apoio de Joe Biden (Riccardo Savi/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 15 de fevereiro de 2021 às 08h16.

Última atualização em 15 de fevereiro de 2021 às 08h18.

A economista nigeriana de elite Ngozi Okonjo-Iweala está prestes a se tornar a primeira mulher e primeira africana à frente da Organização Mundial do Comércio (OMC), com o apoio do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Conhecida por ter enfrentado sequestradores dentro de casa, combatido a corrupção e ocupado os cargos mais altos do Banco Mundial, a ex-aluna de Harvard é chamada de "encrenqueira" por amigos e inimigos de seu país de origem.

Para a Casa Branca, ela tem todos os requisitos para colocar o comércio global de volta nos trilhos e fechar os abismos cada vez maiores — seja entre a China e os Estados Unidos ou nações ricas e pobres — em um momento em que as regras econômicas básicas estão em jogo. O apoio de Biden desfaz o bloqueio imposto pelo ex-presidente Donald Trump, depois que um painel de seleção da OMC recomendou Okonjo-Iweala como chefe em outubro.

A "encrenqueira" é conhecida assim em razão de seu vigor em defender os pobres e lutar pelo bom combate, e considera o apelido uma medalha de honra. "Se eu for considerada um problema para o sistema por causa do meu desejo de limpar nossas finanças públicas e trabalhar por uma vida melhor para os nigerianos, então que assim seja", escreveu em seu livro "Reformando o irreformável".

Okonjo-Iweala é filha de um rei da Nigéria, mas foi com sua mãe que viveu um dos acontecimentos mais marcantes de sua vida: viu a progenitora ser sequestrada — ela ousou denunciar a corrupção na indústria do petróleo nigeriana — e então encarou seus captores. Detalhes do episódio, porém, nunca foram revelados. E a própria Okonjo-Iweala também já recebeu telefonemas ameaçadores de adversários políticos.

"Tivemos que consertar tudo"

Nascida na cidade de Ogwashi-Ukwu, no sul da Nigéria, Okonjo-Iweala passou a maior parte de sua infância difícil com a avó, enquanto seus pais estudavam nos Estados Unidos. Ela saiu de casa ainda adolescente, em 1973, para estudar economia em Harvard e, em 1981, obteve seu doutorado em Economia Regional e Desenvolvimento pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts, tornando-se cidadã dos Estados Unidos em 2019.

Em 2007, ela fundou a NOI Polls, o primeiro grupo de pesquisa de opinião indígena da Nigéria, que tem parceria com a Gallup. Seguindo seus passos em Harvard, sua filha e três filhos se formaram na escola da Ivy League. Seu marido é um neurocirurgião que mora em Washington.

Grande período do currículo de Okonjo-Iweala foi passado no Banco Mundial, sendo a número 2 da instituição. Na Nigéria, foi ainda a primeira mulher Ministra das Finanças do país, sob o comando do ex-presidente Olusegun Obasanjo.

"Naquela época, parecia que tínhamos que consertar tudo de uma vez", escreveu Okonjo-Iweala em seu livro sobre seu período como chefe de finanças de Obasanjo, de 2003-2006. “Precisávamos corrigir a desigualdade fundamental, a corrupção generalizada e as lutas pelo poder que estavam minando a sociedade nigeriana”.

À frente da OMC, sua figura promete revigorar os 164 membros e tirar a organização da crise mais profunda em seus 25 anos de história. Há anos, a OMC não fecha um grande acordo comercial multilateral. O prazo de 2020 para o fim dos subsídios à pesca predatória também não foi cumprido.

Okonjo-Iweala também pretende que desempenhar um papel na ajuda aos países mais pobres para obtenção de vacinas contra a Covid-19.

"O comércio pode contribuir para a saúde pública, percebendo essa conexão, invocando as regras da OMC, discutindo ativamente as questões da Covid-19 e como a OMC pode ajudar... Para mim, isso seria uma prioridade", disse ela à Reuters em setembro.

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