Economia

Como o BC explica a alta dos juros

Política monetária deve se manter especialmente vigilante, segundo ata do Copom, de modo a minimizar riscos de que níveis elevados de inflação persistam


	Reunião do Copom: "incertezas internas e, principalmente, externas cercam o cenário prospectivo para a inflação e recomendam que a política monetária seja administrada com cautela", afirma o Comitê
 (Agência Brasil)

Reunião do Copom: "incertezas internas e, principalmente, externas cercam o cenário prospectivo para a inflação e recomendam que a política monetária seja administrada com cautela", afirma o Comitê (Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 25 de abril de 2013 às 11h07.

São Paulo – O Comitê de Política Monetária decidiu pela elevação da taxa básica de juros em sua última reunião, realizada na semana passada. A alta foi de 0,25 ponto percentual e não foi unânime. Na ata da reunião, divulgada hoje, o Comitê afirma que a política monetária deve ser vigilante e reforça o comunicado da semana passada, de que a inflação enseja uma resposta da política monetária, mas incertezas internas e externas recomendam que a política monetária seja administrada com cautela.

A ata da última reunião do Copom destaca que, em momentos como o atual, a política monetária deve se manter especialmente vigilante, de modo a minimizar riscos de que níveis elevados de inflação como o observado nos últimos doze meses persistam no horizonte relevante para a política monetária.

Na ata referente à penúltima reunião, realizada em março, o Copom afirmava que, no contexto apresentado, o Copom iria acompanhar a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária.

“A ata veio em linha com o comunicado, a discussão em torno de quando começaria o aperto monetário ficou mais clara na ata”, afirmou Tatiana Pinheiro, economista do Santander. Segundo Tatiana, ficou claro que entre os membros do Copom havia um consenso de que a situação da inflação precisava de uma ação de politica monetária e parece que o corpo diretivo concorda que o ritmo de 0,25 é adequado para fazer frente ao cenário inflacionário de hoje. A expectativa do Santander é que a Selic tenha mais duas altas de 0,25 ponto percentual, nas próximas reuniões (em maio e junho) e termine o ano em 8%. 

“O BC subiu os juros porque está preocupado com a inflação, mas o ritmo de atividade aqui o faz ser cauteloso”, disse Roberto Padovani, economista-chefe do Banco Votorantim. A projeção do Banco Votorantim é de elevação de 0,25 ponto percentual nas próximas quatro reuniões – encerrando o ano com a taxa básica de juros em 8,50%. 

Na ata, o Copom afirma que, a despeito de limitações no campo da oferta, o ritmo da atividade doméstica se intensificou no primeiro trimestre. Na ata anterior, o Comitê havia afirmado que o ritmo de recuperação da atividade econômica doméstica estava menos intenso do que se antecipava, essencialmente por causa de limitações no campo da oferta. Isso não indica, no entanto, que o BC esteja tranquilo quanto ao ritmo de crescimento da economia, segundo Tatiana Pinheiro. 

“Mesmo falando que vê o primeiro trimestre com recuperação mais forte ele manteve o parágrafo falando das incertezas internas, permaneceram dúvidas a respeito da consistência do crescimento econômico, tanto que isso está no comunicado”, afirmou a economista.  

Em comunicado emitido com o anúncio da subida dos juros, na semana passada, o Comitê afirmou que "avalia que o nível elevado da inflação e a dispersão de aumentos de preços, entre outros fatores, contribuem para que a inflação mostre resistência e ensejam uma resposta da política monetária. Por outro lado, o Copom pondera que incertezas internas e, principalmente, externas cercam o cenário prospectivo para a inflação e recomendam que a política monetária seja administrada com cautela".

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