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Como a recessão nos EUA aumentou o abuso doméstico

Novo estudo mostra que dificuldades e incertezas elevam os índices de abuso – definido como violência ou controle -- por cônjuges e companheiros

Violência doméstica: se uma mulher ou seu parceiro estão desempregados, a probabilidade de ela sofrer violência nas mãos dele aumenta quase um terço (Halfpoint/Thinkstock/Thinkstock)
DR

Da Redação

Publicado em 5 de abril de 2016 às 21h35.

Quase sete anos se passaram desde que a Grande Recessão nos EUA foi declarada tecnicamente encerrada.

Apenas recentemente os cientistas tiveram acesso a dados de longo prazo para calcular como a crise afetou as famílias americanas além das contas bancárias.

Um novo estudo apresentado na publicação especializada Demography mostra que dificuldades e incertezas elevam os índices de abuso – definido como violência ou controle -- por cônjuges e companheiros.

A pesquisa se baseia parcialmente em dados de um estudo longitudinal ainda em curso junto a milhares de mulheres que tiveram filhos pela primeira vez entre 1998 e 2000.

A pesquisa inclui perguntas sobre "dificuldades econômicas", como a possibilidade de pagar por comida e aluguel. Também existem perguntas sobre comportamento controlador ou violento por parceiros -- se impedem que ela encontre amigos e familiares ou se dão tapas ou chutam a entrevistada, por exemplo.

São necessárias entrevistas em pessoa para obter esse tipo de informação porque, diferentemente de indicadores econômicos tradicionais, "isso não é algo que coletamos em interações públicas", disse Daniel Schneider, professor assistente da Universidade da Califórnia-Berkeley, que foi coautor do estudo.

Os pesquisadores concluíram que, se uma mulher ou seu parceiro estão desempregados, a probabilidade de ela sofrer violência nas mãos dele aumenta quase um terço, de 10 por cento para 13 por cento.

Mulheres que descrevem dificuldades econômicas mais amplas correm ainda mais perigo de sofrer abuso: essa probabilidade mais que dobra, de 7 por cento para 15 por cento, indicando que desemprego não é o único fator que piora os relacionamentos.

De forma geral, o estudo concluiu que as pessoas não precisam enfrentar dificuldades ou desemprego para apresentar comportamento explosivo em épocas como a Grande Recessão.

Por si só, a taxa de desemprego média local não tem correlação com aumento dos índices de abuso, mas as pessoas são afetadas quando as taxas locais de desemprego disparam rapidamente. "Isso é o que chamamos de clima de incerteza", disse Schneider. Como resumiu o estudo,

"Quando a taxa de desemprego piora em 50 por cento em comparação com 12 meses antes, a prevalência de abuso sobe de 10 por cento para 12 por cento; quando o desemprego dobra em um ano, os abusos avançam para 14 por cento."

Schneider ressaltou que, para casais que sentem essa incerteza econômica generalizada, não houve aumento da violência. O aumento do abuso veio apenas na forma de comportamento controlador. "Talvez a falta de controle em uma esfera se manifeste em outra", disse Schneider.

Ele sugere que outros tipos de incerteza, além de crises econômicas, podem ter efeitos similares. Por exemplo, renda instável ou agenda de trabalho imprevisível podem criar ansiedade.

O estudo incluiu apenas algumas das conclusões dos pesquisadores. De acordo com Schneider, análises anteriores (PDF) indicaram que o aumento dos comportamentos abusivos se concentrava entre casais brancos e casais com algum grau de educação superior.

A teoria é que esses casais são menos acostumados a enfrentar dificuldades econômicas do que casais negros e casais com menos anos de estudo. Segundo Schneider, os pesquisadores estão trabalhando para refinar esses resultados.

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Quase sete anos se passaram desde que a Grande Recessão nos EUA foi declarada tecnicamente encerrada.

Apenas recentemente os cientistas tiveram acesso a dados de longo prazo para calcular como a crise afetou as famílias americanas além das contas bancárias.

Um novo estudo apresentado na publicação especializada Demography mostra que dificuldades e incertezas elevam os índices de abuso – definido como violência ou controle -- por cônjuges e companheiros.

A pesquisa se baseia parcialmente em dados de um estudo longitudinal ainda em curso junto a milhares de mulheres que tiveram filhos pela primeira vez entre 1998 e 2000.

A pesquisa inclui perguntas sobre "dificuldades econômicas", como a possibilidade de pagar por comida e aluguel. Também existem perguntas sobre comportamento controlador ou violento por parceiros -- se impedem que ela encontre amigos e familiares ou se dão tapas ou chutam a entrevistada, por exemplo.

São necessárias entrevistas em pessoa para obter esse tipo de informação porque, diferentemente de indicadores econômicos tradicionais, "isso não é algo que coletamos em interações públicas", disse Daniel Schneider, professor assistente da Universidade da Califórnia-Berkeley, que foi coautor do estudo.

Os pesquisadores concluíram que, se uma mulher ou seu parceiro estão desempregados, a probabilidade de ela sofrer violência nas mãos dele aumenta quase um terço, de 10 por cento para 13 por cento.

Mulheres que descrevem dificuldades econômicas mais amplas correm ainda mais perigo de sofrer abuso: essa probabilidade mais que dobra, de 7 por cento para 15 por cento, indicando que desemprego não é o único fator que piora os relacionamentos.

De forma geral, o estudo concluiu que as pessoas não precisam enfrentar dificuldades ou desemprego para apresentar comportamento explosivo em épocas como a Grande Recessão.

Por si só, a taxa de desemprego média local não tem correlação com aumento dos índices de abuso, mas as pessoas são afetadas quando as taxas locais de desemprego disparam rapidamente. "Isso é o que chamamos de clima de incerteza", disse Schneider. Como resumiu o estudo,

"Quando a taxa de desemprego piora em 50 por cento em comparação com 12 meses antes, a prevalência de abuso sobe de 10 por cento para 12 por cento; quando o desemprego dobra em um ano, os abusos avançam para 14 por cento."

Schneider ressaltou que, para casais que sentem essa incerteza econômica generalizada, não houve aumento da violência. O aumento do abuso veio apenas na forma de comportamento controlador. "Talvez a falta de controle em uma esfera se manifeste em outra", disse Schneider.

Ele sugere que outros tipos de incerteza, além de crises econômicas, podem ter efeitos similares. Por exemplo, renda instável ou agenda de trabalho imprevisível podem criar ansiedade.

O estudo incluiu apenas algumas das conclusões dos pesquisadores. De acordo com Schneider, análises anteriores (PDF) indicaram que o aumento dos comportamentos abusivos se concentrava entre casais brancos e casais com algum grau de educação superior.

A teoria é que esses casais são menos acostumados a enfrentar dificuldades econômicas do que casais negros e casais com menos anos de estudo. Segundo Schneider, os pesquisadores estão trabalhando para refinar esses resultados.

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