Prédio da ByteDance: empresários brasileiros visitarão a sede da companhia dona do TikTok (VCG/VCG/Getty Images)
Publicado em 23 de março de 2023 às 19h56.
Última atualização em 28 de março de 2023 às 09h18.
A agenda do grupo que viaja com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China inclui fóruns econômicos com empresários chineses e visitas a companhias locais, como a ByteDance, dona do aplicativo de vídeos Tiktok.
Mais de 200 representantes de empresas brasileiras devem estar na viagem de Lula. O embarque de Lula, por enquanto, está previsto para domingo, 26, mas ainda pode ser alterado em virtude de um quadro de pneumonia do presidente.
O itinerário da comitiva inclui eventos organizados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) e associações como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).
Na programação para os empresários presentes está o "Fórum Econômico Brasil-China", na quarta-feira, 29 de março, promovido pelo MDIC. Haverá discussão sobre temas de comércio e inovação, perspectivas para investimentos e transição energética e descarbonização, segundo a programação oficial obtida pela EXAME.
No fim da semana, estão programadas ainda visitas técnicas da missão empresarial na China, entre os dias 28 e 30 de março. Estão previstas visitas a empresas como:
Outra agenda com empresários ocorre na segunda-feira, 27, no "Fórum Brasil-China de Desenvolvimento Sustentável", que terá a participação de Lula e da ministra Marina Silva, além de políticos e empresários chineses. O evento tem co-organização de JBS, Suzano, Vale e Sigma Lithium.
Após ser diagnosticado com uma pneumonia leve, Lula adiou o início da viagem para domingo. O embarque até então estava marcado para a manhã de sábado, 25.
Lula fica na China até o dia 31 de março, e estará ao lado de ministros como o chefe da Fazenda, Fernando Haddad, da Agricultura, Carlos Fávaro, e do Meio Ambiente, Marina Silva. Também estão na comitiva governadores brasileiros, deputado e senadores, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (o presidente da Câmara, Arthur Lira, não viajará).
É a terceira viagem à China do presidente brasileiro, que já visitou o país em 2004 e 2009, quando o mandatário era ainda o ex-presidente Hu Jintao.
Na agenda principal de Lula, divulgada pelo Planalto, estão previstos encontros com autoridades políticas chinesas e assinatura de pelo menos 20 acordos com o governo chinês.
Na terça-feira, 28, acontece o ponto alto da viagem, com um encontro entre Lula e o atual presidente chinês, Xi Jinping. Lula também se encontra com o primeiro-ministro da China, Li Qiang, e o presidente da Assembleia Popular Nacional, Zhao Leji.
"A pauta bilateral irá envolver comércio, investimentos, reindustrialização, transição energética, mudanças climáticas, acordos de cooperação e paz", disse o Planalto em nota.
Lula será o primeiro chefe de Estado recebido por Xi Jinping desde que o presidente chinês foi reeleito para um terceiro mandato pelo Parlamento do país, em março. Dias antes de receber Lula, Xi estava em viagem à Rússia, sua primeira após a reeleição, onde se encontrou com o presidente russo, Vladimir Putin — em uma viagem que levantou questionamentos de potências do Ocidente.
Durante a semana, Lula também participa de algumas das agendas com empresários, organizadas pelo MDIC e associações empresariais presentes na viagem nos dias 27 e 29 de março.
Também é possível que Lula faça uma visita à Huawei, empresa de tecnologia chinesa que atua no setor de telecomunicações, incluindo no Brasil. O Itamaraty afirmou que a agenda ainda não está fechada e não é possível confirmar as visitas empresariais que o presidente efetivamente fará.
Na quinta-feira, 30, o presidente brasileiro viaja da capital Pequim até Xangai, para visitar o Novo Banco de Desenvolvimento. A instituição foi criada pelos países dos Brics (grupo que inclui Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul), com o objetivo de fomentar projetos nos países em desenvolvimento.
Ao todo, mais de 200 representantes de 140 setores da economia brasileira estarão na delegação brasileira que visita a China. O Planato informou que os custos da viagem são pagos pelas empresas individualmente.
Na lista de representantes estão infraestrutura, bancos, agronegócio, proteína animal, setor de alimentos, roupas e calçados, além de inovação digital, segundo apurou o Estadão. Constam entre as empresas na comitiva nomes como JBS e Marfrig, que atuam na exportação de carne para a China, Vale, de quem a China é ampla compradora de minérios, a Embraer, de aeronaves, a Suzano, de papel e celulose, além de bancos como Bradesco e Marka.
A China é a maior parceira comercial do Brasil desde 2009.
Desde a primeira visita de Lula, em 2004, o volume comercializado entre os dois países aumentou em 21 vezes, chegando a US$ 150,4 bilhões no ano passado.
Em 2022, o Brasil vendeu à China US$ 89,7 bilhões em produtos brasileiros, o equivalente a 27% das exportações nacionais. Os produtos mais vendidos pelo Brasil à China foram soja (36% do total), minério de ferro (20%) e óleos brutos de petróleo (18%), de acordo com dados do MDIC.
O Brasil, por sua vez, comprou US$ 60,7 bilhões em produtos chineses. Enquanto as vendas do Brasil estão concentradas na agropecuária e indústria extrativa, as compras brasileiras dos chineses se resumem a produtos da indústria da transformação, com liderança de válvulos e tubos termiônicos (11%), alguns tipos de compostos e ácidos (8%) e equipamentos de telecomunicações (7%).
Às vésperas da visita de Lula e da comitiva brasileira, um dos destaques foi a autorização para retorno da venda de carne brasileira à China, após 29 dias de suspensão. A paralisação havia ocorrido por autoembargo do Brasil em virtude das preocupações sobre o chamado "mal da vaca louca". Autoridades sanitárias anunciaram nesta quinta-feira, 23, que as medidas de prevenção do Brasil estão em conformidade com as regras de quarentena locais.
Em 2 de março, houve confirmação de que a doença detectada em um animal no Pará ocorreu de forma espontânea, isto é, sem risco de disseminação. A comprovação, somada à missão de uma equipe do Ministério da Agricultura que está na China nesta semana, antes da viagem presidencial, abriu caminho para a retomada. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, comemorou a reabertura pelas redes sociais e declarou que a volta das vendas de carne abre caminho para outras autorizações para o Brasil.
Só em carne bovina congelada ou refrigerada, o Brasil vendeu aos chineses US$ 8 bilhões em 2022, quase 9% de todas as exportações brasileiras para a China. O valor foi o dobro do que havia sido comercializado no ano anterior com o país.
*O conteúdo foi atualizado para incluir informações sobre a agenda de Lula e o adiamento do embarque do presidente.