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Comércio e tensões diplomáticas na reunião da Apec em Pequim

China, que aspira a tradicional liderança dos Estados Unidos na região, é a anfitriã do Foro Econômico Ásia Pacífico, que começou nesta sexta-feira

Cartaz perto do local onde ocorre a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), em Pequim (Greg Baker/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 7 de novembro de 2014 às 15h01.

Pequim - Os 21 países da Cooperação Econômica Ásia -Pacífico (Apec), que representam mais de 60% do PIB do planeta, se reúnem em Pequim divididos sobre acordos comerciais em meio à preocupação pela saúde da economia mundial e das tensões territoriais.

A China , que aspira a tradicional liderança dos Estados Unidos na região, é a anfitriã do Foro Econômico Ásia Pacífico, que começou nesta sexta-feira com encontros ministeriais prévios à cúpula de chefes de Estado, que acontecerá na segunda e na terça-feira.

Além do anfitrião, Xi Jingping, foram anunciadas as presenças dos presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, que esteve ausente nas duas edições anteriores, e da Rússia, Vladimir Putin. Também comparecerão o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, além dos mandatários dos três países latino-americanos do grupo, Michele Bachelet (Chile), Enrique Peña Nieto (México) e Ollanta Humala (Peru).

Após dois anos de conflitos territoriais, os líderes de China e Japão têm prevista uma reunião bilateral em Pequim, segundo a imprensa. Os chefes da diplomacia de Estados Unidos e Rússia também devem se reunir, mas o encontro entre Putin e Obama ainda não está confirmado.

A decisão de Peña Nieto de anular a licitação outorgada a uma companhia chinesa para a construção de um trem de alta velocidade pode não ser bem vista em Pequim. O presidente mexicano resolveu voltar atrás em meio a uma crise gerada pelo desaparecimento de 43 estudantes, mas também fará uma visita de Estado ao governo chinês após a cúpula.

Diferentes propostas

O comércio é a principal razão de ser da Apec, motor da economia mundial que responde por quase a metade do comércio mundial, embora os acordos entre os países-membros não sejam vinculantes. Mas, por serem heterogêneos, seus membros não olham em uma única direção.

Os Estados Unidos insiste na conclusão do Acordo de Associação Transpacífico (TPP), que é visto pela China -que não está na negociação- como uma manobra para manter sua posição na Ásia. Doze países da Apec negociam o acordo, entre eles Chile, Peru, México, Japão e Austrália.

Por outro lado, os 10 países-membros da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) negociam o Acordo de Associação Econômica Integral Regional (RCEP) em que também participam China, Japão e Índia.

A China prefere uma zona de livre comércio para Ásia e Pacífico (FTAAP), um acordo mais amplo, englobando os dois anteriores.

Os analistas chineses, que não sabem muito bem quais são as intenções dos Estados Unidos, consideram o TPP uma manobra para afastar o projeto de FTAAP de Pequim, já que "sua realização diminuiria inevitavelmente o impacto do TPP.

"Queremos evitar que o clube dos ricos do TPP vá em uma direção e que o RCEP em outra", declarou recentemente à AFP Alan Bollard, diretor-executivo da Apec e ex-presidente do banco central de Nova Zelândia. "Queremos que os dois convirjam".

A reunião da APEC, é o primeiro de vários encontros internacionais que serão realizados nos próximos dias, com a Asean na Birmânia e o G20 na Austrália.

Blindagem

A capital chinesa se blindou para receber seus convidados e evitar qualquer protesto dos defensores de direitos humanos ou de estudantes pró-democracia de Hong Kong.

O governo comunista chinês redobrou as restrições por causa da Apec.

"As restrições à minha prisão domiciliar durante a a Apec são piores do que quando eu estava no presídio. Ali, pleo menos, eu tinha direito de ver a minha família e meus entes queridos", declarou à AFP Hu Jia, um crítico do governo.

A Casa Branca manifestou na quinta-feira a sua "profunda preocupação pela deterioração" da situação dos direitos humanos na China.

A Anistia Internacional pediu nesta sexta-feira aos líderes da Apec que pressionem a China para libertar aos 76 detidos das manifestações pró-democracia em Hong Kong.

As autoridades também agiram para tornar o ar, habitualmente contaminado, da capital chinesa mais respirável. Para isso, houve uma limitação do tráfego, o fechamento temporário de mais de 2.000 fábricas e até proibição de queimar a roupa dos mortos, um costume ancestral no país. Com essas medidas, é possível ver o céu azul na paisagem da capital, o que rendeu piadas entre os internautas, que se referem ao céu como "azul APEC".

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Pequim - Os 21 países da Cooperação Econômica Ásia -Pacífico (Apec), que representam mais de 60% do PIB do planeta, se reúnem em Pequim divididos sobre acordos comerciais em meio à preocupação pela saúde da economia mundial e das tensões territoriais.

A China , que aspira a tradicional liderança dos Estados Unidos na região, é a anfitriã do Foro Econômico Ásia Pacífico, que começou nesta sexta-feira com encontros ministeriais prévios à cúpula de chefes de Estado, que acontecerá na segunda e na terça-feira.

Além do anfitrião, Xi Jingping, foram anunciadas as presenças dos presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, que esteve ausente nas duas edições anteriores, e da Rússia, Vladimir Putin. Também comparecerão o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, além dos mandatários dos três países latino-americanos do grupo, Michele Bachelet (Chile), Enrique Peña Nieto (México) e Ollanta Humala (Peru).

Após dois anos de conflitos territoriais, os líderes de China e Japão têm prevista uma reunião bilateral em Pequim, segundo a imprensa. Os chefes da diplomacia de Estados Unidos e Rússia também devem se reunir, mas o encontro entre Putin e Obama ainda não está confirmado.

A decisão de Peña Nieto de anular a licitação outorgada a uma companhia chinesa para a construção de um trem de alta velocidade pode não ser bem vista em Pequim. O presidente mexicano resolveu voltar atrás em meio a uma crise gerada pelo desaparecimento de 43 estudantes, mas também fará uma visita de Estado ao governo chinês após a cúpula.

Diferentes propostas

O comércio é a principal razão de ser da Apec, motor da economia mundial que responde por quase a metade do comércio mundial, embora os acordos entre os países-membros não sejam vinculantes. Mas, por serem heterogêneos, seus membros não olham em uma única direção.

Os Estados Unidos insiste na conclusão do Acordo de Associação Transpacífico (TPP), que é visto pela China -que não está na negociação- como uma manobra para manter sua posição na Ásia. Doze países da Apec negociam o acordo, entre eles Chile, Peru, México, Japão e Austrália.

Por outro lado, os 10 países-membros da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) negociam o Acordo de Associação Econômica Integral Regional (RCEP) em que também participam China, Japão e Índia.

A China prefere uma zona de livre comércio para Ásia e Pacífico (FTAAP), um acordo mais amplo, englobando os dois anteriores.

Os analistas chineses, que não sabem muito bem quais são as intenções dos Estados Unidos, consideram o TPP uma manobra para afastar o projeto de FTAAP de Pequim, já que "sua realização diminuiria inevitavelmente o impacto do TPP.

"Queremos evitar que o clube dos ricos do TPP vá em uma direção e que o RCEP em outra", declarou recentemente à AFP Alan Bollard, diretor-executivo da Apec e ex-presidente do banco central de Nova Zelândia. "Queremos que os dois convirjam".

A reunião da APEC, é o primeiro de vários encontros internacionais que serão realizados nos próximos dias, com a Asean na Birmânia e o G20 na Austrália.

Blindagem

A capital chinesa se blindou para receber seus convidados e evitar qualquer protesto dos defensores de direitos humanos ou de estudantes pró-democracia de Hong Kong.

O governo comunista chinês redobrou as restrições por causa da Apec.

"As restrições à minha prisão domiciliar durante a a Apec são piores do que quando eu estava no presídio. Ali, pleo menos, eu tinha direito de ver a minha família e meus entes queridos", declarou à AFP Hu Jia, um crítico do governo.

A Casa Branca manifestou na quinta-feira a sua "profunda preocupação pela deterioração" da situação dos direitos humanos na China.

A Anistia Internacional pediu nesta sexta-feira aos líderes da Apec que pressionem a China para libertar aos 76 detidos das manifestações pró-democracia em Hong Kong.

As autoridades também agiram para tornar o ar, habitualmente contaminado, da capital chinesa mais respirável. Para isso, houve uma limitação do tráfego, o fechamento temporário de mais de 2.000 fábricas e até proibição de queimar a roupa dos mortos, um costume ancestral no país. Com essas medidas, é possível ver o céu azul na paisagem da capital, o que rendeu piadas entre os internautas, que se referem ao céu como "azul APEC".

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