Economia

Com relatório esvaziado, Previdência deverá economizar R$ 800 bilhões

Rodrigo Maia quer aprovar o texto na comissão até o dia 25 de junho para tentar votá-lo no plenário da Casa na primeira semana de julho

SAMUEL MOREIRA:  os estados e municípios serão excluídos da proposta de reforma / REUTERS/Adriano Machado

SAMUEL MOREIRA: os estados e municípios serão excluídos da proposta de reforma / REUTERS/Adriano Machado

DR

Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2019 às 06h30.

Última atualização em 13 de junho de 2019 às 09h07.

Enfim a tramitação da reforma da Previdência segue seu caminho na Câmara dos Deputados. O relator da comissão especial para o tema, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) apresenta seu relatório nesta quinta-feira, 13, apesar de a oposição ter tentado adiar a leitura. Segundo indicou o deputado, a nova versão da proposta deve economizar um valor entre 800 e 850 bilhões de reais em dez anos, abaixo da meta de economia de 1,2 trilhão de reais estipulada pelo governo com o texto original.

Na véspera da leitura de seu parecer, após uma reunião dos líderes da Câmara, Moreira divulgou que os estados e municípios serão excluídos da proposta de reforma. Como está, a reforma não inclui uma emenda com efeito automático para os funcionários estaduais e municipais. Os governadores e prefeitos terão, dessa forma, que aprovar as mudanças previdenciárias em suas assembleias locais.

“O relatório virá sem os governadores e se apresenta uma emenda reincluindo”, afirmou na tarde de ontem Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara. A ideia dos líderes é forçar os governadores e prefeitos a arcarem com o custo político de apoiar uma reforma impopular. A batalha agora é buscar 308 votos dos deputados para a aprovação, no plenário da Casa, de uma emenda que os insira novamente no texto. “Nós queremos incluir, mas é uma questão política”, afirma Maia.

Os governadores desejam ser incluídos para poderem usar a verba economizada com a Previdência em outras áreas, como saúde e educação. Hoje, o déficit previdenciário dos estados é de aproximadamente 90 bilhões de reais por ano. Só nos primeiros quatro meses de 2018, já passou de 20 bilhões, com alta de 15% sobre 2018. De acordo com o Ministério da Economia, a proposta apresentada pelo presidente Jair Bolsonaro traria uma economia de 350 bilhões de reais, em dez anos, aos estados, e de 170 bilhões para os municípios.

Maia também indicou que o sistema de capitalização, em que o funcionário economizaria o valor de sua aposentadoria, deve ser retirado por Moreira do relatório, mas que será discutido novamente com o ministro da Economia Paulo Guedes e poderá voltar a ser incluído. As mudanças no Benefício de Prestação Continuada, que foram criticadas amplamente desde a apresentação do projeto, também devem ser excluídas do texto, junto com as alterações no formato da aposentadoria rural.

Moreira analisou também mudanças pedidas no tempo de contribuição das mulheres. A proposta do governo prevê a existência somente de aposentadoria por idade, com idade mínima de 62 anos para mulheres e de 65 para homens, com tempo mínimo de contribuição de 20 anos. Uma das alterações sugeridas foi a de que mulheres possam contribuir somente 15 anos, para compensá-las pela jornada extra doméstica, que não é computada. É outro ponto de atenção para hoje.

Depois da apresentação do relatório, o objetivo do presidente da Câmara é aprová-lo na comissão até o dia 25 de junho, para votar a reforma no plenário até a primeira semana de julho. Os integrantes da comissão estão menos otimistas e avaliam que o relatório só deve ser votado na primeira semana de julho, já que a discussão do texto pode se estender e os deputados do Nordeste se ausentam na última semana do mês por conta das festas juninas tradicionais da região.

Acompanhe tudo sobre:Câmara dos DeputadosExame HojeReforma da Previdência

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor