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Com primeira queda desde anos 70, China encara difícil retomada

Com a Covid-19 espalhada pelo mundo, país depende da frágil demanda doméstica para estimular recuperação

Chineses trabalham em linha de produção usando máscaras, em Taizhou, Jiangsu. 28 de março de 2020. (China Daily via/Reuters)

Ligia Tuon

Publicado em 17 de abril de 2020 às 11h23.

Última atualização em 17 de abril de 2020 às 14h15.

O coronavírus causou a primeira retração econômica na China em décadas . E, com a doença espalhada pelo mundo, agora o país depende da frágil demanda doméstica para estimular a recuperação.

O PIB chinês encolheu 6,8% em relação ao ano anterior, o pior desempenho desde pelo menos 1992, quando os dados oficiais do PIB trimestral começaram a ser publicados. O resultado ficou abaixo da estimativa média de queda de 6%. A economia da China não registra retração anual desde o fim da era Mao na década de 1970.

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As vendas no varejo caíram 15,8% em março, sob o impacto da cautela de consumidores, enquanto o investimento diminuiu 16,1% nos três primeiros meses do ano. Um dado mais positivo foi a queda menor do que o esperado em março da produção industrial, de 1,1%, já que as fábricas retomaram as atividades após a flexibilização das medidas de confinamento.

Tanto o varejo quanto a produção fabril mostraram melhora em relação à mínima nos primeiros dois meses, o que sugere uma estabilização da atividade econômica.

Economia da China tem colapso histórico (Divulgação/Bloomberg)

“Esperamos que essa recuperação continue”, disse Louis Kuijs, chefe de economia da Ásia na Oxford Economics Hong Kong Ltd. “No entanto, a recuperação será desacelerada pela persistente fragilidade do consumo e pela queda da demanda externa.”

Para amortecer o impacto econômico, a China lançou uma série de medidas e aumentou o suporte fiscal e monetário, embora não na mesma escala de outros países.

Uma reunião do Politburo do Partido Comunista nos próximos dias pode dar mais sinais quanto à direção das políticas de apoio.

Embora as exportações tenham caído menos do que o esperado em março, com a retomada gradual da capacidade de produção, economistas alertam para obstáculos à frente diante da paralisação econômica em outros países e menor demanda externa.

“A maioria das grandes economias ainda está na fase de confinamento”, disse Robin Xing, economista-chefe para China no Morgan Stanley Asia, em entrevista à Bloomberg TV. “Como resultado, o crescimento no segundo trimestre será superficial, apenas um pouco acima de zero.”

Do lado positivo, a taxa de desemprego segundo pesquisas caiu em março, para 5,9%, em relação ao recorde de 6,2% de fevereiro. Isso sugere que a China tem evitado o tipo de destruição do emprego visto nos EUA, onde mais de 5 milhões de pessoas solicitaram seguro-desemprego na semana passada, elevando o total no mês desde que a pandemia passou a afetar a economia para 22 milhões de pessoas.

(Com a colaboração de Tomoko Sato, Yinan Zhao e Miao Han).

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