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Com novo corte de um ponto percentual, Selic vai de 9,25% a 8,25%

Decisão já era esperada. Comunicado fala em “redução moderada na magnitude de flexibilização monetária” e “encerramento gradual do ciclo”

Ilan Goldfajn durante a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

João Pedro Caleiro

Publicado em 6 de setembro de 2017 às 18h00.

Última atualização em 6 de setembro de 2017 às 18h44.

São Paulo - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou na tarde desta quarta-feira (06) um corte de 1 ponto percentual na Selic , que foi de 9,25% para 8,25%.

Foi o oitavo corte consecutivo da taxa de juros e o quarto no ritmo de um ponto percentual. Ainda assim, continuamos no terceiro lugar mundial no ranking de juros reais.

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A decisão foi por unanimidade e sem viés e já era esperada pelo mercado, de acordo com o último Boletim Focus.

A perspectiva de que havia espaço para um novo corte neste patamar foi reforçada após o IBGE divulgar na manhã desta quarta-feira os números da inflação brasileira em agosto.

A taxa acumulada nos 8 primeiros meses do ano ficou em 1,62%, menor registro para o período desde a implementação do Plano Real em 1994.

"O comportamento da inflação permanece bastante favorável, com diversas medidas de inflação subjacente em níveis baixos, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária", diz o comunicado do Copom.

Quando ele aumenta os juros, encarece o crédito e estimula a poupança, o que faz com que a demanda seja contida e faça menos pressão sobre a atividade e os preços. Cortar os juros causa o efeito contrário.

A taxa está próxima da sua baixa histórica de 7,25% em 2012, mas na época ela ficou neste patamar por um curto período, já que não refletia os fundamentos mais amplos da economia.

A ata do Copom será divulgada na próxima terça-feira, dia 12 de setembro, e a próxima reunião está marcada para os dias 24 e 25 de outubro.

O mercado trabalha com a perspectiva de um corte de 0,50 ponto percentual no próximo encontro e 0,25 p.p na última reunião, em dezembro.

O comunicado de hoje fala em "redução moderada na magnitude de flexibilização monetária" e "encerramento gradual do ciclo".

Também cita como riscos para o cenário: uma inflação muito abaixo do esperado, de um lado, ou"frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários", de outro.

Veja o texto completo:

"O Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic em um ponto percentual, para 8,25% a.a., sem viés.

A atualização do cenário básico do Copom pode ser descrita com as seguintes observações:

O conjunto dos indicadores de atividade econômica divulgados desde a última reunião do Copom mostra sinais compatíveis com a recuperação gradual da economia brasileira;

O cenário externo tem se mostrado favorável, na medida em que a atividade econômica global vem se recuperando sem pressionar as condições financeiras nas economias avançadas. Isso contribui para manter o apetite ao risco em relação a economias emergentes;

O comportamento da inflação permanece bastante favorável, com diversas medidas de inflação subjacente em níveis baixos, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária;

As expectativas de inflação apuradas pela pesquisa Focus subiram para em torno de 3,4% para 2017 e mantiveram-se em torno de 4,2% para 2018, 4,25% para 2019 e 4,00% para 2020; e

No cenário com trajetórias para as taxas de juros e câmbio extraídas da pesquisa Focus, as projeções do Copom recuaram para em torno de 3,3% para 2017 e elevaram-se para aproximadamente 4,4% para 2018. Esse cenário supõe trajetória de juros que encerra 2017 em 7,25%, cai para 7,0% no início de 2018 e eleva-se para 7,5% ao final do ano.

O Comitê ressalta que seu cenário básico para a inflação envolve fatores de risco em ambas as direções. Por um lado, a combinação de (i) possíveis efeitos secundários do contínuo choque favorável nos preços de alimentos e da inflação de bens industriais em níveis correntes baixos e da (ii) possível propagação, por mecanismos inerciais, do nível baixo de inflação corrente, inclusive dos componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, pode produzir trajetória de inflação prospectiva abaixo do esperado. Por outro lado, (iii) uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária.  Esse risco se intensifica no caso de (iv) reversão do corrente cenário externo favorável para economias emergentes.

Considerando o cenário básico, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, pela redução da taxa básica de juros em um ponto percentual, para 8,25% a.a., sem viés. O Comitê entende que a convergência da inflação para a meta de 4,5% no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui o ano-calendário de 2018, é compatível com o processo de flexibilização monetária.

O Comitê entende que a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural.

O Comitê enfatiza que o processo de reformas, como as recentes aprovações de medidas na área creditícia, e de ajustes necessários na economia brasileira contribui para a queda da sua taxa de juros estrutural.  As estimativas dessa taxa serão continuamente reavaliadas pelo Comitê.

O Copom ressalta que as condições econômicas permitiram a manutenção do ritmo de flexibilização monetária nesta reunião. Para a próxima reunião, caso o cenário básico evolua conforme esperado, e em razão do estágio do ciclo de flexibilização, o Comitê vê, neste momento, como adequada uma redução moderada na magnitude de flexibilização monetária. Além disso, nessas mesmas condições, o Comitê antevê encerramento gradual do ciclo. Não obstante as perspectivas acima, o Copom ressalta que o processo de flexibilização continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Ilan Goldfajn (Presidente), Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Viana de Carvalho, Isaac Sidney Menezes Ferreira, Luiz Edson Feltrim, Otávio Ribeiro Damaso, Reinaldo Le Grazie, Sidnei Corrêa Marques e Tiago Couto Berriel."

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