Economia

CNI quer política fiscal mais ativa contra inflação

Elevação de 0,5% dos juros está dentro das expectativas, afirmou a Confederação Nacional da Indústria (CNI)


	Trabalhador da indústria: de acordo com CNI, mesmo com retração da inflação, a evolução dos preços exige um acompanhamento muito atento da política econômica
 (Getty Images)

Trabalhador da indústria: de acordo com CNI, mesmo com retração da inflação, a evolução dos preços exige um acompanhamento muito atento da política econômica (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2013 às 23h12.

Brasília - A elevação de 0,5 ponto porcentual dos juros anunciada na noite desta quarta-feira, 9, pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) está dentro das expectativas, afirmou a Confederação Nacional da Indústria (CNI). A taxa básica de juros da economia subiu de 9% para 9,5% ao ano. Mas a CNI adverte que, diante deste novo cenário, "a política fiscal deve ter papel mais ativo no combate à inflação".

De acordo com a CNI, mesmo com a retração da inflação no acumulado em 12 meses, a evolução dos preços exige um acompanhamento muito atento da política econômica. Na análise da confederação, a desaceleração atual dos preços tem características, basicamente, de curto prazo, sem sinais de manutenção duradoura. "Por isso, é preciso manter o alerta para o comportamento dos preços em 2014", cita a CNI, em nota.

Segundo a entidade, um fato relevante é a discrepância de tendência entre os preços monitorados e livres. Sem a contribuição dos monitorados, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) dificilmente terminaria 2013 dentro do limite superior da meta de 6,5%, cita a entidade. "É importante ressaltar que esse expediente será bastante limitado em 2014, com a reversão das reduções praticadas em 2013", menciona a nota. "Nesse sentido, é necessário que a política fiscal tenha um papel mais ativo no combate à inflação daqui para a frente. O maior controle dos gastos públicos reduzirá a necessidade de atuação da política monetária e imporá menores custos ao setor produtivo", cita a CNI.

Fiesp

O novo aumento anunciado pelo Copom atrapalha a recuperação da economia brasileira, conforme o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. Na análise de Skaf, "é hora de baixar juros e aumentar o investimento público direto e em concessões". Ele também afirmou acreditar que a decisão de elevar a Selic a 9,5% ao ano neutraliza o efeito positivo da desvalorização cambial para o setor produtivo. "O estímulo à produção nacional dado pela desvalorização cambial será anulado pelo aumento da taxa de juros", critica, destacando que a atual taxa de câmbio prejudica menos a produção nacional.

Firjan

Já a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) avalia que o Copom já deveria ter encerrado o ciclo de alta da Selic. Na avaliação da Firjan, desde a última reunião do Copom, houve mudanças significativas no cenário econômico global. "A perspectiva a respeito do fim do programa de expansão monetária Fed (Federal Reserve, o BC dos Estados Unidos) já não é mais tão iminente, especialmente diante do impasse quanto à aprovação do orçamento americano, que paralisou grande parte dos serviços públicos daquele país e tende influenciar negativamente a retomada da atividade econômica", cita a Firjan, em nota.

Diante de tal cenário, a Firjan argumenta que a cotação da moeda americana recuou significativamente, reduzindo o impacto da desvalorização do real sobre os preços domésticos. "Além disso, o resultado do IPCA de agosto, divulgado hoje, indicou o início de um movimento de desaceleração da inflação nos próximos meses", cita a federação das indústrias fluminenses, em nota. "Nesse contexto, o Sistema Firjan entende que a decisão do Copom de aumentar pela quinta vez consecutiva a taxa Selic foi equivocada e defende o fim do ciclo de aperto monetário na próxima reunião do colegiado", conclui a Firjan.

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