Economia

Citi: Brasil deve ser o país com maior corte na taxa de juros em 2026

Segundo economista do banco, o movimento acontece porque o país elevou a taxa enquanto outras economias globais reduziam os juros

Banco Central: Citi prevê o início do ciclo de cortes da Selic já em janeiro (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Banco Central: Citi prevê o início do ciclo de cortes da Selic já em janeiro (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 9 de dezembro de 2025 às 15h51.

O Brasil deve liderar os cortes de juros no mundo em 2026, segundo avaliação de Leonardo Porto, economista-chefe do banco Citi Brasil. A projeção foi apresentada durante o evento “Macro em Perspectiva”, realizado nesta terça-feira, 9, em São Paulo.

Segundo o economista, o movimento se explica, em parte, porque o país elevou a taxa básica em um momento em que grande parte das economias globais reduzia juros.

"Pouquíssimos países vão apresentar corte de taxa de juros e o Brasil certamente é o que vai mais cortar taxa de juros no mundo. Uma das razões é porque, neste ano, o Brasil foi um país que subiu a taxa de juros desde o final do ano passado, enquanto o resto do mundo estava em um ciclo de corte de taxa de juros", disse Porto.

Desempenho da economia global supera expectativas

O economista afirmou ainda que 2025 surpreendeu pela resiliência da economia global. O Citi projeta crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial de 2,8% em 2025 e de 2,7% em 2026, números acima do que se estimava há um ano. Segundo ele, os Estados Unidos e a China foram os principais motores desse desempenho.

Um dos fatores que ajudam a explicar essa força é a diferença de desempenho entre os setores. Globalmente, os serviços vêm crescendo de forma consistente acima da indústria. Como o setor de serviços é intensivo em mão de obra, a expansão eleva a demanda por trabalhadores, aquece o mercado de trabalho e impulsiona a renda.

Esse mesmo fenômeno contribui para explicar a resiliência da economia brasileira, que segue crescendo mesmo após um período prolongado de juros elevados. "É comum falar que a resiliência da economia brasileira é por conta do fiscal. O fiscal é uma explicação, mas não é suficiente, porque a gente está vendo no mundo também", disse o economista.

Impactos das tarifas

Sobre os impactos das tarifas impostas pelos Estados Unidos no último ano, Porto disse que houve alguma pressão inflacionária, mas com efeito limitado. Diante desse cenário, o Citi avalia que o Federal Reserve (Fed) deve iniciar os cortes de juros até março de 2026.

No Brasil, o economista afirmou que o cenário inflacionário vem melhorando de forma “inequívoca”, como mostram diferentes indicadores, entre eles a ancoragem das expectativas do mercado. O Citi prevê o início do ciclo de cortes da Selic já em janeiro.

Ele destacou ainda o comportamento da inflação de serviços, considerada sensível ao mercado de trabalho, que parece ter deixado para trás a tendência de alta e agora opera com maior estabilidade. "O patamar da inflação de serviços ainda é bem elevado, 6%, incompatível com a meta de 3% do Banco Central, mas a trajetória ascendente parece ter se estabilizado", disse.

Bolha no setor de IA?

O chefe de mercados globais do banco Citi, Eduardo Miszputen, comentou os receios de uma possível bolha no setor de tecnologia, especialmente nas empresas ligadas à inteligência artificial.

Segundo ele, os preços seguem subindo, e o “P/E ratio” (indicador que relaciona o preço da ação ao lucro da empresa) está acima do que muitos analistas consideram razoável.

"Os ativos continuam se valorizando. Alguns analistas acham que estão esticados. Poderia ter algum tipo de ajuste de preço, mas acho que é difícil dizer. Acho que existe uma preocupação, sim, mas é difícil dizer que isso é algo que poderia ser emergente ou acontecer em 2026", afirmou Miszputen.

Bolsa brasileira aos 200 mil?

Sobre o mercado acionário brasileiro, Miszputen lembrou que a Bolsa de Valores registrou forte valorização ao longo de 2025 e ainda é considerada barata quando se observa a precificação individual das empresas. Para o Citi, há espaço para um crescimento adicional do mercado.

"Ela pode chegar a 180 mil, a 200 mil? Sim, pode chegar. É difícil ter uma previsão exata. Obviamente isso depende muito do ambiente macro, dos riscos da eleição, dos cenários que os investidores locais e internacionais colocam na mesa para olhar esse ativo como prioridade", disse o especialista.

Miszputen acrescentou que a baixa participação do investidor local na bolsa segue como um tema relevante e que isso não deve mudar de forma decisiva em 2026. Segundo ele, a atratividade da renda fixa e do crédito continua elevada enquanto a taxa de juros permanecer alta.

*Com informações do Globo

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