Economia

Cinquentões invadem o mercado de trabalho e aliviam previdência

Especialistas enumeram pontos positivos da participação cada vez maior de pessoas acima de 50 anos nas empresas e nas contas públicas

Para especialistas, cinquentões no mercado não tiram oportunidade dos profissionais mais jovens (.)

Para especialistas, cinquentões no mercado não tiram oportunidade dos profissionais mais jovens (.)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de julho de 2010 às 16h35.

Brasília - A presença maciça de cinqüentões no mercado de trabalho é uma tendência natural e não deve preocupar as novas gerações, segundo especialistas ouvidos pelo site EXAME. Os dados da última Pesquisa Mensal do Emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontaram que, em junho, brasileiros com 50 anos ou mais já correspondem a 29,4% da população ativa em seis grandes cidades brasileiras (Recife, Salvador, São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Porto Alegre).

Nos próximos 30 anos, esse cenário tende a ficar ainda mais claro. Levantamento World Population Prospects: The 2008 Revision, realizado pela Organização das Nações Unidas, mostra que a população de adultos com mais de 50 anos deve dobrar no período.

O ritmo de entrada de jovens no mercado de trabalho tem diminuído, pois a população brasileira parou de crescer e adultos com 50 anos ou mais têm conseguido conquistar seu espaço no mercado, avalia diretor adjunto do Centro de Estudos Sindicais de Economia do Trabalho (Cesit) da Unicamp, Anselmo Luis dos Santos.
 
Experiência, maior grau de escolaridade e mais qualificação profissional são alguns dos motivos que fazem com que o mercado de trabalho abra as portas para os trabalhadores acima de 50 anos, explica Anselmo. Mas, mesmo com a população ficando mais velha nas próximas décadas, o professor acredita que os profissionais mais jovens não perderão a vez.  "Com o forte dinamismo econômico e a expectativa do crescimento, a tendência é que sobre para todo mundo", acredita.

Para Anselmo, as oportunidades de emprego devem crescer nos próximos anos, "com a condição que a economia do país cresça, em média, 5% por ano." Segundo ele, o grupo com mais de 50 na ativa ajuda a aliviar as contas da previdência. "Mais gente empregada aumenta a arrecadação, a contribuição na Previdência Social e no Fundo de Garantia, e o governo pode usar os recursos para os investimentos públicos", afirma.


Vagas para todos

Débora Barém, professora de Administração da Universidade de Brasília (UnB), especialista em recursos humanos, reitera que o mercado de trabalho está aberto para os mais jovens e para quem tem experiência. "São perfis diferentes de profissionais. A impaciência dos jovens junto com a maturidade dos mais velhos abrem possibilidades de cooperação muito grande, que podem contribuir com as empresas. E elas já estão percebendo isso".

Segundo a professora, os números do IBGE confirmam uma tendência que especialistas já previam há alguns anos. "O mercado está superando o preconceito e hoje o indivíduo que se aposenta com 50 ou 60 anos ainda tem 30 ou 40 anos de sobrevida. Com certeza estamos vendo crescimento da mão de obra acima de 50 e nos próximos anos isso vai aumentar ainda mais".

A especialista diz que a tendência é que, daqui para frente, os profissionais planejem suas carreiras em dois turnos. "Uma profissão onde você fica até os 60 anos, se aposenta de acordo com a legislação e nas décadas seguintes, esse profissional mais maduro deve procurar outras atividades. Não tem mais como chegar aos 50 e dizer 'pronto, acabou, não trabalho mais", analisa a professora. Segundo ela, as atividades mais procuradas estarão ligadas ao princípio de solidariedade. "Utilizar o conhecimento e as habilidade para trabalhar em ONG", exemplifica. Débora destaca que não é voluntariado "é trabalho mesmo, tendo que cumprir expediente todo dia, mas com uma idéia solidária por trás", conclui.


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