Economia

Cidades serão grande desafio do Brasil na sustentabilidade

"Corremos o risco de conseguir sustentabilidade na agricultura e ter uma grande dificuldade com a estrutura de cidades como o Rio ou SP", diz secretário


	Rio de Janeiro: Rio também sofre com um déficit de 860 mil árvores, com arborização deficiente ou criticamente deficiente em 93% dos bairros, acrescentou secretário (Rodrigo Soldon/Wikimedia Commons)

Rio de Janeiro: Rio também sofre com um déficit de 860 mil árvores, com arborização deficiente ou criticamente deficiente em 93% dos bairros, acrescentou secretário (Rodrigo Soldon/Wikimedia Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de janeiro de 2014 às 19h06.

Rio de Janeiro – O maior desafio do Brasil na área da sustentabilidade envolve a adequação das grandes cidades, disse hoje (24) o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, Carlos Nobre, que participou de encontro da Rede Global de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.

Nesta quinta-feira, a Rede Global fez a segunda discussão sobre o Rio de Janeiro, que, junto com Nova York, Estocolmo, Bangalore, na Índia, e Accra, em Gana, é objeto de estudo de especialistas de diversas áreas, que buscam soluções de sustentabilidade para cidades com diferentes características.

"A parte mais difícil para o Brasil se tornar uma potência ambiental é a questão da cidade. Corremos o risco de conseguir sustentabilidade na agricultura e em outros setores e ter uma grande dificuldade com a estrutura de cidades como o Rio ou São Paulo", ressaltou Nobre.

Para ele, as cidades serão um desafio também no que diz respeito ao impacto das mudanças climáticas.

O encontro foi na sede da Fundação Brasileira para Desenvolvimento Sustentável e tratou da capacidade das cidades de resistirem a desastres futuros que possam ser intensificados pelas mudanças no clima, de oportunidades econômicas e da biodiversidade, considerada uma vantagem do Rio.

O professor Paulo Gusmão, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, destacou a necessidade de investimentos estruturantes, que têm sido feitos na região metropolitana, como os polos industriais de Itaguaí e Itaboraí.


Como 10,3% do território da capital, essas áreas têm menos de 10 metros de altitude e podem ser mais sujeitas a inundações, com chuvas mais fortes ou níveis mais altos dos mares. Bairros das zonas oeste e norte, às margens das baías de Guanabara e de Sepetiba, e as lagoas da Barra da Tijuca também poderiam ser afetados ao menos em um cenário crítico, disse ele.

De acordo com Gusmão, as cidades da região metropolitana são díspares quando o assunto é a base de dados, e alguns municípios sofrem com a falta de servidores especializados que permaneçam nos postos para dar continuidade às políticas públicas: "A municipalidade precisa de equipes permanentes, e não de profissionais de passagem", afirmou.

Membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), da Organização das Nações Unidas, Fábio Scarano disse que, quanto à biodiversidade, a região metropolitana está bem posicionada, por já ter 16% do território protegido em reservas ambientais, enquanto a meta global é atingir 17% até 2020.

Apesar disso, o principal rio fornecedor de água para a capital, o Guandu, requer 300 toneladas de produtos químicos por dia para ser tratado, devido à poluição e a falta de arborização das margens, alertou.

O Guandu é responsável por 80% do abastecimento do Rio de Janeiro e recebe águas já contaminadas do Paraíba do Sul, problema cuja solução, segundo Sacarano, precisaria de uma articulação com São Paulo.

O Rio também sofre com um déficit de 860 mil árvores, com arborização deficiente ou criticamente deficiente em 93% dos bairros, acrescentou.


Sobre a economia, o diretor da Bradesco Asset Management, Joaquim Levy, disse que a cidade precisa aproveitar o momento, não deixar que ele passe, para evitar novas distorções. "O Rio está passando por um novo ciclo de investimentos, como aqueles que a cidade só viveu de 50 em 50 anos.

O primeiro foi com a vinda da família real portuguesa [1808] e o último no governo de Carlos Lacerda, na década de 60 [do século passado]". Para Levy, três setores têm potencial para aprimorar a cidade e contribuir para a sustentabilidade: a indústria criativa, a da hospitalidade e da tecnologia.

Para a pesquisadora norte-americana Cynthia Rosenzweig, do Nasa Goddard Institute for Space Studies, o futuro reserva um papel de liderança às metrópoles.

"As cidades devem liderar a busca por sustentabilidade. Elas se conectam em vários fluxos, mas o que pode ser feito para que assumam essa posição? É preciso criar um sistema que ajude as cidades como um todo, com mais financiamento à pesquisa e soluções implementáveis", afirmou.

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasMetrópoles globaisRio de Janeirosao-pauloSustentabilidade

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor