Chocolate deixa de ser à prova de recessão na Europa
O valor do mercado de chocolate na Europa Ocidental em 2012 vai cair para cerca de 30 bilhões de dólares, estima estudo
Da Redação
Publicado em 5 de outubro de 2012 às 23h49.
Londres - A crise econômica da Europa está reduzindo a demanda por chocolate , o prazer acessível que se acreditava ser à prova de recessão.
"Durante a primeira parte da crise, nós pensávamos que o chocolate seria à prova de recessão, e então nós dissemos que seria resistente à recessão, e agora eu acho que as pessoas estão simplesmente ficando para baixo", disse Marcia Mogelonsky, analista global de alimentos e bebidas da Mintel.
"Eu não vi esse tanto de desaceleração no mercado no período que venho acompanhando." A empresa pesquisadora do mercado Mintel informou que, enquanto o valor do mercado global de chocolate terá mudado pouco no ano em 84,5 bilhões de dólares em 2012, o valor de mercado do chocolate na Europa Ocidental deverá cair em cerca de 5 por cento.
"O chocolate geralmente se comporta melhor do que a média dos bens de consumo rápido porque o chocolate é o arquétipo da indulgência barata, então é a última coisa que as pessoas deixam de lado", disse Jean-Jacques Vandenheede, diretor europeu para pesquisas de varejo da empresa de pesquisa Nielsen.
A empresa registrou sua primeira queda em volume para o setor de bens de consumo rápido --composto de itens de baixo valor que vendem rapidamente-- no segundo trimestre de 2012 desde que começou a monitorá-lo em 2007.
"Se o cenário econômico continuar tão sombrio como está agora, as pessoas não vão se manifestar, vão se fechar ainda mais e gastar ainda menos em comida, até mesmo em chocolate", disse Mogelonsky.
A empresa estima que o valor do mercado de chocolate na Europa Ocidental em 2012 vai cair para cerca de 30 bilhões de dólares, de 31,7 bilhões de dólares no ano anterior.
A Europa e América do Norte são os maiores e mais maduros mercados de chocolate, o que limita o crescimento a uma extensão.
"Você tem que ter em mente que o mercado é bastante maduro então não há muito espaço para crescimento de volume -- independentemente do ambiente econômico-- na maioria dos países ocidentais europeus", disse Lee Linthicum, chefe global de pesquisa de alimentos na Euromonitor International.
Portugal e Itália terão algumas das reduções mais acentuadas no valor de mercado na Europa Ocidental em 2012. A Mintel prevê menos 11 por cento e menos 7 por cento, respectivamente.
A maior fabricante mundial de chocolate Barry Callebaut já informou que durante os primeiros nove meses de seu ano fiscal 2011/12, as vendas de dois dígitos nas Américas, Ásia e Europa Oriental ajudaram a compensar a demanda ainda fraca no sul da Europa.
Dados da Mintel mostram que os pontos positivos para o crescimento estavam em mercados emergentes da Ásia, incluindo China, Indonésia e Vietnã, mas esses países estavam começando de uma base baixa.
O valor de mercado da China deverá aumentar 16 por cento em 2012 para 4,6 bilhões de dólares, enquanto o Vietnã deve ter alta de 11 por cento para 170 milhões de dólares e a Indonésia, de 9 por cento para 1,2 bilhão de dólares, de acordo com dados da Mintel.
A desaceleração na demanda por chocolate está afetando o mercado de cacau, com os contratos futuros de cacau na Liffe caindo esta semana para o menor nível desde 25 de julho.