Repórter colaborador
Publicado em 18 de março de 2024 às 14h41.
Os preços do cacau no mercado de commodities de Nova York atingiram um novo recorde histórico de US$ 5.874 (£ 4.655) por tonelada na quinta-feira, 14. Nada que os brasileiros já não venham percebendo nas últimas semanas nos supermercados: comprar alguma lembrança para a Páscoa se tornou uma tarefa inglória.
Segundo reportagem da BBC, o custo do principal ingrediente para a fabricação do chocolate praticamente dobrou desde o início do ano passado. Na quinta-feira, um dos maiores fabricantes de chocolate do mundo, a Hershey, alertou: "Espera-se que os preços históricos do cacau limitem o crescimento dos lucros este ano".
A executiva-chefe da empresa, Michele Buck, não descartou a possibilidade de aumentar os preços para os clientes. "Considerando a situação dos preços do cacau, usaremos todas as ferramentas de nossa caixa de ferramentas, inclusive os preços, como forma de gerenciar os negócios".
Os comentários foram feitos quando a Hershey anunciou seus resultados do último trimestre de 2023. Os números mostraram que as vendas caíram 6,6%, uma vez que os consumidores afetados pela inflação reduziram seus gastos com produtos de confeitaria.
No mês passado, a Mondelez, outra gigante do setor, identificou o aumento dos custos dos ingredientes como um dos desafios que enfrentará no próximo ano.
Os preços do cacau foram impulsionados por colheitas ruins na África Ocidental, que produz a maior parte do suprimento global. O fenômeno climático El Niño tem causado um clima mais seco em Gana e na Costa do Marfim, que são os dois maiores produtores mundiais de sementes de cacau.
As temperaturas mais altas e as mudanças nos padrões de chuva causadas pelas mudanças climáticas também podem ter um impacto sobre as colheitas.
O varejo brasileiro deve alcançar um recorde de vendas na Páscoa deste ano. O volume vendido deve totalizar R$ 3,44 bilhões, o que representaria um crescimento de 4,5% em relação à mesma data do ano passado, já descontada a inflação no período, prevê a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Se confirmado, o resultado significará o quarto ano seguido de crescimento nas vendas, alcançando o maior patamar da série histórica da pesquisa, iniciada em 2005.