Economia

China prepara resposta para protecionismo de Trump

O ministro das relações exteriores afirmou que a China adotará uma resposta para a guerra comercial

Trump recebeu muitas críticas ao anunciar a intenção de impor tarifas de importação para o aço e o alumínio (Carlos Barria/Reuters)

Trump recebeu muitas críticas ao anunciar a intenção de impor tarifas de importação para o aço e o alumínio (Carlos Barria/Reuters)

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AFP

Publicado em 8 de março de 2018 às 12h00.

A China ameaça adotar duras represálias contra as ideias protecionistas do presidente americano, Donald Trump, ao mesmo tempo em que seu comércio prossegue com exportações em alta e um superávit colossal com os Estados Unidos.

A China adotará, "sem dúvida, uma resposta apropriada e necessária" diante de possíveis sanções comerciais americanas, afirmou nesta quinta-feira o ministro das Relações Exteriores, Wang Yi.

"Nesta nossa era globalizada, os que recorrem a uma guerra comercial escolhem o remédio equivocado, e não conseguirão outra coisa a não ser penalizar outros e eles mesmos", declarou Wang.

Trump recebeu muitas críticas ao redor do mundo depois que anunciou a intenção de impor tarifas de importação para o aço e para o alumínio.

A China, maior produtor mundial de aço e de alumínio, lidera um grupo de 18 membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) que protesta contra o projeto de Washington.

Em uma reunião da OMC, o representante chinês citou o risco de um "problema sistêmico" para a própria organização. As críticas foram repetidas por União Europeia (UE), Japão e Canadá.

A China fornece uma parcela mínima das importações americanas de aço e alumínio, o que significa que o país não seria fortemente afetado por estas medidas.

Mas o gigante asiático teme um efeito bola de neve, já que Washington multiplica as investigações e direitos antidumping contra Pequim em vários setores - de máquinas de lavar a painéis solares.

Superávit

Trump critica o desequilíbrio do comércio bilateral e, na quarta-feira (7), afirmou que Washington havia solicitado à China uma redução de um bilhão de dólares em seu grande superávit comercial com os Estados Unidos.

De acordo com dados de Pequim, o superávit comercial da China com os Estados Unidos registrou leve queda em fevereiro, a 21 bilhões de dólares, contra 21,9 bilhões em janeiro e 25,6 bilhões em dezembro.

Apesar do leve recuo mensal, o resultado continua sendo mais do que o dobro do registrado em fevereiro do ano passado. E, nos dois primeiros meses de 2018, foi 35% superior ao mesmo período de 2017.

No conjunto de 2017, o excedente atingiu o recorde de 275,8 bilhões de dólares, segundo Pequim (375,2 bilhões de acordo com Washington): dessa maneira, o valor de um bilhão de dólares sugerido por Trump parece uma gota no oceano.

Além do aço e do alumínio, uma escalada da tensão entre os dois países pode afegar os negócios bilaterais, adverte Betty Wang, analista da ANZ.

"Uma ação americana no âmbito da propriedade intelectual poderia complicar a situação. Talvez Pequim adote represálias contra a agricultura americana", disse.

O regime comunista já abriu uma investigação sobre o sorgo dos Estados Unidos e não descarta a mesma medida para as exportações de soja. O que está em jogo é muito importante: no ano passado, a China gastou 14 bilhões de dólares em soja americana.

As exportações da China dispararam 44,5% em fevereiro, na comparação com o mesmo mês em 2017.

O resultado foi motivado pela forte demanda dos principais sócios comerciais da China, como Estados Unidos, UE e Japão.

As importações registraram desaceleração (+6,3%, contra +36,8% em janeiro). Consequência lógica: o superávit de fevereiro foi de US$ 33,7 bilhões, contra US$ 20,5 bilhões em janeiro.

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